Senhor, só tu me fazes repousar seguro" (Salmo 4.8)
Este é o lema do primeiro mês do ano de 2005. Que lema apropriado para o tempo em que vivemos, em que todos nós ansiamos, desejamos e buscamos a paz, seja ela interior ou a paz entre as pessoas e as nações.
Olhando para verso deste salmo temos a impressão que o autor de tais palavras vive fora da realidade, está num outro mundo que nada tem a ver com o mundo em que nós vivemos. Deitar em paz e logo pegar no sono! Que privilégio. Que bênção! Quem não gostaria de poder fazer isto?
Em nosso mundo o que mais sentimos é falta de paz e tranqüilidade. Temos motivos de sobra para não sentir paz: os conflitos entre as nações continuam ano após ano, mas também as inquietações interiores nos atormentam sem parar. As preocupações com os filhos, o emprego, o custo de vida, o buraco na camada de ozônio, a violência nas ruas, tudo isso nos inquieta e nos tira a paz. Como é possível ter paz?
Então o salmista nos diz: Em paz me deito e logo pego no sono. Será que ele não tinha preocupações? Qual o segredo da paz que ele experimentou? Se olharmos o Salmo 4 com atenção vamos perceber que o autor desse salmo também enfrentou problemas. O título do salmo já menciona a angústia como algo presente em sua vida. Ele menciona no texto pessoas que o perseguem e maltratam. Outros que usam de mentira e falsidade. Qual é, então o seu segredo para obter a paz?
O salmista traz na presença de Deus todas as suas angústias e aflições. Por meio da oração ele entrega todos os seus problemas àquele que pode dar alívio e oferecer paz. Por isso vêm as bonitas palavras: "Só tu, Senhor, me fazes repousar seguro". Aí está o segredo. A paz experimentada pelo salmista não é igual a ausência de dificuldades e problemas, mas a certeza de que Deus o sustenta e carrega em meio a tudo que ele tem que enfrentar. A paz do salmista não é algo que depende das circunstâncias exteriores e nem é algo produzido por ele mesmo. A paz que ele vivencia é fruto da confiança em Deus, apesar de todas as tempestades da vida.
Isso me faz lembrar de uma história que li em algum lugar. Certa vez realizou-se um concurso de pinturas cujo tema era a paz. O prêmio caberia ao pintor que melhor retratasse o conceito de paz. Apresentadas todas as obras, o quadro vencedor foi de um artista que retratou uma terrível tormenta. Em meio a ela, porém, sentado na fenda de um imenso rochedo, via-se um pequenino pássaro, ao abrigo da chuva, e incrivelmente tranqüilo.
É dessa paz que precisamos, a paz que Deus oferece. Não a paz que nos vem de um meio ambiente sob controle, mas uma paz que podemos experimentar mesmo que o meio ambiente se encontre descontrolado. Esta paz não é simplesmente a ausência de guerras, mas é um estado de espírito, de harmonia com Deus, consigo mesmo e com as outras pessoas. Esta paz é resultado de uma vida depositada em humilde, mas confiante esperança nas mãos daquele que se tornou o príncipe da paz. Por isso Jesus pode nos dizer no Novo Testamento: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14.27).
Que neste ano de 2005 possamos lutar pela paz no mundo inteiro, mas acima de tudo buscar a paz que nasce de uma vida totalmente entregue nas mãos de Deus, porque só ele pode nos fazer repousar em segurança.
P. Germanio Bender