A palavra de Deus nos dá esperança e coragem. Ela proclama o amor e a graça de Deus.
Vi crianças, em torno de trinta e cinco, ganharem flautas. Após a cerimônia de doação umas arriscaram alguns sons, outras colocaram o instrumento de lado. Umas demonstraram coragem para aprender, e a esperança de um dia tocar fluentemente aquele instrumento. Outras não conseguiram entender completamente o presente.
Da Palavra de Deus recebemos coragem, paciência e esperança para participar do grande coral que entoa, com liberdade, a música da vida e participa da orquestra da missão de Deus.
As dádivas de Deus, seu amor e sua graça, nos impulsionam e, pela fé, nos apaixonamos pela vida revelada em Jesus Cristo.
Tudo que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as escrituras dão. (Romanos 15.4)
Até aqui tudo bem. Concordamos com o apóstolo Paulo. Mas, está faltando algo.
Coragem pressupõe desafio, dificuldades, ameaças. Paciência, por sua vez, indica que acontecerão frustrações, vontade de desistir, dúvidas e controversas. E esperança é resultado da situação fragmentada, incompleta, ainda em processo, sinais são visíveis, mas o fim ainda não chegou.
Há um vazio, as controversas são muitas. Não são poucos os que abandonam seus instrumentos.
O que está faltando é a coragem de ver no outro uma possibilidade de comunhão, de acolher o outro como irmão. Sumiu a coragem e a paciência para dar nomes aos poderes da morte instalados em nós, em nossas CASAS, em nossa comunidade e na cidade. Concluiu-se que os poderes da morte institucionalizados são imutáveis. Assim desapareceu também a esperança. Esperar o quê se há consenso de que tudo pode permanecer como está, ou que não há nada por fazer - a orquestra silenciada não voltará a tocar.
Cristo Jesus nos deu a vida. Os vivos necessitam da Palavra de Deus para nela encontrar coragem, paciência e esperança. Afinal as nossas perdas e desafios são muitos. Estamos ameaçados pela escravidão, e pela idolatria da exclusão e da morte.
Guilherme Lieven, Pastor Sinodal - Sinodo Sudeste IECLB