A Semana da Paixão e a Páscoa ainda "falam"...

04/04/2013

Os principais rituais da Semana da Paixão e a Páscoa retratam a nossa fé nas dimensões da esperança, da paixão vivida no cotidiano e da nossa resistência à morte traduzida em interação com os sinais do reino de Deus.

Na quinta-feira da paixão as nossas comunidades e outros milhares celebraram a Ceia do Senhor e o “Lava Pés”. Sacramento e rituais que nos remetem a esperança. A nossa vontade de viver em comunhão plena, uns com os outros e com Deus, o misericordioso e salvador que acolhe, alimenta, ouve o clamor, alivia as dores, enxuga as lágrimas e doa-se para salvar. Remete também à sabedoria da humildade, do servir ao outro com desprendimento e, assim, a esperança de participar da construção de meios, espaços e situações onde a vida respira em plenitude, em abundância, onde são revelados os sinais vivos da justiça, da paz e da eternidade que há de vir.

A sexta-feira da paixão, por sua vez, retrata a nossa desgraça, a nossa negação de tudo que procede de Deus. Representa a nossa realidade humana caída e podre: Centenas de mortes, nas ruas, nas casas, nos espaços de lazer, no trânsito, a maioria delas por descaso, irresponsabilidade, indiferença e atitudes violentas; guerras econômicas e de poder, visível no mercado, na política, no poder judiciário, também nas estruturas e agentes da segurança pública; agentes de segurança torturando, matando e morrendo; crianças sendo assassinadas, ou abandonadas; mulheres sendo ameaçadas, perseguidas, violentadas e assassinadas; aparelhos da mídia especializados em manipulação de informações; corrupção, furtos e roubos, em todos os níveis; poderes institucionalizados a serviço da injustiça e da destruição da sociedade civil, adulterando leis, procedimentos legais, criminalizando os fracos e despossuídos; intolerância; conteúdos sagrados usados em vão para dominar, manipular multidões e fomentar a hipocrisia e idolatria. A cruz de Cristo estampa o projeto humano de vida derrotado. Revela a morte, o “mundo dos mortos”, a escravidão e o sofrimento.

O ritual da Páscoa revela e sistematiza a nossa salvação. Traduz a nossa vocação de envolver-nos com os sinais do reino de Deus. Dialoga conosco apontando que após e na morte encontra-se a vida. Na Páscoa os nossos gestos, louvores e orações comunicam que a vida é e está fértil, uma festa, tal como o melhor doce, gostosa de viver e de partilhar. A dignidade, a alegria e a paz são possíveis, objetivas, reais. Na morte, em Jesus Cristo, Deus inaugura a vida não tem fim, que transcende o nosso entendimento e os nossos limites – Ela é majestosa. Por isso cremos na ressurreição do corpo, que em Cristo já morremos e nos foi antecipado a novidade de vida. Cremos que podemos nascer de novo todos os dias, ser novas criaturas. Nessa condição humana, tocada pela ação salvífica de Deus, temos a liberdade para amar, servir, perdoar, viver em comunidade - ser, participar e testemunhar. Estamos entre os milhares que na Páscoa celebraram a salvação e se fortaleceram para participar dos sinais do reino instalados aqui e ali em nossos contextos.

Os rituais da Semana da Paixão e a Páscoa dialogam conosco e com a nossa realidade humana. Comunicam que Deus trouxe para o mundo, manchado pela morte, a vida livre e majestosa. Ele não fugiu da nossa escravidão e da nossa violência! Na cruz revelou o seu amor e socorro, na ressurreição, celebrada na páscoa, concretizou a nossa viva esperança. alimentada na Ceia do Senhor e nos rituais da comunhão e da humildade.
 

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