Em comemoração ao mês que marca a passagem dos 500 anos da publicação das 95 teses do professor e teólogo alemão Martinho Lutero, ato que deu início à Reforma Protestante, a Câmara de Novo Hamburgo abriu seu plenário nesta quinta-feira, 5 de outubro, para uma noite de homenagem, reconhecimento e reflexão. Representantes e fiéis de diferentes comunidades religiosas compareceram à solenidade, proposta pelo vereador Felipe Kuhn Braun (PDT) por meio de requerimento aprovado pelos demais parlamentares.
Felipe agradeceu a presença de todos e justificou a realização do evento com um compromisso em razão de sua ancestralidade luterana. “Não podemos falar da história da Alemanha sem falar de Martinho Lutero, responsável por uma revolução não apenas religiosa, mas cultural e social. Lutero foi amado, combatido e criticado. Mas esse homem deixou o legado do bem, sendo um profundo conhecedor das escrituras e o primeiro tradutor da Bíblia do latim para o alemão. Mas é importante ressaltarmos também que ninguém trabalha sozinho, por isso nossa homenagem se estende a todos aqueles que sucederam e sucedem os ensinamentos de Lutero”, completou.
O pastor Carlos Eberle, representante da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Ascensão, rememorou os caminhos percorridos por Lutero e as lutas travadas pelo teólogo a fim de universalizar o acesso à Bíblia. “Temos inúmeros motivos para comemorar. Realmente, o que ocorreu a partir de 1517 foi uma redescoberta do Evangelho, escondido propositalmente pela Igreja Católica. Podemos constatar isso pelas missas e as bíblias exclusivamente em latim, um privilégio de poucos. Então, a grande maioria do povo não tinha acesso à Bíblia. E foi estudando a Bíblia que Lutero percebeu que o Evangelho deveria ser gratuito e para todos. Suas teses se espalharam como pólvora acesa por toda a Alemanha”, contou.
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Marcos Schmidt, pastor da Comunidade Evangélica Luterana São Paulo, salientou a necessidade de refletir também sobre os desafios religiosos para os próximos cinco séculos. “Todos os cristãos sabem dos abusos que aconteceram no passado. Lutero não queria uma nova Igreja, mas uma verdadeira reforma. Ele inclusive criticava o termo ‘luterano’, já que todos deveriam seguir a Cristo, não a uma pessoa qualquer. Nosso grande desafio ainda é apontarmos para Cristo, não para Lutero, não para as nossas igrejas. Precisamos focar nossa fé no centro das nossas religiões, que é Cristo”, pontuou.
As duas comunidades luteranas planejam um grande evento ao longo de todo o dia 31 de outubro, data que marca o aniversário de 500 anos do início da Reforma Protestante. “Trabalhamos desde março em seis comissões, responsáveis pela organização de uma grande comemoração. Ao meio-dia, será orquestrado o badalar dos sinos de todas as igrejas luteranas hamburguenses. Durante a tarde, teremos diversas atividades, com a doação de mudas de plantas e um grande bolo com a Rosa de Lutero”, revelou Eberle. As festividades se encerrarão a partir das 19 horas com uma grande celebração na Praça do Imigrante.
Reforma Protestante
Entre o final da Idade Média, período histórico marcado pela soberania da Igreja Católica Apostólica Romana no ocidente europeu, e o início da Era Moderna, diversos pensadores se debruçaram a discutir algumas diretrizes articuladas pela doutrina católica, sugerindo uma renovação de suas práticas. Esses questionamentos levaram a uma grande cisão no cristianismo, que teve início no dia 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero fixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg seu conjunto de 95 teses contestando condutas e orientações da Igreja Católica.
O teólogo criticava o autoritarismo papal, as práticas de corrupção de determinados setores do clero, o intermédio da Igreja na interpretação da Bíblia e a venda de indulgências. O ato desencadeou a Reforma Protestante, movimento que culminou na criação de novos cultos à religião cristã. As diferentes ramificações do protestantismo solidificaram-se, especialmente, por países nórdicos e de colonização britânica. No Brasil, segundo dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 22,2% da população pertence a religiões protestantes.
Fonte: Revista News