Como você recebe as pessoas?
Quero iniciar a prédica de hoje lembrando de uma estória que tem tudo para ser verdade. Não sei onde aconteceu se aconteceu, mas diz assim:
Um homem com roupa muito simples estava ali, olhando os carros da concessionária. Ninguém ia lá atende-lo, pois, a maioria dos funcionários tinha certeza de que estava lá só para ver. Nem um oi aquele homem ganhou, talvez a calça surrada e um pouco suja não permitia a aproximação. Talvez o jeito simples não convencia ninguém sair da sua escrivaninha ou teria sido a lata velha de onde ele desceu, carro de uns 30 anos caindo aos pedaços. Talvez tudo isso e um pouco do que os funcionários tinham no seu coração.
O homem ficou ali uns minutos olhando uma camionete. Tinha realmente gostado dela. Sentava no assento do motorista. Olhava o motor, o porta-malas. Parecia aqueles meninos que ganham presente novo. Até os olhos brilhavam, mas não adiantou para nada. Nem um “bom dia” ganho sequer. Ficou ali até que a paciência chegou ao limite. Não aguentou mais e falo em alta voz: “Que tristeza, aqui está cheio de gente que quer ganhar comissão, mas ninguém me perguntou nada nem disse bom dia. Eu vou embora, vão se arrepender”. Dito isso, saiu e foi à concessionária ao lado. Lá um vendedor esperto e inteligente, que dizia bom dia até ao seu cachorro em casa, terminou ganhando a melhor comissão daquele ano. Pois, ele viu além das aparências. Ele conseguiu ver quem realmente era aquele homem: um fazendeiro rico que tinha terminado de vender a sua colheita e estava com todo o dinheiro no seu carrinho velho que com carinho tinha cuidado durante tantos anos, mas que seus filhos finalmente tinham convencido a se desfazer.
Depois da compra, o homem com a camionete nova, daquelas que custa mais que uma boa casa, parou na frente daquele primeiro lugar e buzinou e buzinou até que todo mundo saiu a ver o que acontecia. Ai, o homem baixou o vidro e disse bem alto “Bom dia” enquanto saia devagarzinho daquele lugar.
Como você recebe as pessoas?
Aqueles supostos funcionários da primeira concessionária não sabiam a quem estavam evitando. Aquelas pessoas olhavam só as aparências. Isso é a norma em nossa sociedade. De onde você é, como você se veste, qual a sua cor de pele, como é seu cabelo, qual o seu diploma? Tudo isso, vai fazer com que as pessoas tratem você diferente. Os outros já sabem tudo de você somente com dar uma olhada. Mas, não se enganem essa é a norma deste mundo. Uma norma torta que não serve para muito. Deixamos no escanteio quem achamos que não precisa de nossa atenção e colocamos no centro aquele a quem não deveríamos.
Como foi recebido Jesus no dia que hoje celebramos?
Uma multidão se aproxima ao redor de Jesus ou foi Jesus que se aproximou daquelas pessoas que estavam indo a Jerusalém? Em verdade, Jesus aproveita o momento e as pessoas espertas e inteligentes sabem quem está chegando. Sabem que aquele que estava sentado num jumentinho é o Messias, é Jesus que está entrando majestosamente a Jerusalém. As pessoas podiam ter duas reações: celebrar e acompanhar Jesus na entrada ou distanciar-se e criticá-lo pelo que estava fazendo.
Como você recebe Jesus?
A multidão, que nem sempre é sábia, desta vez fez o certo. Com galhos e roupas asfaltou o caminho empoeirado para Jesus. E aqueles que deveriam de receber Jesus de braços abertos, as lideranças de Jerusalém, liderança religiosa, liderança política, ficaram ao longe, não querendo misturar-se com o povo, de qualquer jeito não precisavam votos para serem eleitos. A suposta liderança queria Jesus, mas o queria morto. Por isso, não o prenderam nesse dia. A revolta ia ser muito grande. O seu plano maligno teria que esperar.
Pergunta boba, mas com quais pessoas você se identifica? A multidão ou as lideranças? Lógico que todos os que estamos hoje aqui, nos identificamos com a multidão. Nós aclamamos ao nosso Messias, sem dúvida nenhuma. Nós somos cristãos, seguidores de Cristo e por isso queremos também ter ramos nas mãos para poder asfaltar o caminho de Cristo. Se isso for verdade, convido a que possamos colocar nossos galhos no corredor central. Pois, daqui a pouco celebraremos a Ceia, celebraremos que Jesus se faz presente em meio a nós.
Hoje nós também clamamos “hosana” ao nosso Senhor. Hoje nós reconhecemos quem é Jesus e por isso suplicamos “ajuda-nos; socorre-nos, nós te rogamos!”, é o que significa “hosana”. Hoje nós reconhecemos a nossa necessidade e dependência de Deus. Naquela manhã, a multidão não se enganou. Nesta manhã, nós não nos enganamos. Para nossa sorte, conseguimos reconhecer os sinais de que Jesus é o Filho de Deus que vem a nós, conseguimos reconhecer que Jesus é Deus feito carne, conseguimos reconhecer que não conseguimos viver sem Deus. Parabéns!
O problema não é de hoje, o problema vem depois. Depois que Jesus é aclamado como Filho de Davi. Depois que Jesus entra em Jerusalém, faz a limpa no templo e volta a sair. Depois daqui a uns dias, o problema aparece: a multidão grita novamente. Mas, desta vez grita: “Crucifica-o”. Depois deste culto, muitas pessoas irão levar um galho de palmeira para casa. Vão deixar ele ali como lembrança deste dia. Depois de um tempo, talvez alguns minutos, talvez dias ou anos, veremos novamente os problemas e talvez não gritemos crucifica-o, mas não reconheceremos Jesus como nosso Senhor. Não o reconheceremos porque faremos o contrário daquilo que ele pregou e viveu. Viveremos nossa vida de acordo com o nosso jeito egoísta. Aquele jeito que nos leva a odiar às pessoas, acreditar que elas são menos que nós. Olharemos novamente para a roupa, para o penteado, para a cor da pele. Olharemos para a sua orientação sexual, seu partido político, seu time de futebol. Olharemos para tudo isso e não clamaremos hosana, mas apontaremos nosso dedo e diremos palavras tão horríveis como o “crucifica-o” da Sexta-feira da Paixão.
Essa é a triste realidade deste mundo. Se depender de nós, seres humanos, estamos fadados ao fracasso. Sem a ajuda de Deus não poderemos viver neste mundo como Deus quer. Nossas preces do Pai-Nosso ficam vazias sem a ajuda divina. Jesus entrou em Jerusalém, ele sabia o que estava fazendo. Ele queria que as pessoas pudessem ver quem era ele e o que ele queria. Jesus agiu a partir do desejo divino para que ninguém se enganasse. Esse dia, ficou tão marcado para os discípulos que todos os Evangelhos o lembram. Que também fique na nossa lembrança. Para que ao levar o galho para casa, olhemos para ele e não caiamos na tentação de esquecermos que recebemos Jesus e que ele é o nosso Senhor. Convido a que usem o galho, não como amuleto, mas como um sinal visível do discipulado que vocês receberam no dia do seu Batismo e assumiram na sua Confirmação ou Profissão de fé.
Que Deus nos ajude a que clamemos Hosana ao nosso Senhor, pois a vida com Jesus é totalmente diferente da vida mesquinha que este mundo nos ensina.