ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei;
sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão! e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?
ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e deleitai-vos com a gordura.
Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um pacto perpétuo,
dando-vos as firmes beneficências prometidas a Davi.
Eis que eu o dei como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos.
Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu a ti correrá,
por amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. (Is 55.1-6)
Esta semana eu assisti um destes filmes pós-apocalípticos “O livro de Eli”, estrelado por Denzel Washington. Conta a história de um homem que deve atravessar o país com a última bíblia. Eu não vou contar o filme para os que querem assisti-lo. Como entretimento, um bom filme, teologicamente,(...) é um filme de Hollywood, portanto o que vale é o entretimento mesmo. Ainda assim, este me fez pensar: O que aconteceria se a palavra de Deus, ou se a possibilidade de Deus fosse tirada de nós?
Eu lembrei, então do texto de Is 55, principalmente o versículo 6. Isaias estava preocupado com a possibilidade de o povo de Israel, no exílio, se esquecer de Deus. O contato com um povo diferente, com outras tradições, com outros costumes e, até, com outra ética, poderia fazer o povo se esquecer de Deus. O que era pior não era a possibilidade de acabar o culto ao Deus Javé, mas que a identidade de povo estava intrinsecamente ligado ao andar com Deus, com Seus estatutos e Sua vontade. Deixar Deus de lado, então, era deixar de lado o que fazia deles um povo. Isaias vai mais longe até, deixar Deus de lado era, até, deixar de lado o que fazia deles gente. Por isso era muito importante que as pessoas, no exílio da Babilônia, se mantivessem fiéis, continuassem seguindo a lei, prestando culto, se mantendo dentro da promessa.
E hoje? Será que a mensagem de Isaias ainda vale para nós hoje? Já se vão 2600 anos desde que Isaias escreveu estes versículos. Ainda assim estes versículos ecoam até nós, ainda hoje. Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Não vivemos em situação de exílio, o exercício da fé, em nosso país é livre, garantido pela constituição, ainda assim, Isaias continua atual e importante para todos os cristãos.
Também hoje corremos o perigo de esquecer Deus. Vivemos numa sociedade em que quase não há lugar para Deus. Uma sociedade individualista, onde o indivíduo por si só basta. Ninguém precisa de ninguém, ninguém se importa com ninguém. Cada vez mais a humanidade se afasta de Deus. Cada vez mais a humanidade sente que precisa menos de Deus.
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Este é o chamado do Profeta pra que busquemos Deus, pois se continuarmos no caminho em que estamos, chegará um dia em que não se saberá mais como achar Deus.
Alguns pastores acham que as novas (velhas) religiões são o perigo para o cristianismo. Hoje o ateísmo e o agnosticismo são o verdadeiro perigo. Pois as religiões ainda colocam aos seus seguidores uma ética. A partir de nossa fé construímos a nossa humanidade. Sem Deus deixamos de ser humanos. Na Europa e EEUU já há 30% de ateus. No Brasil virão as estatísticas depois do censo, mas se calcula que hoje este número também já esteja em torno de 10%.
Os pais não cumprem o compromisso assumido por seus filhos em seu batismo. Pais já não ensinam mais os caminhos da fé aos seus filhos. Com isto estamos tendo cada vez mais uma sociedade que não sabe mais o que é ser humana, sem ética e sem destino.
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Amanhã pode ser tarde.
