Colossenses 2.6-19

22/07/2016


Leituras Biblicas: Gênesis 18.20-32 e Lucas 11.1-13

Prezada Comunidade,

O texto de Gênesis 18.20-32 nos motiva para uma reflexão sobre a nossa prática de oração e sobre o amor de Deus, que ouve o nosso clamor. Ele nos motiva para a persistência na oração de intercessão. Deus nos ouve e se sensibiliza com nossa insistência. O nosso Deus é o Deus do amor e por isso ouve as nossas orações de intercessão.

O texto de Lucas 11.1-13 também tem como tema principal a oração. Nos v. 1-4, encontramos o pedido de um discípulo para que Jesus os ensine a orar. Jesus ensina o Pai-Nosso. Em seguida lemos a parábola que também nos motiva para a persistência na oração. Deus é como o amigo que atenderá a necessidade do vizinho que recebeu visita e não tem nada para lhes oferecer. Deus dá boas dádivas. Por isso, um dos temas desse domingo é a oração.
Já o texto de Colossenses não tem como tema principal a oração, mas fala mais da prática da fé, da oraçao com ação..

Colossos era uma cidade importante no sul da atual Turquia. Ficava perto do lugar onde encontraram afogado o menino sirio Aylan, vocês lembram desse menino? Ali perto ficava Colossos, um grande centro comercial, com imensa riqueza e prestigio. Por causa do comércio, havia em Colossos gente de todos os lugares do mundo. Por isso, havia também muita diversidade espiritual proveniente de culturas orientais, gregas, romanas e judaicas.

Portanto, em Colossos havia uma oferta muito variada de religiosidade. E a maioria das religiões tinha como elemento motivador o medo das pessoas. Medo da vida, medo do destino, medo da doença, medo da morte, medo do inferno, etc... Havia em Colossos religiões que afirmavam que a segurança diante do medo estava na nossa relação com os 4 elementos (terra, água, fogo, ar). Havia uma religiosidade em relação aos astros (chamados de principados e potestades), em anjos, em seres celestiais, que intermediavam a relação com Deus. Acreditava-se também que esses seres determinavam a vida das pessoas. Por isso, era necessário prestar-lhes culto. Havia ainda um grande grupo do judaísmo que pregava a circuncisão e a submissão as Leis dos judeus.

Nesse contexto, o apóstolo Paulo quer orientar os cristãos colossenses a diferenciar a fé cristã diante de todas as outras ofertas religiosas naquela cidade. O apóstolo Paulo enfatiza que as filosofias baseadas nas potestades e principados, nos astros, na circuncisão, todos elas tem como base o medo de um castigo divino. Por isso, se o medo é o que faz as pessoas procurarem por Deus, então Jesus é a melhor opção religiosa do ser humano.
Jesus é a melhor opção porque ele enfrentou e venceu a maior de todas as ameaças do ser humano: que é a morte. Nenhum outro deus enfrentou e venceu a morte. Isso é obra exclusiva de Cristo. Por isso, se Cristo venceu o maior de todos os inimigos, então não há nenhum outro deus que seja mais poderoso do que Ele. Portanto, para vencer os medos do ser humano e para vencer a própria morte, isso Cristo oferece a todas pessoas que nele confiam. Enquanto outras religiões exigem cumprir normas, ritos e leis, Cristo pede apenas confiança. Nada mais, é necessário além da fé. Cristo nos liberta do mal.

E como pessoas resgatadas, libertadas e salvas do mal, Cristo quer que sigamos a nossa vida em frente. A Bíblia compara muitas vezes a vida cristã como um caminho. O apóstolo Paulo enfatiza que o caminho do cristão acontece numa vida enraizada, edificada e confirmada em Cristo. São usadas essas três imagens para falar da nossa relação intrínseca com Cristo. Estar enraizado em Cristo, deixar-se edificar por Cristo e tornar-se forte na fé em Cristo, através da prática de ação de graças.

Uma pessoa cristã se caracteriza pela tolerância em relação as outras religiões e – principalmente - pela prática de sua própria fé em ação de graças.
Uma pessoa cristã não está imune ao sofrimento. Ela também passa por momentos de crise, de medo, de insegurança, mas apesar de tudo isso, ela sabe onde encontrar abrigo, proteção e fortaleza, e como resposta à presença e ajuda de Deus, uma pessoa cristã responde a Deus pela prática da ação de graças.

Todos nós somos assaltados pelo medo, pela insegurança, pela dúvida. Passar por momentos de crise é uma característica de todo ser humano. Isso acontece com todo mundo. Se Deus permite – às vezes - que sintamos isso, é para que tenhamos a oportunidade para avaliar nossa vida. Será que a nossa mente e o nosso corpo não querem nos chamar a atenção para que revisemos a forma como estamos vivendo? Para os valores que estamos seguindo?
Nos momentos de angústia, de medo e de insegurança, lembremo-nos que Cristo venceu a morte e tudo aquilo que pode nos ameaçar. Nele podemos encontrar a paz para nossa inquietude, para a nossa ansiedade, para o nosso medo do silêncio e para o nosso temor das pessoas. Não precisamos fazer outra coisa que achegar-nos a Cristo e em oração pedir por sua proteção e por sua benção. Mas veja bem, isso nao é automático. Algumas vezes precisamos - em humildade - ser pacientes e constantes.

Cristo não quer que vivamos com medo. Ele já derrotou e venceu sobre tudo que nos pode amedrontar. Cristo quer que vivamos agradecidos pela vida.

Essa gratidão pela vida, Deus quer que a demonstremos através do amor. Amor a Deus, amor ao próximo (e também podemos dizer: amor pelo cuidado da natureza, que é a Criação de Deus). Amar a Deus é ser agradecido pela vida.

Certa vez, um pastor foi chamado pela filha de um homem que se encontrava muito enfermo. E que necessitava de orações. Quando o pastor entrou no quarto do hospital, encontrou o pobre homem na cama com a cabeça apoiada num par de almofadas. Havia uma cadeira ao lado da cama, fato que levou o pastor a pensar que o homem estava aguardando a sua chegada.
-Suponho que estava me esperando?-, perguntou-lhe.
-Não – respondeu o homem - quem é você?.
-Sou o novo pastor da Comunidade Luterana e a sua filha me chamou para que rezasse com você; quando entrei e vi a cadeira vazia ao lado da sua cama, imaginei que você soubesse que eu viria visitá-lo.
-Ah sim, a cadeira. Muito prazer em conhecê-lo. Você não se importaria de fechar a porta?
O pastor fechou a porta e o homem enfermo lhe disse:
-Nunca contei isto para ninguém, mas passei toda a minha vida sem ter aprendido a rezar.
Quando eu ia para a igreja e ouvia algo a respeito da oração, como se deve orar e os benefícios que recebemos através dela......mesmo assim, não queria saber de orações! Entrava por um ouvido e saía por outro. Assim sendo, não tinha ideia de como rezar. Então...há muito tempo abandonei por completo a devoção. Assim eu vivia até alguns anos atrás, quando - conversando com meu melhor amigo - ele me disse:
- Zé, orar é simplesmente ter uma conversa com Jesus, e isto eu sugiro que você não deixe de fazer...Faça assim, você se senta numa cadeira e coloca outra cadeira vazia na sua frente. Em seguida, com muita fé, você imagina que Jesus está sentado nela, bem diante de você. Isto não se trata de insanidade, pois ele próprio certa vez nos disse: -Eu estarei sempre com vocês.
Portanto, você deve falar com ele e escutá-lo, da mesma forma como está fazendo comigo agora. Pois, assim eu procedi e me adaptei à ideia. Desde então, tenho conversado com Jesus durante umas duas horas diárias. Tenho sempre muito cuidado para que a minha filha não me veja...pois ela acharia que eu fiquei maluco.
O pastor sentiu uma grande emoção ao ouvir aquilo, e disse ao Zé que era muito bom o que vinha fazendo e que não deixasse nunca de fazê-lo. Em seguida rezou com ele. Deu-lhe uma bênção e foi para a sua paróquia.
Alguns dias mais tarde, a filha de José comunicou ao pastor que seu pai havia falecido.
O pastor perguntou:
- Ele faleceu em paz?
- Sim, ele recebeu alta e estava em casa. Hoje de manhã eu estava me preparando para ir ao supermercado, quando ele me chamou ao seu quarto. Me disse que me queria muito e me deu um beijo. Quando eu regressei das compras, já o encontrei morto. Porém há algo de estranho em relação à sua morte, pois aparentemente, antes de morrer, chegou perto da cadeira que estava ao lado da cama e recostou sua cabeça nela. Foi assim que eu o encontrei.
- O que será que isto poderia significar?
O pastor, profundamente estremecido, enxugou as lágrimas e lhe respondeu:
- Deus permita que todos pudéssemos partir dessa maneira.

Para fortalecer a nossa fé e demonstrar nossa gratidão a Deus é que nos reunimos em culto na Comunidade. E é isso que queremos celebrar também no culto de ação de graças no dia 7 de agosto. Nossa gratidão.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam no meio de nós. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Colossenses / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 6 / Versículo Final: 19
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 38788
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