ASPA - solidariedade com os soropositivos
• Rui J. Bender •
Em São Leopoldo, há em torno de 500 pessoas portadoras do HIV (dados do Centro de Orientação e Apoio Sorológico). Cerca de dez por cento têm acompanhamento do ASPA, uma organização não-governamental criada em setembro de 1992. ASPA significa Apoio, Solidariedade e Prevenção à AIDS. Esta organização atua no combate à AIDS através da prevenção e do acompanhamento às pessoas soropositivas e seus familiares. O ASPA é considerado uma referência na região no tocante ao respeito pelos soropositivos. É integrado essencialmente por voluntários, mas conta também com profissionais remunerados, sócios e colaboradores esporádicos. A equipe soma 13 pessoas e atualmente é presidida por Vera Sirlei Martins; ela se reúne semanalmente.
História do ASPA
A história do ASPA começou em 1991, quando oito estudantes de teologia de São Leopoldo, incentivados pelo pastor Ricardo Wangen, participaram de um treinamento para multiplicadores de prevenção à AIDS na Secretaria Estadual de Saúde e Meio Ambiente. Após aquele treinamento, passaram a integrar a equipe de Saúde Comunitária do Hospital Conceição e o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (GAPA) em Porto Alegre.
Reconhecendo a necessidade de um trabalho semelhante em São Leopoldo, aquele grupo de estudantes iniciou suas atividades em setembro de 1992 num espaço cedido pelo Programa de Apoio a Meninos e Meninas de Rua (PROAME). Naquele ano, já eram conhecidos 31 casos de portadores do vírus da AIDS em São Leopoldo. O grupo adotou o nome de ASPA e passou a motivar outras pessoas para participarem de treinamentos. Também promoveu atividades preventivas em escolas no Vale do Sinos.
O princípio motivador do ASPA sempre foi trabalhar na prevenção da AIDS e no acompanhamento às pessoas portadoras do vírus e seus familiares. No tocante à prevenção, a organização serve-se de diferentes espaços para divulgar suas informações: em plantões abertos ao público, no trabalho de rua junto a meninos e meninas e profissionais do sexo e em escolas e empresas. Nas empresas, os colaboradores do ASPA buscam preparar a empresa para a possibilidade de ter algum soropositivo entre seus funcionários, para evitar restrições e confrontações reacionárias. Procura também informar, de maneira clara e direta, todos os funcionários, incentivando a compreensão, o respeito e a solidariedade para com as pessoas soropositivas
Acompanhamento terapêutico
Quanto ao acompanhamento, os agentes de saúde do ASPA concentram suas atividades na visitação a pessoas doentes de AIDS em hospitais e em visitas domiciliares, que se estendem aos familiares. Também há um atendimento individual, realizado por um psicólogo ou agente de saúde. Isso tem por objetivo dar apoio emocional às pessoas em momentos cruciais de sua vida, por ocasião do conhecimento do resultado do teste, em decisões sobre o uso de medicamentos, na revelação da soropositividade aos familiares. Integrantes do ASPA atestam também que soropositivos que recebem atendimento em sua casa dão uma resposta muito melhor ao tratamento médico.
Um projeto que orgulha a equipe do ASPA é o Mulheres: Prevenção e Responsabilidade. É um dos únicos projetos que se preocupa exclusivamente com as mulheres e conta com o apoio financeiro do Ministério da Saúde. O ASPA preocupa-se especialmente com as mulheres, porque atualmente o número de casos de AIDS tem aumentado significativamente entre elas. Para cada dois homens há uma mulher portadora do HIV. Por isso é importante que todas as mulheres saibam se prevenir e que também possam ensinar outras companheiras a viverem de uma forma mais segura.
Até 1996, o ASPA foi mantido juridicamente pela ISAEC. Financeiramente, ele se sustentou com a aprovação de projetos junto a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e também com doações de comunidades religiosas e de pessoas comprometidas com a luta contra a AIDS. O crescimento da organização foi inevitável e constante. Isso levou o grupo a formalizar-se como organização em 23 de março de 1996, elegendo sua primeira diretoria. A luta pela transformação da realidade levou o ASPA a envolver-se na sociedade de São Leopoldo, ocupando espaços importantes no Conselho Municipal de Saúde, no Conselho Municipal de Assistência e no Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente. Como reconhecimento por esse trabalho, o ASPA foi homenageado, em 1994, com o Prêmio João Haas Sobrinho de Direitos Humanos.
O autor é jornalista e assistente editorial na Editora Sinodal, e reside em Novo Hamburgo, RS
Para maiores informações:
ASPA — Apoio, Solidariedade e Prevenção a AIDS
Rua São Pedro, 968
Centro — São Leopoldo/RS
CEP 93010-260
Fone/Fax: (51) 592.1689
01 de dezembro Dia Internacional de Combate à AIDS
Desde 1988, o dia 01 de dezembro é o Dia Internacional de Combate à AIDS para lembrar a ameaça dessa doença. A partir do início dos anos 80, cada vez mais ouvia-se o conceito até então desconhecido: AIDS (Adquired Immune Deficiency Syndro-me). A doença é causada pelo vírus HIV. A pessoa contaminada com o vírus, mais cedo ou mais tarde, desenvolve a doença AIDS. O sistema imunológico é destruído, o corpo não consegue mais combater os micróbios e muitas pessoas doentes acabam morrendo em decorrência de infecções sem risco.
No combate à AIDS, há dois anos os pesquisadores desenvolveram uma terapia com uma combinação de vários remédios. Por causa do alto custo deste tratamento, o número de pessoas portadoras do HIV e o de casos de morte por AIDS diminui apenas nos países industrializados, enquanto que, nos países em desenvolvimento, o número sobe de forma alarmante. Em torno de 90% do total de 30,6 milhões de pessoas que, hoje, são portadoras do HIV ou já desenvolveram a síndrome da AIDS vivem no Terceiro Mundo.
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