Ascensão de Jesus
Cristo sobe para que nós possamos descer...
A vida é assim. Todas as pessoas desejam subir! Subir na carreira, nos estudos, subir nos negócios, subir na relação com Deus. Muito do que fazemos, planejamos e sonhamos está relacionado com a expressão “subir na vida”. A palavra ascensão está relacionada com a subida. Jesus Cristo ascendeu aos céus, subiu! Mas antes de subir teve que cair e descer no mais profundo abismo, na dor e sofrimento, na morte de cruz. Seu plano de vida e sua missão não era “subir na vida”, mas fazer-se gente como a gente e amando, perdoando, anunciando paz e amor como Deus o faria entre nós. Jesus Cristo, após vir ao mundo, cumprir sua missão, anunciar o Reino de Deus foi condenado e crucificado, mas morto não permaneceu. Foi ressuscitado por Deus, viveu novamente pela força do amor e do poder da Vida. Vivo, encontrou-se com as pessoas com as quais conviveu, partilhou o pão e vinho, ensinou, acolheu, valorizou as pessoas. Nos encontros e ensinamentos fortaleceu a esperança, a fé, o amor. Após sua descida no mais profundo abismo da morte, Jesus viveu e subiu ao céu. Esta é a festa da Ascensão que celebramos 40 dias após a Páscoa.
Ascensão lembra que Jesus não esta mais presente de forma física entre nós. Ele subiu para junto de Deus, assim confessamos: “...subiu ao céu e está sentado a direita de Deus Pai, todo-poderoso, de onde virá para julgar os vivos e mortos...”. Jesus Cristo sobe não para aparecer e fazer com que os holofotes brilhem sobre ele, não para subir na vida como é o ideal do ser humano em todos os tempos, mas para descer e encarnar-se na gente e entre a gente. Ele sobe para nos lembrar que é no dia-a-dia, onde temos os pés no chão que devemos viver e abraçar, amparar, socorrer, servir e amar as pessoas que Deus coloca em nosso caminhar. Ali onde estiverem duas ou três pessoas reunidas em nome de Deus e servindo com amor, Jesus Cristo está presente. Ali onde as pessoas são ouvidas, acolhidas, amadas, ajudadas em suas necessidades estaremos ajudando o próprio Cristo, cf. Mt 25. Na vida diária Ele nos desafia e acompanha para desempenharmos bem nossa missão como filhos e filhas de Deus.
Jesus Cristo sobe ao céu para nos fazer lembrar que é Deus quem desce e vem ao nosso encontro. É Deus que vem, ouve o clamor do povo e desce para nos salvar, amar, perdoar, despertar em nosso viver dons e capacidades para podermos servir mais e melhor. Quem não vive com os pés no chão e transforma a realidade sendo sal da terra e luz da humanidade não desceu e jamais poderá subir. Isso para Deus é “subir na vida”: Fazer a sua vontade sendo instrumento de paz e amor neste mundo.
Em sua vida e ministério Jesus deu alguns sinais de sua partida, de sua ausência física. Aos seus discípulos disse: Ainda um pouco e não me tereis mais diante dos olhos, e ainda mais um pouco e me vereis.” (Jo 16.16).
Em outra passagem do Evangelho Maria Madalena reconhece o Mestre na figura de um jardineiro, e trata de agarrá-lo, pois teme que ele se vá. Mas Jesus lhe diz: “Não me detenhas, porque […] subo para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17).
Quando chega o dia de sua Ascensão, nos é dito: “Depois disso, Jesus foi levado para o céu diante deles. Então uma nuvem o cobriu, e eles não puderam vê-lo mais” (At 1.9).
Jesus ascende, sobe para junto de Deus e não se deixa prender, pegar, pois Deus é Mistério profundo que se revela na simplicidade e no cotidiano da vida, onde ele se fez gente entre nós, onde desceu e habitou para nos ensinar o caminho e a vontade de Deus.
Na Ascensão Jesus Cristo sobe ao céu e não nos deixa a sós. Promete-nos o Consolador, o Espírito da Verdade. Afirma que estará sempre conosco até os confins da terra e que o mais importante não é “subir na vida” e sim descer e relacionar-se com as pessoas sendo presença de amor, cuidado, serviço, humildade como ele mesmo fez e ensinou tão bem.
Na Festa da Ascensão de Jesus Cristo podemos firmar nossa fé no Deus que veio, vem e virá ao nosso encontro e como povo de Deus podemos cantar e jubilar: “Ontem Ele foi, hoje Ele é, haja o que houver, sempre Ele será” (HPD 2 – 474).