CEIA DO SENHOR
E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publica-nos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos.
Ora, vendo isto os fariseus, perguntavam aos discípulos: por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa:
Misericórdia quero, e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e, sim, pecadores. ( Mateus 9.10-13)
Jesus estava em casa, sentado à mesa. E muitos cobradores de impostos e pessoas de má fama apareceram e foram se sentando com Jesus e seus discípulos. Alguns professores da lei dos judeus, do grupo dos fariseus, vendo isso, perguntaram aos discípulos: Por que é que o Mestre de vocês come com essa gente.
Jesus, que estava escutando tudo isso, respondeu: Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e tratem de aprender o que significa a palavra de Deus, anunciada pelo profeta:
Quero misericórdia, e não sacrifícios, pois não vim chamar justos e sim pecadores.
Se alguém chegar em nossa cidade e perguntar onde fica nossa igreja, o informante vai dizer que essa igreja existe em todas as partes do mundo — vai dizer a parte da cidade, a rua, e pronto.
Quer dizer: a igreja existe, primeiramente, num local.
Mas que espécie de gente participa da vida da igreja, nesse local? A igreja congrega homens e mulheres que vivem, trabalham, se alegram e sofrem como todos os outros — com uma diferença: a razão de sua vida, o motivo pelo qual existem, não se fundamenta, não se baseia, não se centraliza neles próprios — mas naquele judeu de Nazaré que é o Senhor do mundo: Jesus Cristo.
Em outras palavras a igreja é, e só pode ser, um centro de ressurreição, de renovação. Um lugar onde se vive hoje, já agora, o futuro.
Por isso é que a igreja sobressai obrigatoriamente, em todos os lugares. Nem todos vão à igreja. A maioria nem sabe o que acontece dentro da igreja. Ou sabe mais ou menos. Ou acha que sabe.
No entanto, ninguém pode esquecer a igreja. Porque ela incomoda. Porque é diferente. E por que são diferentes os cristãos? Por que incomodam? Porque a igreja, os cristãos, sabem o que vem depois do mundo e da história do mundo. E, além disso, vivem já agora o que um dia virá para todos.
No entanto, para que é diferente a igreja? Para ser sal e luz do mundo. Quer dizer: para penetrar em todas as coisas, com o Evangelho, com a boa noticia, com a novidade agradável. No mundo em que vivemos, existe muita escuridão mesmo; por isso, a igreja quer se infiltrar, com a luz do Cristo.
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A Ceia, hoje. Para quê? Só para uma coisa diferente, estranha, esquisita, que uma porção de gente não entende?
Não: a ceia de hoje, a refeição com o Cristo é nosso ponto de partida, é o lugar onde começamos nossa viagem ao mundo, com o Evangelho. É ao mesma tempo o lugar e o momento do recolhimento, para dar graças, para interceder pelos outros, todos os outros.
Quando comemoramos Ceia, estamos antecipando o futuro, isto é: estamos comemorando, desde já, o banquete com Cristo, no Reino de Deus. Estamos festejando, celebrando a salvação.
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Ao mesmo tempo, estamos reunindo todo o mundo, quer dizer: todo o nosso mundo, as pessoas deste local, desta localidade, para que todas elas jun-as, sejam apresentadas a Deus. Claro, nem todos vão ficar sabendo isso. É provável que alguns até zombem da Ceia. Apesar disso, no momento em que festejamos a salvação, nossa mesa representa uma promessa e uma oportunidade para todos. Como assim?
Só os batizados, os que pertencem ao Senhor, participam da Ceia. Mas a igreja também' usa as coisas deste mundo: o pão, o vinho, o tempo (pois há um dia do Senhor para a Ceia do Senhor) o espaço (este templo onde estamos reunidos).
Não se trata, para nós, de destruir os outros, afastá-los, desprezá-los. Pelo contrário: nossa Ceia é um convite para que muitos, todos passem para a nova criação, para o novo mundo da salvação.
Cristo diz: Eu sou o pão vivo que desceu dos céus; se alguém como deste pão, viverá para sempre. E o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo.
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Somos cristãos, somos batizados, somos igreja, para proclamar, para atualizar o amor de Deus no mundo.
Para proclamar e atualizar esse amor, entre outras coisas, identificamos um pouco de pão e de vinho com um alimento e bebida de vida eterna. Identificamos uma manhã de domingo com o mundo da ressurreição.
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Se alguém olhar para si — para o vizinho de banco — pensa naquela outra mesa:
Jesus, os pecadores — presença do reino e do mundo, salvação no meio da perdição.
Se a igreja não puder ser isso, não será igreja. Se nossa ceia não puder ser isso, não será ceia.
Graças a Deus, podemos ser um lugar onde todos podem se encontrar, tomar lugar à mesa e ouvir a palavra que é maior do que tudo quanto se pudesse ou quisesse dizer:
Quero misericórdia, pois não vim chamar justos, e sim pecadores.
(Juiz de Fora — 6.° domingo depois da Trindade)
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