COPA DO MUNDO - CHEGOU A NOSSA VEZ!?

27/06/2014

Em nosso país há sentimentos contraditórios quanto à Copa do mundo. Há os que se empolgam com a seleção brasileira e torcem pelo hexa-campeonato. Por outro lado, há também pessoas que se revoltam pelos gastos com o mundial e clamam por mais saúde, transporte e educação.

Vi uma criança em sua inocência torcendo pelo Brasil. Confesso, me deixei contagiar. Compramos bandeira, apito, corneta e álbum da copa. Me permiti voltar à infância e sentir o amor à pátria pulsando no coração. Minha filha agitava a bandeira. Seus olhos cheios de ansiedade e esperança estavam fitos na televisão. Sua boca cantarolava fazendo coro com a torcida do estádio: “o campeão voltou”!

Chegou a noite e o encanto acabou. No noticiário mostravam-se protestos, saques e vandalismo. Tivemos que voltar à realidade. Que pena! Bem que eu queria ficar naquele país dos jogadores de futebol e da torcida gritando gol. Entendi que há tempo para tudo (Ec 3) e que o tempo não é simultaneamente o mesmo para todos. Sentimos o tempo de maneiras diferentes. Somos diferentes, pensamos diferente, percebemos de formas diferentes o que se passa ao nosso redor. Para uns é tempo de torcer e para outros de protestar.

Não sejamos derrotistas. Apesar dos pesares … “a vida é bela”! E este continua sendo um bom país para se viver. O tempo nos serve. Precisamos fazer uso dele e transformar para o bem a realidade à nossa volta. Para tanto, é necessário refletir, chegar a consensos. Nem ficar torcendo de forma alienada, nem deixar de torcer pela nossa seleção. Pois, o tempo coopera a nosso favor. Aliás, que tempo oportuno para torcer, torcer pela paz e lutar pela paz.

A Palavra de Deus nos incita a buscar essa paz (Is 29.7). Paz que não é apenas a ausência da violência. Mas, que é um estado aonde o completo bem estar físico, mental, emocional, espiritual e social se torna possível. E para viabilizar a paz precisamos adotar atitudes que a promovam. Trata-se do comportamento cotidiano que privilegia a gentileza, a cortesia, a ponderação, o perdão, a reconciliação, o respeito,(…). Mas, também a luta por dignidade e justiça, entre outras coisas. Pois, só haverá paz verdadeira quando os direitos básicos de cada cidadão forem plenamente observados.

Não podemos ficar entorpecidos pela euforia de uma copa do mundo no Brasil. E nem tampouco revoltados achando que todos os problemas do nosso país são conseqüência dos gastos com o mundial. O verdadeiro problema é a corrupção que tem a ver com a “ética do jeitinho”. Fundamento que baseia muitas relações entre as pessoas nas esferas pública e privada. E nem é preciso Copa do Mundo para que o “jeitinho funcione.

E vendo por esse prisma o país só irá mudar quando a cultura do “levar vantagem em tudo” der lugar para a cultura do “amor ao próximo” (Jo 13.34). Conquanto, essa transformação passa por uma mudança constituinte radical que privilegie o povo e não os políticos e os interesses dos grupos econômicos que financiam as suas campanhas.

E para nós cristãos é necessário ir além. Promover uma mudança que resgate a vida digna que Cristo quer (Jo 10.10). Uma mudança de corações e mentes (Rm 12.2). Por isso, vou torcer com a minha família pelo meu país e não somente pela seleção. Vou gritar gol com a mesma força que quero clamar por justiça. Vou agitar a bandeira pelo meu país e viver intensamente a fé no meu Deus (que não se chama futebol). Vou me permitir sentir alegria ao ver a seleção vencer e ficar triste se ela não chegar lá. Mas, igualmente vou me alegrar pelo que temos de bom no nosso país e reagir pacificamente contra tudo o que impede o meu povo de ser mais feliz. Vou orar e pedir: venha Senhor o Teu Reino” (Mt 6.10). Trabalhar e agir - vivendo a justiça pela fé (Rm 1.17). Desse modo, espero que a nossa vez - a vez do povo - chegue mais e mais a cada dia.


Autor(a): Pastor Marcos C. Sander
Âmbito: IECLB / Sinodo: Uruguai
Área: Missão / Nível: Missão - Sociedade / Subnível: Missão - Sociedade - Copa do Mundo
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 28765
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