Há muitas lições na parábola do Bom Samaritano. Dedico a minha reflexão ao crente “omisso”. Jesus conta que, no caminho de Jericó, uma pessoa foi assaltada. Meio morta, ela foi jogada à margem da vida. Por si só, estaria condenada. Horas depois, passou por ali um líder religioso. Vendo o sujeito esfolado - ao invés de estender-lhe a mão - pensou: Se tocar nele, vou me sujar com sangue. Segundo a minha religião, serei impuro. Assim, prosseguiu viagem, sem ajudar seu semelhante. Logo em seguida, passou outro fiel. Mas, percebendo a atitude do anterior, pensou: Se ele não ajudou, porque é que eu devo fazê-lo? Também cruzou de largo. O restante da história você conhece. O Bom Samaritano socorreu-o, investindo tempo e recursos na salvação daquele que estava à margem. Se alguém de fora - como você e eu - questionasse aquele líder e o outro fiel, poderia bem ouvir como resposta: Eu não fiz nada de errado. Eu apenas segui a minha religião. Ou ainda, agi de acordo com o exemplo do meu superior. Na verdade, a falta de cuidado e amor gerou a omissão. Quem age assim é tão culpado quanto aquele que erra propositalmente. Quando Jesus traz tais histórias sobre os “samaritanos”, está puxando nossas orelhas. Ele nos incentiva à ação a partir do amor. Ao mesmo tempo, Jesus questiona os pseudo-religiosos por causa do preconceito, revelando uma pretensa espiritualidade, que de fato é vazia. Não nego. A cutucada do Mestre também me atinge. Aliás, pega direto no meio evangélico. O julgamento religioso e a falta de amor estão cada vez mais presentes. Questiono-me: A opção religiosa, política ou sexual do outro me isenta de amá-lo? A discordância do outro faz dele meu inimigo? A fé me leva em direção ao próximo ou faz de mim alguém superior ao outro? Mas, a partir do reconhecimento do erro, dá para mudar. Basta querer, deixando o Espírito agir. A fé que não se transforma em atitude não é fé (Tiago 2.17).
