Benção Matrimonial Gn 2.5-7, 19-24

Prédica Gênesis 2.5-7, 19-24 autoria P. Me. Alexander Busch

31/03/2023

Estimada comunidade, querido casal,
 Hoje certamente é um dia muito especial na vida de vocês dois como casal e também para familiares, amigos e amigas. É o dia em que vocês selam de forma pública diante de Deus e desta comunidade o compromisso de caminharem juntos como casal. É o dia em que vocês selam de forma pública diante de Deus e desta comunidade o compromisso do batismo, de ensinar e educar a pequena criança de vocês no cominho de Jesus e sua igreja. É o dia sonhado e planejado com carinho pelo casal que se conheceu (informações pessoais do casal).
 O texto bíblico em Gênesis é a história escolhida para nos ajudar a refletir sobre a vida em comum, não apenas a vida como casal, mas também a vida em comum como pessoas da comunidade maior da qual fazemos parte. Lembrando que o texto bíblico não é um texto científico moderno explicando a origem biológica da vida. É sim um texto antigo, mas nem por isso menos atual, que usa imagens e linguagem poética para falar da vida e sua rica e bela diversidade. O que podemos aprender a partir desta história bíblica?
Em primeiro lugar, que fomos criados por Deus como seres relacionais, como indivíduos que vivem não de forma isolada, mas que nosso sentido e missão na vida é cultivar relacionamentos saudáveis com as pessoas ao nosso redor e também com Deus. O texto bíblico nos apresenta Deus como criador e parceiro na caminhada. Deus é o criador deste jardim e dá o folego da vida ao homem. O homem é criado por Deus para cultivar o jardim, cuidar das outras formas de vida deste jardim e se relacionar com Deus. Desde o início percebemos Deus querendo caminhar junto, orientar, cuidar do ser humano.
Ser humano este que vive em comunhão com outras seres humanos, com outras pessoas. O texto diz, “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele uma auxiliadora que seja semelhante a ele, alguém que lhe seja por companheira”. Dito e feito, o homem foi dormir e quando acordou encontrou ao lado o rosto sorridente e a voz que lhe cochichava no ouvido, “bom dia”. Se a história tivesse sido escrita hoje talvez o homem teria acordado com a mensagem de ‘bom dia’ na tela de seu celular.
Brincadeiras à parte, a emoção do homem foi tanta que de improviso ele disse o primeiro poema de amor do mundo, “Agora sim, esta é carne da minha carne e osso dos meus ossos”. Que alegria poder contar com alguém para dividir as responsabilidades da vida, compartilhar alegrias e frustrações, construir projetos de vida. É Deus quem coloca em nós a vontade e a necessidade de se relacionar. E certamente a comunidade cristã também é um destes espaços onde no relacionamento com pessoas crescemos na fé, no diálogo, no aprender a conviver a partir da palavra de Jesus Cristo. Que bom que vocês casal, podem contar com padrinhos e madrinhas, e com esta comunidade cristã para educar a pequena criança de vocês no caminho de Jesus e sua igreja.
Voltando o olhar ao texto de Gênesis, interessante destacar que a mulher é formada a partir da costela do homem. A mulher não é formada a partir dos seus pés. Isto poderia representar inferioridade, submissão. Nem é formada a partir da cabeça, que poderia indicar superioridade e opressão. A mulher é formada a partir da costela. A esposa é alguém que está ao lado de seu esposo, e juntos os dois caminham uma trilha comum, são companheiros na jornada. Por isso, no casamento cristão não deve existir desigualdade. As tarefas em casa, especialmente quando os dois trabalham fora, devem ser divididas para que ninguém, especialmente a mulher, fique sobrecarregada.
Esposo e esposa são companheiros. Nenhum é superior ou inferior ao outro. Aqui relembro as diferenças que existem entre cada parceiro e parceira. Estas diferenças, entretanto, não são uma desculpa para a desigualdade no relacionamento. As diferenças são uma oportunidade para se crescer com alguém que tem habilidades e dons diferentes dos meus. Pois é o próprio Deus quem cria a diversidade, a riqueza das diferenças, e nos permite se relacionar com alguém que não precisa ser a minha cara. Aliás, mundo afora circula uma ideia fantasiosa sobre relacionamentos do tipo “encontrei a minha cara metade!” ou “ela é a metade da minha laranja.” Duas metades de um rosto podem até formar um rosto novo e belo. Duas metades de laranja podem fazer uma boa laranjada, mas duas pessoas pela metade não fazem um casal. Um casal não é formado de duas partes iguais, mas duas partes diferentes. Diferenças são boas, são importantes e devem ser valorizadas e respeitadas. As diferenças existem não para promover a competição entre o casal, mas sim enriquecer o relacionamento.
Aqui, se me permitem, uso a imagem do jogo de frescobol e de tênis para falar da vida em comum. Quem na realidade compartilha conosco esta imagem é o pastor e grande educador Rubem Alves. Frescobol e Tênis são dois jogos bastante parecidos. Ambos usam raquetes e bolas e contam com duas pessoas ou duas equipes jogando juntas. O tênis, entretanto, é jogo de competição. A bola é lançada de um campo para o outro e o objetivo é jogar de tal maneira que a outra pessoa, o adversário, não consiga pegar a bola. Neste jogo, uns ganham e outros perdem. No frescobol, o objetivo também é ganhar, mas ganhar quando todos ganham. No frescobol o objetivo é manter a bolinha no ar - jogar a bola de forma que o companheiro consiga jogar a bola de volta. A diversão não está em competir e ganhar da outra pessoa, mas sim em continuar jogando e contar com a parceria da outra pessoa. Quantos casais se machucam jogando tênis? Quantos casais permanecem unidos quando jogam frescobol?
Por fim, uma última reflexão a compartilhar. E, se me permitem, faço uso de uma outra imagem, a conhecida ilustração que Jesus nos conta sobre a casa construída sobre a rocha e a casa construída sobre a areia. Conforme Jesus nos lembra nesta parábola, sempre existem tempestades que se abatem sobre uma casa, a nossa casa. Quando a casa está construída sobre a areia, ela corre sério risco de desabar. Quando construída sobre a rocha, porém, a casa permanece de pé. Ou seja existem forças externas como uma tempestade, mas também forças internas como um fundamento fraco que podem machucar o relacionamento. Deus quer que a família viva num relacionamento bem fundamentado, bem seguro, num chão firme e seguro. Para a comunidade cristã, este chão firme e seguro é o próprio Deus e sua palavra. Sua palavra, as histórias bíblicas, trazem direção, ânimo, esperança para a jornada, e temperam o relacionamento com a força do perdão, do respeito, do diálogo que sabe falar, mas também ouvir. Deus quer ser o companheiro de conversa franca e amiga que fortalece o relacionamento de vocês. Deus deseja o bem estar da sua família, desta comunidade, e, porque não dizer, de toda a humanidade. Deus é fiel em nos ajudar e esperamos e oramos que vocês também possam permanecer fiéis a Deus em sua caminhada comum. Amém.
 


Autor(a): P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Testamento: Antigo / Livro: Gênesis / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 5 / Versículo Final: 24
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 70655
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Hoje, tenho muito a fazer, portanto, hoje, vou precisar orar muito.
Martim Lutero
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