A obrigação de fazer algo leva à consciência e a consciência leva à liberdade. Foi pensando em dois fatos relatados pela Internet que cheguei à conclusão acima. O primeiro fato refere-se a uma mulher da Austrália que passou vários anos militando para motivar outras mulheres a ter seus filhos em casa. Ela empenhou-se para que fossem aprovadas leis que permitam este procedimento. Morreu em casa, de complicações no parto de sua segunda filha. O segundo fato é mais recente e mais próxima. Dá conta de uma das vítimas do desmoronamento dos prédios no Rio de Janeiro. Depois do expediente ele foi convidado por amigos para tomar um chopp em um bar próximo. Mas, decidiu permanecer no trabalho para dar um bom exemplo a outros trabalhadores que tiveram que ficar por mais tempo.
Nem um dos dois foi obrigado a fazer o que fizeram, mas tinham um grande senso de obrigação para com sua consciência. Daí, sentiram-se livres para batalhar, para fazer algo mais do que o esperado. O resultado foi trágico, mas o exemplo é válido para nossa vida de fé.
Em I Coríntios 9, 16 o apóstolo Paulo diz explicitamente: “Eu não tenho o direito de ficar orgulhoso por anunciar o evangelho. Afinal de contas, fazer isso é minha obrigação”. Mas, também para ele a obrigação virou consciência e fez tudo o que fez por estar liberto para isso.
Os versículos seguintes mostram que o apóstolo Paulo encontrou uma forma livre e libertadora de pregar o evangelho: conversando com as pessoas numa linguagem que elas entendiam. Centrando sua atuação nas pessoas, libertou-se de constranger quem quer que seja. Antes de constranger, ele espera que cada pessoa inclua na sua trajetória a Palavra da salvação. Esta Palavra que tem algo a dizer para a sua vida.
Não é diferente para nós, que vivemos no Brasil em 2012. Quando a Palavra é trazida para a vida concreta de cada pessoa, independente de sua origem étnica ou tradição religiosa, ela age de forma libertadora e realiza transformações pessoais e comunitárias. Não temos a garantia de que nosso fim não será trágico, como o do apóstolo Paulo também não foi. Mas, temos a garantia de que a vida será cheia de sentido, de liberdade e de uma alegria profunda que provém da fé. A fé que a Palavra produziu e que nos leva a tomar atitudes e provocar decisões. Amém.