Casal de fotógrafos viaja pelas comunidades da IECLB
Ingoberto Swarowsky
Já estamos no terceiro ano de nossa viagem. São mais de 60.000 quilômetros rodados, mais de 700 municípios e mais de 600 comunidades da IECLB visitadas. Esse Brasil é muito grande, muito bonito e muito hospitaleiro. É gratificante percorrer um país com dimensões de um continente, que tem 4 fusos horários. Somos um casal abençoado e feliz, e essa felicidade queremos transmitir aos leitores e leitoras do Anuário Evangélico.
Já passamos o interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Acre, de volta ao Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e agora em Goiás. É impressionante a vida das comunidades na região pantaneira. Em muitos lugares, para chegar ao culto, as pessoas percorrem dezenas de quilômetros por estradas, que nem sempre são trafegáveis, em cima de um trator, a cavalo, ou até mesmo a pé. Esta é a realidade que encontramos pelo interior do Mato Grosso, aonde a IECLB está presente em quase todos os municípios ou regiões. Lá o pastor ou pastora chega a viajar 500 quilômetros para atender uma comunidade (lá 500 km é um um pulinho), e deve rezar para que não chova e possa regressar. E quando chove durante a viagem? Neste caso se passa horas dentro do carro, que a esta altura já está atolado, aguardando SOCO1TO. Às vezes, isto significa passar a noite rezando dentro do carro com os vidros fechados, apesar do calor, impedindo assim o ataque dos mosquitos, uma realidade da selva amazônica. É interessante quando chove durante o deslocamento da pastora para a realização do culto de confirmação. Na localidade de destino o céu está azul, com sol forte, os confirmandos e seus familiares com trajes a rigor. Já é meio-dia e nada da pastora aparecer, telefone é coisa para o futuro. Só dois dias depois ficaram sabendo que choveu muito a caminho da igreja e mais uma vez a culpa foi do atoleiro. Carro de pastor, aqui só dura um ano. As condições das estradas não permitem que a vida útil seja maior, e muitas vezes não existem condições financeiras para se adquirir outro carro. Ocorreram situações em que atravessamos regiões com água acima do capô da camioneta, que chegou a flutuar um pouco, mas no final conseguimos passar.
Tivemos a oportunidade de conhecer várias tribos indígenas, cada qual com sua realidade, entre elas, a do Xingu, com o cacique Raoni. O cacique Raoni é como um presidente da república, tal o seu poder entre os indígenas. Ele se tornou conhecido no mundo, quando foi se encontrar com o Papa, em Roma. Conhecemos também outras tribos indígenas, cada qual com seus costumes.
Mas nem tudo é um mar de rosas. Várias vezes pensamos em desistir da viagem. Com tanta estrada percorrida o trailer e a camioneta já estão se queixando, necessitando de manutenção mais frequente, o que torna viagem muito onerosa. Já foram trocados a turbina do motor, pneus, eixo do trailer, entre outros. É comum ficarmos parados em alguma comunidade esperando chegar o dinheiro da aposentadoria para pagar os consertos. Isso sem falar no combustível e nos pedágios. Precisamos de muito apoio e que orem por nós, e se houver alguma firma para patrocinar, será muito bem vinda. Temos espaço no trailer e na camioneta para publicidade. Não gostaríamos de interromper nosso objetivo — o qual todos admiram e dão seu apoio moral — e deixarmos de nos dedicar a este trabalho com a IECLB.
O autor é fotógrafo e membro da IECLB, reside em Porto Alegre, RS
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