Consolo na Esperança, Prevenção ao Suicídio

Autoria P. Ms. Alexander Busch e Pa. Adriana Kuhn Busch

20/09/2019

Consolo na Esperança, Prevenção ao Suicídio


Saudação “Diz Jesus, ‘O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira? Pois não há nada que poderá pagar para ter de volta essa vida.” (Mateus 16.26)

Cantos 223 Quando o povo se reúne e 227 Quando se abate a Esperança / Oração

Dinâmica do ovo Entregar um ovo cru para cada participante e pedir que elas cuidem do ovo enquanto realizam algumas tarefas: caminhar, jogar uma bola, dar um abraço. Ao final dialogar:
1) Como é ter que cuidar de algo assim tão frágil? 2) Será que podemos citar exemplos de outras coisas, valiosas e que estão sob nossa responsabilidade e cuidado? 3) Como vocês têm cuidado da vida que Deus lhes deu?

Reflexão
Dando continuidade ao Tema ‘As Setes Ações de Misericórdia’ e aproveitando que estamos no mês de setembro, hoje queremos destacar o verbo ‘consolar’ - consolar diante do sofrimento, aliviar diante da dor, confortar diante da morte. Especificamente queremos falar e agir diante da dor e do sofrimento de pessoas que estão pensando em tirar a própria vida. Vocês conhecem a Campanha ‘Setembro Amarelo’? Sabem com o ela surgiu?

O ‘Setembro Amarelo’ é uma campanha que existe desde 2015, que estimula o diálogo e consequentemente a prevenção do suicídio. A campanha se chama ‘Setembro Amarelo’ por causa da história de um garoto de 17 anos, Mike Emme. Mike era um garoto conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Ele inclusive restaurou um carro Mustang 68 e o pintou de amarelo. As pessoas admiravam muito o seu carro que passou a ser conhecido como ‘o Mustang do Mike’. No entanto, seus pais e familiares não perceberam os sinais que Mike dava, e o garoto acabou tirando a própria vida. No dia do sepultamento do garoto, os amigos preparam uma cesta cheia de cartões com fitas amarelas. Nos cartões estava escrito a frase: “Se precisar, peça ajuda”. Os cartões então se espalharam pelos Estados Unidos e em poucas semanas as ligações e cartas pedindo ajuda começaram a aparecer. Assim a fita amarela passou a ser símbolo para a prevenção do suicídio e da ajuda às pessoas que têm pensamentos de tirar a sua própria vida.

O suicídio é considerado um tema tabu. Não é um assunto que ganha destaque nos meios de comunicação porque a divulgação do suicídio pode se tornar um incentivo para que outras pessoas o façam (o assim chamado suicídio por imitação) e pela necessidade de proteger a família que, além do luto, teria de lidar com a cobrança e julgamento por parte da sociedade.

Na igreja esse também é um tema difícil de lidar. Inclusive, na história da igreja as pessoas que tiravam a própria vida recebiam um sepultamento diferenciado, como se a quebra do 5º mandamento (não matarás) merecesse condenação maior do que os outros mandamentos. Assim sendo, a pessoa suicida era enterrada na posição invertida aos demais túmulos ou até mesmo impedida de ser sepultada dentro do cemitério. Hoje, à luz da Palavra de Deus, a igreja mudou sua compreensão e prática.

Nas Sagradas Escrituras são poucas as referências sobre pessoas que tiram sua própria vida. Citamos como exemplo: o rei Saul, que, para evitar cair nas mãos do exército inimigo, se jogou contra sua própria espada (1Sm 31.4); o conselheiro real Aitofel que se enforcou (2Sm 17.23); e ainda Judas, discípulo de Jesus, que também tirou a própria vida (Mt 27.5). Se as referências de quem de fato praticou o ato são poucas, por outro lado, os textos bíblicos não escondem sentimentos de profunda angústia, lamento e sofrimento que as pessoas às vezes sentem, como no salmo 130, “O SENHOR Deus, eu te chamei quando estava em profundo desespero. Escuta o meu grito, ó Senhor! Ouve o meu pedido de socorro!” (Sl 130.1-2).

Texto Bíblico. Um exemplo bíblico que ganha destaque é o profeta Elias. Em 1Rs 19 temos um longo relato de uma batalha que Elias travou consigo mesmo. Eis sua história (de forma resumida):
“A rainha Jezabel mandou um mensageiro ao profeta Elias com o seguinte recado, ‘Que os deuses me matem, se até amanhã a esta hora eu não fizer com você o mesmo que você fez com os profetas do deus Baal!’. Elias ficou com medo e, para salvar a vida, fugiu . . . e foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim, “Já chega, ó SENHOR Deus! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados” (1Rs 2-4).

Comentário. Os motivos para uma pessoa querer tirar a própria vida
O suicídio é sempre um acontecimento complexo. O desejo de acabar com a própria vida não tem uma explicação fácil e até mesmo racional. Elias, profeta fiel, havia testemunhado o poder de Deus de Israel ao desmascarar o falso deus Baal. Colocados à prova, os profetas do deus Baal foram derrotados e mortos e o tempo de seca em Israel chegou ao fim (1Rs 18). A rainha Jezabel, que havia abandonado o Deus de Israel e adorava o falso deus Baal, mandou matar o profeta Elias. Elias tinha motivo para ter medo da rainha Jezabel? Elias não tinha visto o poder de Deus vencendo Baal e seus profetas? Elias tinha motivos para desejar o fim da própria vida? Talvez Elias estivesse exausto, emocionalmente esgotado, e certamente com medo. Deus, porém, continua sendo o seu Deus. Ainda assim Elias ora, “acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso”.

Você conhece pessoas em situações semelhantes? Aparentemente está tudo bem em casa e na família, o trabalho transcorre bem, é uma pessoa de fé que participa na comunidade cristã e, ainda assim a pessoa sente uma grande dor, um vazio imenso, um sofrimento que palavras são insuficientes para descrever? Ou pode até ser que existam motivos específicos para a pessoa se sentir assim, mas eles não estão visíveis na superfície. A questão é: os motivos para uma pessoa querer o fim da própria vida são complexos. A sua dor pode ter vários motivos: culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, humilhação, vítima de violência física ou verbal, entre outras. Em última análise, a pessoa que atenta contra a própria vida não quer a morte, mas quer sim o fim do seu sofrimento e da sua dor.

Texto Bíblico. “Elias se deitou debaixo da árvore e caiu no sono. De repente, um anjo tocou nele e disse, “Levante-se e coma”. Elias olhou em volta e viu perto da sua cabeça um pão assado nas pedras e uma jarra de água. Ele comeu, e bebeu, e dormiu de novo . . . a comida lhe deu força bastante para andar . . . até o Sinai, o monte sagrado. Ali ele entrou numa caverna para passar a noite, e, de repente, o SENHOR Deus lhe perguntou, “O que você está fazendo aqui, Elias?” (1Rs 19.5-10)


Comentário. Os caminhos para receber consolo e prevenir o suicídio
O profeta Elias apresentava sinais típicos de uma pessoa em depressão, querendo se isolar, dormindo em excesso e perdendo o apetite. A história de Elias continua com Deus cuidando e consolando seu profeta. Depois de se alimentar e dormir, Deus foi conversar com Elias. Neste diálogo Deus quer ouvir Elias, Deus não banaliza a dor de Elias, Deus não traz palavras de condenação e julgamento contra Elias. O texto bíblico ainda relata que Deus demonstra seu poder num vento forte, num terremoto e num fogo ardente. Finalmente, no som suave de um sussurro Deus fala e tranquiliza o coração de Elias. Consolado na esperança de que Deus continua sendo Deus, Elias se levanta e é chamado por Deus para continuar sua missão (1Rs 19.11-18)

Roda de Conversa
A história de Elias nos dá a oportunidade para falar e agir diante da dor e do sofrimento de pessoas que estão pensando em tirar a própria vida.
Quais são os sinais de alerta que uma pessoa demonstra que está querendo tirar sua própria vida? Geralmente as pessoas apresentam diversos sinais de alerta: isolamento; falta de apetite; frases que expressam baixa autoestima; frases que expressam a intenção suicida e preocupação com sua própria morte; depressão ou tristeza profunda; falta de motivação para trabalhar ou cuidar da própria saúde e aparência pessoal . . .
Quais são os caminhos para cuidar, consolar, prevenir o suicídio e promover a vida? Convivência com pessoas; buscar ajuda ou oferecer ajuda; alimentar-se mesmo sem apetite; conversar sobre sentimentos; procurar ajuda profissional; continuar acompanhando a pessoa; proteger a pessoa para que ela não tenha acesso a meios que possibilitem o suicídio (armas de fogo, pesticidas, medicamentos, cordas); identificar possíveis fontes de sofrimento e caminhos para diminuir ou findar a dor; encontrar consolo na esperança de que Deus continua sendo Deus, que nada pode nos separar do seu amor em Cristo Jesus.

Concluímos nossa reflexão, motivados/as para agir, consolados/as na esperança anunciada pelo salmo 130, “Povo de Israel, povo de Deus, ponha a sua esperança em Deus, o SENHOR, porque o seu amor é fiel, e Ele sempre está disposto a salvar” (Sl 130.7).

Canto 206 Momento Novo / Oração e Pai nosso


Autor(a): P. Ms. Alexander R. Busch e Pa. Adriana Kuhn Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Área: Missão / Nível: Missão - Acompanhamento e consolação
Área: Missão / Nível: Missão - Diaconia / Subnível: Missão - Diaconia - Saúde e alimentação
Testamento: Antigo / Livro: Reis I / Capitulo: 19
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo Bíblico
ID: 53368
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Hoje, tenho muito a fazer, portanto, hoje, vou precisar orar muito.
Martim Lutero
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