Jovens reunidos na cidade de Neuendettelsau representam a unidade dos mais diversificados contextos luteranos e geográficos do planeta. A diversidade histórica e teológica de cada Igreja Luterana é visível nos diálogos estabelecidos na Consulta Internacional sobre Tolerância nas Igrejas & Sociedades ocorrida na Alemanha por intermédio da Mission EineWelt. Durante a consulta diversos assuntos foram socializados e, em especial, três assuntos desafiaram o exercício da tolerância entre os participantes:
(1) Sexualidade humana
Este tópico desafia a prática da tolerância entre as Igrejas Luteranas, por exemplo: o debate teológico que ocorre entre a Igreja Luterana da Tanzânia com a Igreja Luterana da Baviera na aceitação de pessoas homossexuais ao ministério ordenado ou na possibilidade de uma benção para uniões estáveis. A Igreja Luterana da Tanzânia posiciona-se contrária a postura teológica e pastoral da Igreja Luterana da Baviera na inclusão de pessoas homossexuais. Constata-se, a necessidade de avaliar as dimensões culturais e não apenas teológicas de cada contexto geográfico. As opiniões divergentes não são motivos para romper os compromissos assumidos na missão de Deus (parcerias etc). A unidade permanece como objetivo comum e estimula o progresso de novos diálogos no campo da sexualidade humana. Jovens dos mais diversificados contextos do luteranismo reconhecem que julgamentos precipitados impossibilitam a discussão do tema nas comunidades cristãs e, muitas vezes, incentivam a prática da intolerância.
(2) Ordenação de Mulheres ao Ministério Ordenado
A ordenação feminina permanece como “tabu” em muitas Igrejas cristãs no mundo. Os argumentos teológicos a favor da ordenação de mulheres ao ministério ordenado da Igreja tornam-se mais socializados no cenário internacional. Algumas Igrejas Luteranas estão em processo de discussão para ordenar mulheres, mas enfrentam resistências por parte de ministros e comunidades contrárias ao ministério feminino. Entre os jovens participantes da consulta surgem posicionamentos divergentes, principalmente na interpretação de alguns textos bíblicos das cartas paulinas. A Igreja Luterana no Brasil (IECLB) destaca-se pelos mais de 30 anos de aceitação e inclusão das mulheres no ministério ordenado e a contribuição notória do ministério feminino nos diversos campos de atuação da sociedade brasileira.
(3) Compreensão de missão e diálogo inter-religioso
As Igrejas Luteranas inseridas em contextos de presença budista, judaica, muçulmana e hinduísta (entre outros grupos religiosos) aprimoram “passos” no diálogo inter-religioso e na prática da tolerância. Os jovens participantes da consulta sentem-se chamados a pregar a boa notícia do Evangelho e promover a tolerância com outras tradições religiosas. A sociedade global é um ambiente de diversidade e não um espaço de rivalidade. O ministério de Cristo ensina a respeitar o diferente e a servir o próximo através dos dons concedidos por Deus. Praticar a tolerância com outros grupos religiosos não significa perder a identidade cristã ou a convicção religiosa de cada pessoa. Ações de intolerância religiosa contribuem para a perseguição de cristãos e não cristãos e, lamentavelmente, causam sofrimento para um número incalculável de pessoas. As pessoas são livres para praticar sua fé e viver comunidade.
O exercício diário da tolerância estimula os participantes da consulta internacional a respeitar as diferentes posições, assim como os limites e progressos de cada Igreja Luterana. A prática da tolerância exige respeitar a diversidade da criação de Deus e a diversidade dos contextos comunitários. A UNIFORMIDADE não é um elemento almejado entre os jovens e participantes na consulta internacional, contudo a UNIDADE é um elemento indispensável. Uniformidade inibe a cooperação - Unidade estimula a cooperação.
Jovens das diferentes Igrejas Luteranas compreendem a necessidade de exercitar seus limites e avanços no que se refere à prática da tolerância, reconhecendo a ação de Deus e o testemunho da fé. Nesse sentido, 24 jovens representando 12 países compartilham o “ACORDO/COMPROMISSO” assumido durante a consulta internacional.
Consulta Internacional de líderes jovens - 2013
15 julho à 10 agosto
TOLERÂNCIA em nossas Sociedades & Igrejas
ACORDO FINAL
O Tema tolerância foi refletido por 24 participantes que representam Igrejas Luteranas de vários países e a Igreja Protestante da China. Após intensos diálogos, destaca-se o seguinte acordo internacional.
Vós sois o sal da terra. (...). Vós sois a luz do mundo. (...). Assim resplandeça a vossa luz diante dos seres humanos para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. (Mateus 5:13-16)
Nós, como jovens cristãos somos chamados a sermos exemplos e termos influência nas igrejas e sociedades. Nós definimos a tolerância como: promover/suportar as diferenças que reconhecemos neste mundo diverso e criado por Deus.
Somos chamados a tolerar cada pessoa como parte da criação de Deus e por causa da graça e do amor de Deus por nós. Isso não quer dizer que sempre concordaremos com o comportamento e a posição de todos porque não desejamos comprometer a nossa crença e a identidade cristã.
De acordo com a nossa consciência, dada e influenciada pelo Espírito Santo, todos somos chamados a identificar os próprios limites de tolerância.
Com isso, queremos atingir os seguintes objetivos:
- Agir com justiça, amor e misericórdia, e andar humildemente com Deus. (Miquéias 6:8)
- Promover o amor na prática/exercício de nossa fé;
- Procurar compreender os diferentes “pontos de vista” das pessoas;
- Respeitar a diversidade;
- Convidar as pessoas a reconhecer seus pecados e testemunhar a graça de Deus;
- Viver em uma sociedade pacífica e justa.
“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (Mateus 7:12)
Participantes da Austrália, Papua Nova Guiné, Filipinas, Coreia do Sul, China, Malásia, Cingapura, Alemanha, Tanzânia, Moçambique, Nicarágua e Brasil.
Neuendettelsau, 09 de Agosto de 2012.
* O texto acima é uma tradução sujeita a correções. Sugiro a leitura do documento na língua inglesa
Pastor Sidnei Budke