Diante da situação crítica de nosso país, algumas palavras tornaram-se comuns em nossos noticiários: lava jato, corrupção, propina, etc. Certamente estas palavras não acrescentam informações, antes aumentam a nossa repugnância em relação a muitas práticas. A constatação é que os cargos confiados para organizar, na sua maioria, estão desorganizando a vida social.
Convido a pensarmos sobre o papel do cargo que nos é confiado pela sociedade. Nós temos um cargo, quer seja como ministro religioso, funcionário público, presidente, etc. Há cargos diferentes, mas todos estão para servir. Através deles a sociedade se organiza para que necessidades sejam supridas. Ao mesmo tempo, quando pessoas exercem cargos e não cumprem com as suas respectivas funções, as consequências são a desordem, o caos acaba se instalando e contaminando as nossas relações com a desgraça da ausência da ética. Cargos confiados a pessoas geram expectativa para que haja o servir destes com a sua respectiva função. O cargo existe somente em função de uma tarefa que precisa ser executada. Um cargo bem executado promove confiança, paz, estabilidade. Mas quando o cargo se volta para obter vantagens pessoais, para servir-se em função deste, acontece uma inversão de valores. Ora, quando o cargo é um desejo para beneficiar-se de uma respectiva função, relativizamos o trabalho que dignifica o ser humano, fomentamos relações de desconfiança.
A Palavra de Deus na sua essência fala que somos justificados por graça, somos aceitos pela misericórdia que Deus revelou na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Doravante, vivamos sobre o olhar da bondade de Deus, onde podemos confessar: Deus fez justiça! Não há sentido alavancar méritos de forma trapaceira através do cargo que nos é confiado.
O cargo é a vocação, o chamado de Deus! Através deste chamado está nossa sintonia com Deus e, a grande oportunidade de viver alegremente este novo ser humano que Deus revelou em Jesus Cristo. Nesta atividade diária que realizamos o nosso culto racional a Deus (Rm 12.1). Mas quando acontece o inverso, temos o cargo para beneficiar-nos alavancando privilégios, estaremos desagradando a Deus e criando a vergonha nos relacionamentos.
Deus vocaciona, confia cargos aos seus filhos (as), através deles vivemos a justificação por graça e fé, demonstramos que somos aceitos por Deus. Viver sobre este olhar, significa dar glória a Deus pelo cargo que exerço diariamente! Através do meu cargo posso expressar em quem creio, promover a paz, o bem querer, celebrando culto a Deus. Amém!
P. Werner Kiefer
Paróquia matriz – Porto Alegre