A oferta de Caim e Abel

18/07/2008

Gênesis 4.1-7

O texto de Gênesis 4.1-7 relata a oferta que Caim e Abel apresentaram a Deus. Caim era agricultor e Abel, pastor de ovelhas. Os dois ofereceram a Deus uma parte do fruto de seu trabalho.

Chamamos a atenção para alguns detalhes do texto bíblico. Como lemos no versículo 3, Caim pegou alguns produtos da terra e os ofereceu ao Deus Eterno. No versículo 4, vemos que Abel, por sua vez, pegou o primeiro carneirinho nascido no seu rebanho, matou-o e ofereceu as melhores partes ao Deus Eterno.

Deus aceitou a oferta de Abel e rejeitou a de seu irmão. Logo temos a reação de Caim. Ele demonstra abertamente o seu descontentamento com Deus. Caim deixou a inveja tomar conta de seus pensamentos. Transformando-se em um homem revoltado. Não aceitou a decisão de Deus.

Uma forma de interpretar esse texto poderia ser esta: Sendo Caim um agricultor, sua oferta representava o desejo de domínio sobre a terra. Abel, ao oferecer a ovelha, estava sinalizando o plano de redenção de Deus: a ovelha representaria Jesus Cristo.

Porém, essa interpretação não explica plenamente por que uma oferta foi aceita e outra, não. Mas, então, qual o motivo para Deus aceitar uma oferta e rejeitar outra?

Caim não foi julgado pela oferta em si, mas pelo modo como andava em sua vida. Como estava o seu coração? Qual era o seu real objetivo? Deus vê o coração e sabe das nossas intenções. Sabe quando a oferta é dada com alegria ou por obrigação. Uma oferta pode vir com a intenção de manipular. Podemos dar presentes e trocar favores para conquistar outras pessoas, para nos promover, para sermos consideradas pessoas mais especiais que outras.

Lembremos das palavras de Lutero: A fé produz frutos, mas não para si. No caso de Caim e Abel, sua fé animou-os a fazer uma oferta para Deus. Podemos arriscar a dizer que Abel ofereceu sem querer nada em troca; ofereceu o melhor de si. Caim ofertou, mas esperava ser recompensado.

Para pensar: Será que isso acontece ainda hoje?

Caim mostrou-se cheio de ira e desconfiança. A oferta de Abel foi aceita por Deus em virtude de sua fé (Hebreus 11.4). Ter fé, é como andar de noite, no escuro, onde cada barulho pode virar um tormento. Se continuarmos a caminhar na escuridão, enfrentamos as dificuldades e vencemos o medo. E Caim se abateu, deixando que seus sentimentos o dominassem. Lutero diz que o pecado no ser humano é a falta de fé, falta de confiança. Portanto, quando vamos ofertar a Deus, é importante dedicar as dádivas ao Senhor com féconfiança. Somos acolhidos por nossa intenção de contribuir e não por nossa contribuição em si, pois Deus conhece nosso coração (Lucas 16.15).

Certa vez, Jesus estava no templo e viu quando uma viúva ofertou suas duas únicas moedas (Marcos 12.42). A pobre mulher havia ofertado toda a sua vida, seu sustento, mostrando assim sua confiança total em Deus. O que diria Jesus em relação as nossas ofertas de hoje?

A oferta é uma resposta ao amor que não impõe condições de Deus, que ofertou seu filho para nossa salvação. Deu o seu único filho por cada um e cada uma de nós. E ofertando de coração, participamos no Reino de Deus. Esse Reino é refletido no cotidiano, quando gestos de solidariedade e amor são realizados em favor das pessoas que sofrem. Todo sinal de esperança e resgate da dignidade humana é reflexo do Reino de Deus.

Um sábio disse uma vez que há uma grande diferença entre as pessoas que ajudam por obrigação e as que ajudam por vontade. Quem ajuda ou faz algo por obrigação, geralmente está com o rosto fechado e, muitas vezes, o trabalho que faz precisa ser refeito. Quando alguém ajuda com vontade e alegria, faz um excelente trabalho porque realiza com prazer, com gratidão e com amor.

Do livrinho: Fé, gratidão e Compromisso, distribuído pela IECLB.

 


Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: São Paulo - Leste (Ferraz de Vasconcelos-SP)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8552
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Salmo 144.2
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