Amar de Paixão

13/06/2008



A nossa vida está marcada pela velocidade com que as informações circulam e pela transitoriedade das relações e dos sentimentos. Isso confirma aquela verdade popular que afirma: quanto mais se corre, menos se consegue ver. Quanto maior a pressa, menos percebemos a realidade e as pessoas em nossa volta.

A ciência explica que o nosso campo de visão, visão periférica, é de 165º graus. Quando uma pessoa se movimenta a uma velocidade de 40 quilometros horários esta visão é reduzida para 90º. Numa velocidade maior, entre 80 a 100 quilometros por hora, a visão é de 40º. Proximo aos 200 quilometros horários a visão é tão somente de 7º . Ou seja, quanto mais se corre, menor é o alcance da visão humana.

Isto me fez a refletir a respeito da paixão e do amor. Por conta do dia dos namorados. Sim, a paixão e o amor que por vezes complicam tudo e outras tantas vezes tornam tudo tão mais fácil e simples.

A paixão é um sentimento desmedido, que troca os pés pelas mãos. Na paixão tudo parece tão simples. Conseguimos o que queremos sem discussão, fazemos o que agrada o outro. Quem experimenta a paixão abre mão de sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento entre a euforia e o sofrimento. A paixão completamente correspondida causa grandiosa felicidade e qualquer rejeição ou dificuldade pode trazer grande tristeza. É a relação entre pessoas a 200 quilometros por hora. É uma relação aos extremos, sem cautela, com pouca visão e razão. Este é o sentimento que a sociedade incute e que acaba se tornando comum e normal no namoro e no próprio casamento. Até porque é assim que sociedade funciona ao ritmo frenético da criação de desejos a serem imediatamente satisfeitos e logo em seguida descartados.

Já o conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém. É a paixão na sua fase mais madura capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar os estimulos necessários para a sua manutenção e motivação. Amar também tem o sentido de gostar muito e freqüentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Amar é a gente se movimentar numa velocidade menor, sendo capaz de perceber os pequenos detalhes da relação. O amor realça sentimentos, situações do dia a dia, essenciais para um bom namoro e casamento, que a paixão não deixa perceber.

Amar, em relação ao estar apaixonado, parece meio frio, lento. Pois a paixão tira tudo do lugar, faz o coração disparar, tem pressa de ver e encontrar o outro. Mas mesmo assim o amor não é frio, nem monótono. É que estar apaixonado é muito vibrante. Mas isso passa. Já o amor fica e acompanha a relação por toda a vida. O amor permite a identidade individual. O amor deixa ver as carências, os sonhos, as dúvidas, os desejos, os afetos daquela e daquele que está ao lado. O amor permite a gente cultivar a vida numa velocidade menor, pois só assim se enxerga e se percebe quem está ao nosso lado.

Estar apaixonado é bom, mas tem seu tempo. A paixão só, passa. Amar e sentir-se amado é ótimo, é para a vida toda. Quem sabe dá para combinar paixão e amor. Amar de paixão é a soluçao? Quem sabe. Assim como Deus nos ama de paixão.

Renato Kuentzer
Pastor Sinodal
Sínodo Noroeste Rio-grandense


Autor(a): Renato Kuentzer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: São Paulo - Leste (Ferraz de Vasconcelos-SP)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8549
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