Apocalipse 3.14-22 - Vivemos da graça de Deus

Prédica

13/07/2008


Leitura Bíblica Básica: Apocalipse 3.14-22
Outras Leituras:
Autor: P. Elton Pothin
e-mail:
Origem: CEJ - Paróquia Martin Luther
Cidade: Joinville - SC
Data da pregação: 13/07/2008
Data Litúrgica: 8º Domingo após Trindade

Prédica:
Prezada Comunidade cristã aqui reunida.

Inicio recordando que, no domingo passado, falei sobre Filipenses 4.5, onde diz: seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. E destaquei a palavra MODERAÇÃO, dizendo que o cristão deve viver, falar, agir de forma moderada - deve ter um comportamento MODERADO - sem exageros em toda sua vida - na família, no trabalho, na sociedade; também na forma de crer, de viver a fé, sem fanatismo nem apatia.

Mas muitos poderiam dizer: mas no apocalipse está escrito: Porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. O morno seria o moderado! E haveria então contradição no texto da própria Sagrada Escritura. Por isso, vamos olhar mais de perto o texto de Apocalipse e ver o que ele significa.

Vamos começar olhando para a cidade de LAODICÉIA e para sua Comunidade.

A cidade é rica, famosa por suas fábricas de panos de linho - principalmente de pano preto; famosa por seu comércio, por seus bancos com ouro de alta e boa qualidade; conhecida por seus artífices e por sua faculdade de medicina, cujas pomadas e colírios eram conhecidas em todo o império romano. A água da cidade era morna, por causa de suas fontes termais.

Nesta cidade rica há uma Comunidade também rica (estou rico e abastado - v. 17). Rica, e auto-suficiente (não preciso de coisa alguma - v. 17). Dizem a si mesmos: nós atingimos o estágio perfeito da fé e do ser Comunidade. Somos uma Comunidade perfeita. Nossos membros são ativos, temos muitas boas obras (v. 15). Por isso, de nada mais precisamos.

E este é o problema da Comunidade: ela se considerava auto-suficiente, confiante nas próprias obras e nas próprias forças. É o perigo que a riqueza oferece: a sensação de que você é poderoso, aquele que pode tudo. Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma. Eu me basto a mim mesmo. Esta Comunidade é como aquele que diz: Éramos pequenos e pobres. Agora, graças ao nosso trabalho, o nosso pequeno comércio é uma grande loja.

Ser cristão é justamente o CONTRÁRIO disso - é reconhecer-se sempre dependente de DEUS. Como Lutero definiu, nós somos um saco de vermes e, diante de DEUS, somos MENDIGOS, nada mais - dependemos totalmente da bondade, da misericórdia, da graça de DEUS.

Por isso, esta Comunidade não é quente, pois não testemunha da necessidade do arrependimento, do pedido do perdão, da graça e do perdão de DEUS, do seu amor revelado por Cristo na cruz, da qual todos nós somos dependentes.

A Comunidade é morna - assim como a água da cidade - ruim de beber, de engolir - têm-se vontade de cuspí-la da boca - estou a ponto de vomitar-te da minha boca. (v. 16)

É uma Comunidade que esqueceu-se que DEPENDE da graça de DEUS para viver e para sua salvação e salvação de todos as pessoas. Esqueceu-se de que tudo é graça e sem o amor e a bênção que vem de DEUS nada poderia se fazer. Esqueceu-se de pedir perdão pelos seus pecados. Esqueceu-se que é preciso arrependimento. Esqueceu-se de pregar e testemunhar de que todos precisam arrepender-se, de que ninguém é perfeito, sem pecados e de que todos precisam da graça e do perdão de DEUS revelados em Jesus.

Por outro lado, a Comunidade não é fria. Se fosse fria, poderia ser aquecida pelo ouvir do Evangelho do arrependimento, do perdão e da graça de DEUS. Se fossem pessoas sem fé, poderiam pelo menos ouvir a palavra de DEUS e se converter, percebendo que a verdadeira riqueza vem de DEUS.

Esta Comunidade tem uma forma errada de interpretar e viver a fé.

Para esta Comunidade, Jesus tem uma forte palavra de condenação: estou a ponto de vomitar-te da minha boca (v. 16); és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. (v. 17)

Esta Comunidade precisa converter-se a Jesus, precisa do ouro refinado pelo fogo, precisa de vestiduras brancas - precisa passar pelo arrependimento, pela penitência para poder considerar-se vitoriosa junto com cristo; precisa de colírio para abrir os olhos e sair da cegueira do comodismo e da auto-suficiência. Jesus não desiste destas pessoas, desta Comunidade. Ele está à porta e bate, diz o v. 20 - Eis que estou à porta e bato.

Jesus não vai entrando sem permissão. Ele espera que cada pessoa, cada Comunidade abra a porta e o convide para entrar - e isto significa arrepender-se dos seus pecados, pedir perdão, abandonar a auto-suficiência e reconhecer-se dependente da sua graça e do seu perdão.

Portanto, o MORNO de que fala o texto de Apocalipse não quer dizer MODERADO. O MORNO refere-se a uma forma errada de interpretar e viver a fé.

O convite de Jesus no texto de Apocalipse fica para todos nós: vamos viver nossa fé de uma forma correta:

- Nos arrependendo de nossos pecados, pedindo perdão, não confiando em nossa própria força e auto-suficiência; reconhecendo e confessando Jesus como nosso Senhor e Salvador, reconhecendo e confessando que dependemos unica e exclusivamente do seu perdão e da sua graça para viver;

- Vivendo de forma MODERADA a nossa fé (Filipenses 4.5).

Amém.


 


Autor(a): Elton Pothin
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - Martin Luther
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 9º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: Apocalipse / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 14 / Versículo Final: 22
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 8906
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