Quem de nós não gosta de ganhar um presente? Creio que todos nós gostamos, pois é bom ganhar presente, ainda mais quando nem esperamos. Ficamos felizes, nos sentimos valorizados e amados.
Infelizmente, nos dias de hoje, não é muito comum ganharmos algo de graça. Nós criamos e estruturamos um mundo onde praticamente nada é de graça, tudo se paga. Estamos acostumados a ver que tudo o que se refere a nossa vida tem um preço.
Essa mentalidade de que nada é de graça está tão presente em nós que a transferimos também para nossas comunidades. Pessoas passam a pensar e acreditar que na nossa relação com Deus as coisas funcionam da mesma maneira, que Deus salva e abençoa aqueles que merecem. Pensa-se que a salvação depende de nós, do nosso esforço, de nosso bom comportamento e de nossas ações. Quem pensa dessa maneira, entende que a salvação é uma recompensa, um prêmio ao mérito. O problema é que quem pensa e vive assim, vive inseguro, não tem certeza se fez o suficiente para merecer a salvação. Ser cristão torna-se algo penoso e cansativo. A pessoa não tem paz e tranqüilidade. O reformador Martim Lutero sentia isso antes de realizar a reforma na Igreja e em si mesmo. Na sua época se pensava assim. Só que, conforme a Bíblia, a salvação não é recompensa! A salvação é dádiva, é presente.
O apóstolo Paulo em Efésios 2. 8-9 diz: “Pois é pela graça de Deus que vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês mesmos, e por isso ninguém deve se orgulhar”. Ou seja, conforme a Bíblia, a salvação não depende de nós. Não depende de nenhuma obra nossa. É claro que o ser humano deve fazer o bem, fazer boas ações. Como dizia Martim Lutero: “É impossível separar da fé as obras; é tão impossível como separar do fogo a chama e a luz”. Mas não é isso que nos salva, não é o que somos e fazemos que nos salva. O que nos salva independe de nós. O que nos salva é Deus. Nós não merecemos. Mesmo assim Ele nos salva e faz isso por amor. E este amor de Deus começa a se revelar no momento em que nascemos e se estende por toda a vida. Num passo bem concreto, Deus oferece o seu amor no batismo, mesmo que, como criança, nada possamos entender ou dar em troca. É Ele, Deus, que dá o primeiro passo. É Ele, Deus, que salva. Salva de graça, não cobra nada.
Que ao lembrarmos da Reforma no próximo dia 31 de outubro, sejamos instrumentos dessa boa mensagem para as pessoas de nosso tempo: Salvação é presente gracioso de Deus. Não pode ser comprada ou conquistada por méritos. Salvação não é recompensa, é presente. Precisa ser aceita em fé como presente. E como diz certa frase: “A fé é a mão que se estende para pegar a graça que vem de Deus!”. E mais: Fé não é a simples aceitação de verdades, mas é confiança e entrega incondicional da nossa vida a Deus. E isso se manifesta em todos os aspectos da vida humana, pois a nossa fé deve ser atuante no amor, na justiça, no perdão, na reconciliação, dando assim bons frutos onde estivermos. Pense nisso e que Deus te abençoe!
Paróquia Alto Bela Vista