Aprendendo com o Che

04/05/2009


Caros amigos e amigas. Recentemente fez muito sucesso um livro de John Grogan intitulado “Marley & Eu”, o qual depois foi transformado em filme, que igualmente fez muito sucesso. Lembrei disso porque, assim como muitos de vocês, tenho minha própria história envolvendo um cachorro. E nós podemos aprender muito com eles, os caninos.

Há duas semanas apareceu na porta de nossa casa um filhote abandonado; deve ter não mais que seis meses. Estava sujo, fedorento mesmo, um pouco machucado, faminto e com carrapatos pendurados em suas orelhas. Tentamos afastá-lo algumas vezes, mas ele pedia guarida e acolhimento. Depois de uma semana de insistência, do cãozinho e de nossa filha mais nova, nós cedemos e acolhemos o animalzinho. Ele foi adotado e integrado numa família.

Começou então todo um processo de cuidados que são necessários em tais situações. Ele precisou de um bom banho, foi limpo dos carrapatos, está sendo alimentado, levado para passear, ganhou uma casinha para morar e adolescentes com os quais pode brincar. Recebeu até um nome: “Che”, escolhido por nossa filha mais nova que desempenha o papel de “mãe”. Mas o que chama minha atenção é que algumas vezes ele parece sentir saudade da rua e, à noitinha, até pede para sair, especialmente nos dias em que recebeu menos atenção.

Fiquei pensando nisso e me perguntava: Por que ele faz isso? Na rua ele passava fome, era chutado por estranhos, estava sujo e abandonado. Cheguei à conclusão que ele sente saudade da velha vida e do velho mundo, o único que até agora conheceu. Esta saudade é maior quando ele não recebe atenção. E tirei disso algumas lições que gostaria de compartilhar com vocês.

O apóstolo Paulo escreveu que sem Cristo, nós também estávamos longe de Deus, vivendo no pecado e na sarjeta, sendo maltratados e desprezados por quem não tinha nenhum interesse em nosso bem-estar (Efésios 2.13). Mas fomos acolhidos e adotados por Deus através de Jesus Cristo, seu Filho e da obra que ele realizou por nós na cruz (Efésios 1.4,5). Por benignidade de Deus fomos limpos, lavados e purificados por meio do batismo (Tito 3.4-7). Até recebemos um nome: Filho, filha de Deus (Isaías 43.1 e 1 João 3.1). Deus nos ama, sustenta e supre diariamente todas as nossas necessidades e nos presenteia com a esperança da vida eterna (Tito 1.2 e 1 Timóteo 6.12).

Mesmo assim, quantas vezes queremos voltar à velha vida, sem Cristo, e sentimos saudades do velho mundo de onde fomos tirados? Quantas vezes, assim como o povo de Israel, que foi liberto do Egito, mas reclamava e prostestava, nós alimentamos um saudosismo dos velhos tempos; tempo de escravidão e de exploração? Faz sentido isso?

Assim como o “Che” pede para voltar à rua quando se sente solitário, assim nós muitas vezes temos que lidar com a solidão em nossa caminhada como cristãos. Então queremos voltar à velha vida, mesmo que ela seja pior do que a nova vida que alcançamos por meio da fé em Cristo (2 Co 5.17).

Aprendi, portanto, que não somos acolhidos para viver a nossa fé de forma solitária, isolados uns dos outros. Precisamos de comunhão, de proximidade humana, de acolhimento mútuo, de atenção, carinho e compreensão. Estas coisas, assim pensei, olhando para o nosso cachorro adotado, são tão ou mais importantes do que ter o que comer e onde morar.

Vejo nisso tudo um convite e um desafio para que aprofundemos nossos relacionamentos uns com os outros e cresçamos na comunhão com aquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz – Jesus Cristo (1 Pedro 2.9). Obrigado “Che” pelas lições que nos ensinas.

Grande abraço a todos.

P. Germanio Bender – Pastor da IECLB em Limeira/SP


Autor(a): Sínodo Sudeste
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8402
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