Clamor diante da morte do Rio Doce

Manifesto da UP Norte do ES e Oase do Sínodo Espírito Santo a Belém

01/10/2017

Caminhada e manifestação na ponte de Colatina sobre o Rio Doce
Caminhada e manifestação na ponte de Colatina sobre o Rio Doce
Caminhada e manifestação na ponte de Colatina sobre o Rio Doce
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Diante de Deus, neste evento de comemoração dos 500 Anos da Reforma Luterana, nós da UNIÃO PAROQUIAL NORTE DO ESPÍRITO SANTO e da ORDEM AUXILIADORA DAS SENHORAS EVANGÉLICAS (OASE) do SÍNODO ESPÍRITO SANTO A BELÉM, filiados à IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL, externamos ao público em geral e às autoridades competentes um profundo e persistente clamor.
Estamos sobre a Ponte Florentino Avidos, em Colatina/ES.

Debaixo dela correm as águas do Rio Doce, que se tornaram “amargas” - totalmente poluídas. Não bastassem a contínua destruição da vegetação à sua margem e o volumoso assoreamento, o Rio Doce vem sofrendo por conta de uma persistente seca. Em 2015 suas águas foram feridas por um golpe mortal, através do rompimento da barragem de rejeitos de minério de Fundão, ocorrido em Mariana-MG, pertencente à mineradora Samarco. A lama tóxica,
que desceu pelo Rio Doce até o Oceano Atlântico, além de tirar a vida de muitas pessoas, destruiu todo o ecossistema do rio, tirou o emprego e a renda de milhares de cidadãos e impediu o uso de suas águas pela população.

Após esta trágica agressão sofrida pelo Rio Doce e pela população que reside às suas margens, várias manifestações e atos públicos se consolidaram. Também foram produzidos documentos e cartas, pedindo medidas de responsabilização, de efetivo socorro emergencial às vítimas e ações concretas de restauração da criação destruída.

Constatamos que, até o presente, pouco foi empreendido pelos causadores da tragédia para efetivamente minorar os danos causados ao rio. Os responsáveis parecem muito mais engajados por ações judiciais que lhes permitam se eximir da sua responsabilidade. Diante dessa escassez de providências; diante da dor de todas as vítimas atingidas pelo crime socioambiental cometido; diante da destruição do Rio do Doce; diante da impunidade que prevalece; Comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Associações Populares, Entidades e Movimentos Sociais, vêm a
público externar a dor e o luto e clamar pela misericórdia de Deus, pela vida perdida, ameaçada e agredida ao longo da bacia do Rio Doce. Urgem ações efetivas para amenizar o sofrimento contínuo da vida sobrevivente. Urgem ações efetivas pela restauração do que foi destruído.

A criação de Deus padece. Das profundezas de seu padecimento ecoam pedidos de socorro. Socorrer a criação é socorrer a humanidade. Precisamos preservar a criação para que não sejam comprometidos o futuro e a sobrevivência das pessoas. Somos corresponsáveis pela preservação da criação de Deus. Lembramos que a verdadeira riqueza de uma sociedade pressupõe responsabilidade para com a natureza. Portanto, clamamos com fervor a Deus, para que a Sua Palavra nos impulsione a sermos agentes transformadores de vida.


Colatina, 1º de Outubro de 2017
Ministros e Ministras da União Paroquial Norte do Espírito Santo
OASE Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém 

Obs.: Este documento de clamor aclamado e aprovado por aproximadamente 2.800 pessoas que participaram do evento.


Âmbito: IECLB / Sinodo: Espírito Santo a Belém
Natureza do Texto: Manifestação
Perfil do Texto: Manifestação oficial
ID: 44155
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Quando eu sofro, eu não sofro sozinho. Comigo sofrem Cristo e todos os cristãos. Assim, outros carregam a minha carga e a sua força é também a minha força.
Martim Lutero
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