Além da Cura - Lucas 17.11-19 - Missionário Felipe Milani - 03 de fevereiro de 2021

Oração em tempo de coronavírus

03/02/2021

Olá,

Provavelmente você já ouviu falar sobre a história em que Jesus cura um grupo de pessoas acometidas por uma doença chamada lepra ou numa linguagem mais atual, hanseníase. Essa história está registrada no Evangelho de Lucas 17.11-19.

Uma obra de arte que expressa aquele momento pode nos ajudar nesse exercício imaginativo e de meditação. Fixados nessa imagem e olhando um pouco do contexto daquele cotidiano do tempo de Jesus e ao mesmo tempo fazendo uma ponte para a nossa época, gostaria de refletir em uma perspectiva além daquela cura. O que aprendo com essa história?

Aprendo que, quando alguém é desprezado por não estar em sua plena capacidade física, emocional ou intelectual. Quando não por vontade própria, mas pelas circunstâncias da vida, o lado obscuro e frio envolve sem pedir licença, aprendo que é salutar a necessidade de compreensão, ainda que poucos estendam a mão diante das vulnerabilidades que temos. A única coisa que importa é ser acolhido(a).

Consigo perceber além da cura a interação entre as pessoas que vivenciam dos mesmos dilemas, dores e temores – Origina-se companheirismo, nasce comunidade.

Eram judeus e samaritanos (inimigos históricos) unidos pela mesma dor. Somos hoje, cristãos, umbandistas, judeus, muçulmanos, brancos, pretos, da direita, do centro, da esquerda, gays, heterossexuais... Qual é a dor que deveria nos unir? A de ver a humanidade se fragmentando por conta da indiferença, de preconceitos, de falta de solidariedade, da falta de diálogo. “O que nos une é maior do que o que nos separa” (Papa João XXIII).

Além da cura está o pedido por ajuda. O grito por socorro. Isso demonstra que não estamos imunes aos perigos do mundo. De que tudo pode mudar de repente, do vigor para a debilidade, haja visto a Pandemia do coronavírus.

Nós adoecemos, na alma e no corpo. Nosso corpo fede na doença, nossa alma se abate na fraqueza. Mas não estamos sós nessa luta. Jesus disse certa vez: “Estive doente”.

“Ao ver um oprimido por grave enfermidade não podemos fazer de conta que não estejamos ouvindo a voz de Cristo clamando do corpo e da alma dessa pessoa: Eis-me aqui, doente” (Lutero).

Como é bom saber que o seu cheiro é o mesmo que o meu: ora perfumado, ora catinguento.

Além da cura existe o despertamento para a fé. Assim tudo em nós ganha fôlego para recomeçar uma velha ou nova batalha. Aprendo que é quase impossível silenciar-se diante da bondade, fé e amor recebido. Dessa maneira, nos sentimos impulsionados(as) por uma força que começa de dentro e se exterioriza entre risos, lágrimas e gratidão. Alívio e esperança.

Obrigado, ó Deus por ser, em Jesus Cristo, tão terapêutico, tão paciente e tão acolhedor. Muitas vezes não somos assim. Nos completa desse amor, ó bondoso Deus. Amém!

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