CONIC: sobre os despejos de camponeses/sas no Paraná e outros estados

20/12/2017

 

Se saio para o campo, eis os feridos pela espada;
se entro na cidade, eis as vítimas da fome;
até os profetas e sacerdotes atravessam a terra e não compreendem!
” (Is 14:18)


Foi com indignação e assombro que assistimos, durante a reunião de diretoria, realizada no dia 19 de dezembro, ao vídeo da ação de despejo realizada contra camponeses e camponesas do município de Pinhão, estado do Paraná.

O despejo das famílias é consequência do cumprimento de uma reintegração de posse em favor da empresa pertencente à família Zattar.

As imagens das pessoas tendo suas casas derrubadas por máquinas, sem ao menos conseguirem retirar seus pertences, são chocantes. Assim como chocam as imagens da destruição do Posto de Saúde e da Igreja da comunidade.

Estas ações têm sido recorrentes, assim como o assassinato de lideranças camponesas em diferentes regiões de nosso país. A chacina de Pau D’Arco é o símbolo maior, neste ano, dos impactos de um modelo agrícola baseado na concentração de terra.

Tal como o despejo de Pinhão, há despejos ocorrendo em Marabá, no Pará, e também Palma Sola, em Santa Catarina.

Estas ações não são fatos isolados. Elas são consequência do império do mercado que financeiriza a terra e não leva em consideração a vida, a história, a espiritualidade e a cultura dos povos. Diante dos interesses do mercado, a vida das pessoas é secundária e descartável.

Como Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, repudiamos a ação realizada em Pinhão. Oremos pelas famílias que foram despejadas!

Das autoridades competentes, exigimos medidas cabíveis para reverter a decisão que impede estas famílias de permanecerem em seu território.

Às igrejas locais, pedimos que mobilizem a solidariedade e que sejam voz profética.

Expressamos nosso apoio e compromisso com as demais comunidades que sofrem a pressão dos grandes grupos agrários para deixarem suas terras.

Que nesse tempo de Natal, cristãos e cristãs possam colocar-se no lugar das famílias despejadas e das que ainda podem perder suas terras. Sentir a dor do outro e solidarizar-se com a pessoa próxima, a exemplo do Bom Samaritano (Lc 10:30-37), é o que de mais próximo podemos experimentar do sentido do Natal.

Que o Deus da paz, revelado na manjedoura em Belém, rompa o gelo de nossos corações. A paz apenas será concreta se os direitos humanos forem respeitados em sua plenitude.

CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil 

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