Conduzidos por mãos amigas

Artigo

01/01/2007

O escritor uruguaio Eduardo Galeano diz no seu livroBocas do tempo: De tempo somos. Somos seus pés e suas bocas. Os pés caminham em nossos pés. Cedo ou tarde, já sabemos, os ventos do tempo apagarão as pegadas.

Inauguramos um novo ano. À luz da fé e tempo é dádiva imerecida de Deus. Será tarefa indigesta apoderar-se de um ano todo resumido num único calendário. Quando avaliamos visualmente, as folhas do calendário parecem isentas de conteúdos e sem rosto. Faz sentido localizar determinadas datas. Por exemplo, quando acontecerá a Páscoa ou o dia de Pentecostes? E o aniversário da comunidade? Em que data e mês será celebrado, em comunidade, o jubileu de ouro do grupo de confirmandos e festejada a relembrança do batismo ou da bênção matrimonial?

Escrevo esta mensagem na última semana do ano de 2006. na mídia as manchetes veiculam notícias nada animadoras. Mesclam informações da nova onda de terror, dessa vez na cidade do Rio de Janeiro, com promessas de mais segurança e paz. Entrementes, cumpriu-se o decreto que condenou à morte o ex-dirigente do Iraque. Continuam as barbáries em cidades brasileiras; presente está o caos nas rodovias e nos aeroportos do país, tudo isso aliado à desordem ambiental universo afora. Por outro lado, manifestam-se ainda alguns sinais de bons ventos; eles sopram gerados pela generosidade do Natal e do clima emocional das festas de final de ano. Permanecem os bons desejos de vida feliz no ano novo.

Sabendo desse mosaico de situações e de sentimentos, o Evangelho convida para erguer as cabeças (Lc 21.28). Jesus nos anima à reorientação dos nossos olhares. A partir do céu Deus faz soar a sua melodia e afina o gosto de uma vida melhor. É o Deus-Emanuel que firma os passos como se estivessem andando em noite escura. A nossa própria humanidade indica que o Filho de Deus não dispõe de respostas milagrosas que satisfazem todos os anseios pessoais. Aliás, antes de proclamar que seria A Resposta, Jesus afirmou que a sua missão consistia em ser O Caminho. Em direção ao ano de 2007 carregamos a esperança de que o Senhor dos tempos está ao nosso lado até os confins da terra. São esperanças alimentadas na IECLB; trata-se de expectativas presentes nas pessoas cidadãs deste país. Os pés do tempo nos levam para dentro de 2007, sob a promessa de que a Verdade nos libertará. Motivados pela presença libertadora e soberana, sobretudo graciosa de Deus, não podemos deixar de falar o que vimos e ouvimos (At 4.20). A tarefa é ecumênica. Falar de Deus é falar de Jesus Cristo, da sua história, da manjedoura e da cruz, é apontar à sua humanidade e aos seus cuidados. Se a Verdade encarnada em Cristo nos traz liberdade, é possível vivenciá-la em forma de esperança confiante e mediante serviços de amor! Na missão de Deus trilhamos o mesmo caminho. É resposta ao chamado do Evangelho para uma vida fiel e obediente à vontade de Deus. À luz da esperança que renasce, desejo neste início o ano novo do Senhor, votos de paz e de bênçãos.

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC

Diocese Informa - 01/2007


Autor(a): Manfredo Siegle
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Natureza do Texto: Artigo
ID: 8723
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Ó Senhor Deus, o teu amor chega até o céu e a tua fidelidade vai até as nuvens. A tua justiça é firme como as grandes montanhas e os teus julgamentos são profundos como o mar.
Salmo 36.5-6
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