Chamad@s para Comunicar e Exercer Diaconia Transformadora

Estudo para aprofundamento

06/04/2015

 

 

 

Dia Nacional da Diaconia

19 de abril de 2015

Subsídios para culto e reflexão

 

Estudo para aprofundamento
 

 

 

 

Chamad@s para Comunicar e Exercer Diaconia Transformadora


O Objetivo da Diaconia Transformadora

Imaginemos uma “sociedade diaconal” que atingiu as seguintes características: o bem-estar da população e o respeito ao meio ambiente é uma realidade. As pessoas vivem na íntegra os ensinamentos de Jesus. Estão conscientes do sentido de estar no mundo. Amam a Deus sobre tudo (Lc 10.27). É tanto amor que ele se estende ao próximo e é sentido por todas as pessoas. Elas se ouvem mutuamente, dialogam, são solidárias e vivem em paz. Cultivam a amizade na diversidade. As pessoas em cargos de lideranças governam para o bem de toda a população. As leis são totalmente justas, todos as seguem com boa vontade.

De tempos em tempos, representantes dessa sociedade são enviados para outras sociedades. Eles vão com a missão de aprender a língua, conhecer novas descobertas e contribuir com sua experiência. Ao voltarem, os aspectos mais importantes dessa experiência são introduzidos em sua própria cultura. Entendem que as relações entre pessoas e nações devem ser de cooperação e solidariedade, pois todas as pessoas do mundo são filhos e filhas de Deus. Nesta concepção, vivem em harmonia entre si e com outras sociedades. Nada lhes falta, pois aprenderam a buscar primeiro o Reino de Deus e tudo o mais lhes é acrescentado (Mt 6.33).


Ações Transformadoras por meio do Caminho Comunitário e Institucional

Embora uma “sociedade diaconal” seja ainda uma visão e não uma realidade, estamos a caminho para vir a ser. Se ainda estamos distantes, é porque há muitas coisas profundamente erradas conosco e com nossa sociedade. Contudo, várias ações diaconais transformaram realidades no passado, transformam no presente e transformarão no futuro. Há experiências, mesmo que sejam em nível micro, de altruísmo e de relações de cooperação. Diaconia transformadora também consiste em reconhecer o que está bom e intervir apenas no que ainda precisa mudar. Esta atitude passa pelo reconhecimento de ações diaconais feitas por nossos irmãos e irmãs no passado.

Há, na IECLB, várias instituições diaconais que já contribuíram e estão contribuindo para essa transformação. Há muitos anos trabalho em uma dessas instituições, criada em 1970, na Paróquia do ABCD, Santo André/SP. Junto à comunidade local e uma equipe multiprofissional, criamos um espaço educacional e terapêutico com as seguintes abordagens: Terapia Familiar, Psicopedagogia, Psicoterapia, Terapia Somática, Fitoterapia, Acupuntura e Quiropraxia. Nele exercitamos o ouvir atencioso, respeitoso e qualificado, além de intervir em situações de sofrimento que pedem mudanças.

Este é apenas um exemplo. Há muitas outras instituições diaconais e inúmeras iniciativas de diaconia comunitária igualmente importantes para nossa sociedade. O texto de Lucas 24.13-35, que inclui o lema do ano de 2015, é um dos textos que apresenta uma metodologia diaconal. Neste texto, quem está em ação é o Jesus ressurreto. Ele se aproxima, pergunta, ouve, caminha com os discípulos e repete verdades já anteriormente ensinadas. Embora os discípulos estivessem aflitos e achassem que tudo estava perdido, reconheceram a Jesus na ação de partir o pão. Perceberam que Ele havia vencido e triunfado sobre o sofrimento, a morte e o mal. O texto nos ensina que Ele vive e caminha conosco quer o percebamos ou não, e que quase todas as injustiças e sofrimentos são vencíveis, desde que enfrentadas a partir da comunhão com Ele. O hino 107 do HPD nos lembra que “só com Jesus em comunhão constante podemos sempre triunfar”. Portanto, é a comunhão com Ele que nos capacita para exercer e comunicar, de forma coerente e autêntica, diaconia transformadora.

Exemplos de ações Transformadoras

Deixar Jesus se aproximar, andar conosco pelo caminho da vida e ficar em comunhão com Ele também nos leva à percepção do meio ambiente interno. Os discípulos perceberam que seus corações ardiam enquanto o ouviam pelo caminho. E nós? O que percebemos em Sua companhia quando ouvimos a palavra, oramos e meditamos? Não é ela reveladora da verdade sobre nosso interior?

Durante anos eu achava que a sociedade e outras pessoas tinham que mudar, menos eu. Esse tipo de pensamento ainda é comum. Em geral, somos mais tolerantes com os nossos próprios erros do que com os erros dos outros. Na instituição diaconal em que trabalho, famílias costumam trazer as pessoas consideradas “problemáticas”, geralmente crianças e adolescentes, para terapia. Aos poucos, percebem que elas próprias necessitam de autotransformação. Certa vez, pai e filho em conflito foram atendidos separadamente por algum tempo. No final do processo terapêutico, o pai veio agradecer pela mudança do filho. Porém, sem um saber do outro, o filho também agradeceu pela mudança do pai. Isso demonstra como é difícil olhar para dentro de si e reconhecer a necessidade de mudanças internas, as quais se refletirão no ambiente externo.

“Devemos ser a mudança que queremos no mundo” (Gandhi). Porém, o que é necessário para nos tornarmos a mudança que queremos no mundo?

A instituição que atuo também está atenta para o ambiente externo, para o contexto no qual estamos inseridos. Dispomo-nos a caminhar com as pessoas, ouvir suas histórias, conhecer suas dores, alegrias, para compreender quais são as causas do sofrimento, da injustiça, da dor. O entendimento da realidade social é necessário para pensar ações diaconais que gerem transformação social, econômica e política. Para promover estas transformações, não estamos sozinhos, pois há parceria com outras instituições e grupos que têm o mesmo objetivo: proporcionar vida digna para todas as pessoas.

A instituição também busca exercer a dimensão política da diaconia por meio da participação nos conselhos de direitos do município de Santo André/SP. Junto a representantes de outros setores da sociedade, pensamos e articulamos ações de prevenção à violência, de acesso à educação, à saúde, ao saneamento básico. Nestes espaços, a partir do Evangelho, a nossa participação também questiona leis e estruturas que oportunizem e favoreçam a discriminação e a exclusão.

Quais as parcerias e redes de apoio que vocês têm para promover a diaconia transformadora?

A Diaconia de Jesus é tão profundamente transformadora, que se, adotada por cada pessoa, por cada família, por comunidades, por instituições, por micro e macro ambientes, pode criar relações sociais totalmente novas, um paraíso terrestre, uma verdadeira “sociedade diaconal”.


Diácona Irma Schrammel
Atua no Centro Social Heliodor Hesse em Santo André/SP


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Autor(a): Irma Schrammel
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Diaconia
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo
ID: 32772
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