Ação de Graças

“Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento.” (Salmo 145.15)

30/06/2014

oferta de gratidão
ele é meu irmão
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O versículo bíblico e o calendário litúrgico nos lembram que estamos em época de ação de graças pela colheita. As pessoas de fé reunidas celebram em gratidão a Deus por receberem dele a dádiva que sustenta a vida. Tanto quem vive no campo quanto quem mora nas cidades recebe de Deus seu sustento.

Desde os primórdios Deus sustenta e cuida do seu povo. A generosidade de Deus é conhecida há muitas gerações. Lamentavelmente o egoísmo humano também. Estes sentem-se no direito de guardar para si a generosidade que Deus dá para todos/as. O que guardo a mais em meu celeiro (ou conta bancária) falta no celeiro do outro.

As pessoas que são regidas pelo espírito da sociedade mercantilista acham isto normal. Justificam tal atitude como sendo um direito, fruto do mérito: “trabalhei, logo sou merecedor. Você não trabalhou, não é merecedor.” A dádiva divina, nesta relação de causa e efeito, é apropriada pelo mérito que a sociedade humana estabelece. Assim se entende como e por que uns tem mais “méritos” que outros. Em verdade, diz Lutero, para o bom funcionamento da sociedade o gari é tão importante quanto o médico. Mas na sociedade do mérito as profissões citadas estão em pontas distintas da escala de trabalho social.

Deixar a vida ser regida pelo Espírito de Deus é fazer uso do princípio de produzir e guardar sem acumular. Produzir e guardar algo é prudência. Veja o exemplo de José no Egito (Gênesis 41). Na fartura não esbanjou, mas guardou. Guardou sem acumular, pois no tempo da necessidade teve alimento para todo mundo. José foi o que podemos chamar de administrador das dádivas divinas. Isto é um dom e expressão de fé.

Celebrar ação de graças é reconhecer que toda boa dádiva vem de Deus. Mas é também sentir-se desafiado à partilha e à comunhão. Como Igreja Luterana cremos que somos ferramenta na mão de Deus: dele recebemos toda boa dádiva e através de nós ela chega a quem vive ao nosso redor. As dádivas divinas são como o rio que não conhece fronteiras até que a mão do ser humano represa as águas.

Deixe a dádiva de Deus seguir seu caminho – através de você. Você é livre para produzir e partilhar. Por gestos de comunhão, partilha e cuidado mútuo o Cristo Salvador é hoje revelado entre nós. Amém.

 


Autor(a): P.Marcos Jair Ebeling
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 28786
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