A natureza humana e os frutos do Espírito de Deus

24/06/2016


Prezada Comunidade.

Certa vez Jesus viu como as mulheres colocavam o fermento dentro da massa (Lucas 13.20-21). Aí ele pensou, com o Reino de Deus é assim também. Deus vai colocando o seu fermento no mundo, silenciosamente, e aos poucos toda a massa fica fermentada. Assim é a forma de agir de Deus. Ele não vem impor seu Reino – como faz o imperador romano e tantos outros ditadores – mas ele transforma a partir de dentro a vida das pessoas, de maneira silenciosa e oculta. Assim é Deus: Não se impõem, mas transforma. Não domina, mas atrai. E assim devem agir também as pessoas que colaboram no seu projeto, devem ser fermento na massa, ou seja, pessoas que vão colocando no mundo sinais de justiça, de amor, de verdade, de paz, de maneira humilde, mas com força transformadora.

O apóstolo Paulo fala aos Gálatas sobre a liberdade cristã. Ele diz que Deus não nos obriga a fazer nada. Deus quer que sejamos pessoas maduras para poder decidir sobre a melhor maneira viver a vontade de Deus no mundo. Deus nos convida e espera de nós uma boa disposição. Mas, Deus não nos obriga.

O apóstolo Paulo parece conhecer muito bem a natureza humana. Na Carta do apóstolo Paulo aos Gálatas, nos v. 19-21 são enumeradas quinze “atitudes de natureza humana”: Trata-se de 15 atitudes que cada um de nós experimenta em sua própria vida. São coisas próprias da natureza humana.

Ele começa mencionando a IMORALIDADE SEXUAL, A IMPUREZA E AS AÇÕES INDECENTES. Essas coisas se referiam a elementos da religiosidade pagã, da qual os gálatas foram tirados. No entanto, a natureza humana se inclina por essas coisas. Também “IDOLATRIA” e “FEITIÇARIAS” (v. 20) têm em vista o falso culto a Deus. A pessoa procura apoderar-se do divino por meio da idolatria e com feitiçarias , acreditando que basta saber manejar alguns objetos para poder determinar a vontade de Deus.

Seguem as obras da natureza humana que são ameaçam à vida social e comunitária. Aqui se descrevem: “INIMIZADES”, “BRIGAS”, “CIUMEIRAS” “ACESSOS DE RAIVA”, AMBIÇÃO EGOISTA”, “DESUNIÃO” , “INVEJA” e “DIVISÕES”. Essas atitudes são inimigos mortíferos para a vida comunitária. Cada uma delas contribui para que o caos se instale. Essas atitudes podem facilmente destruir relacionamentos e comunidades.

A lista termina com BEBEDEIRAS E FARRAS que também eram atitudes promovidas nos cultos pagãos. Os cultos pagãos tinham essa característica: satisfazer (dar prazer) às pessoas. No final, uma advertência : “não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (v. 21).

Ao lado dessas atitudes própria da natureza humana, das quais nenhum de nós consegue escapar, o apóstolo Paulo menciona 9 atitudes que ele chama de frutos de Espírito. Elas não estão aqui para substituir das atitudes próprias da natureza humana. Elas estão aqui como uma forma de controlar a natureza humana. Deus quer que sejamos o seu povo. E para que a vida em comunidade seja uma vida de qualidade, Deus oferece 9 atitudes para melhorar significativamente a vida de cada um de nós.

Os três primeiros (v. 22: amor, alegria e paz) foram colocados no início da lista por ordem de importância. O amor como primeiro fruto está em harmonia com o hino do amor em 1 Coríntios 13. O amor também se encontra no coração do evangelho (Jo 3.16). O próprio amor é derramado no coração pelo Espírito Santo (Rm 5.5). É no amor que a fé se realiza. A alegria e a paz são parte integrante do reino de Deus (Rm 14.17). Paciência, “delicadeza”, “bondade” e “fidelidade” são virtudes que, na convivência humana, trazem a alegria e a paz. “Humildade” é a disposição de submeter-se à vontade de Deus. Domínio próprio é a capacidade de controlar os impulsos e atitudes da natureza humana.

O v. 24 confirma que os frutos do Espírito são dádivas na vida daqueles e daquelas que “são de Cristo Jesus”. Os frutos do Espírito de Deus proporcionam mais qualidade de vida às pessoas.

O texto termina com um apelo: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (v. 25). Há distinção entre “viver” (expressa comunhão permanente) e “andar” (aplicação constante). Os frutos do Espírito proporcionam uma vida melhor de quem está somente sob o domínio da natureza humana. Contudo a aplicação dessa verdade não é automática. Isso requer um esforço pessoal de cada um(a). Requer perseverança, assim como uma criança que está aprendendo a andar precisa de persistência. A metáfora é sugestiva porque o mesmo Espírito que dá vida também dá força e orientação no decurso da jornada da vida.

Aqui cada qual precisa deixar que a palavra de Deus prove o seu andar: quando na vida pessoal, familiar ou comunitária os relacionamentos tornam-se pesados, o respeito é perdido, o amor é pálido, a disposição em cooperar desaparece e as intrigas parecem tomar conta, é porque vivemos somente segundo a natureza humana e nos faltam os frutos do Espírito de Deus. Nesse caso, numa comunidade, toda a força e dons da igreja que deveriam estar voltados para a missão de Deus, acabam perdendo-se ou tornam-se limitados em razão de discussões vazias e tolas. Quantas discórdias, ciúmes e inimizades não afastaram pessoas umas das outras e dificultaram a missão da comunidade? Andar no Espírito é reconhecer isso e humilhar-se para buscar o perdão do Senhor e de uns para com os outros. É buscar a reconciliação.

O Espírito de Deus não nos é dado somente para nos conduzir durante uma determinada etapa da vida, como por vezes acontece após o ensino confirmatório. Ele também não é somente um convidado de honra em momentos especiais, como um batismo. Ele nos é dado para nos auxiliar e guiar todos os dias de nossa vida. E toda aquela pessoa que permanece apegada a Cristo Jesus pode dar graças pelo Espírito que assim a guia.
Andar no Espírito manifesta-se de maneira prática no serviço fraterno. É o amor presente em nossa vida que testifica de sua presença.

“Os que vivem sem amor são pesados para si mesmos,
enquanto que os que amam carregam-se mutuamente” (Agostinho 384-430).

O amor não pode ser espiritualizado! Quando isso acontece, o próximo é esquecido. É preciso que o amor dê provas de sua autenticidade pelo serviço prestado aos necessitados dentro da comunidade, dentro de nossa família. Portanto, se temos tensões ou inimizades em nossos relacionamentos, devemos ter os olhos abertos: se não tivermos cuidado, isso leva ao caos.

Precisamos mostrar na prática como podemos, de maneira crescente, ajudar e cooperar uns com os outros. A comunidade é um belo canteiro onde os frutos do Espírito pode ser saboreados. Isso pode começar de modo muito simples, como, por exemplo, antes de criticar ou apontar falhas nos outros mostrar um olhar agradecido, dar uma palavra de ânimo. Isso não será difícil quando feito com amor e, com certeza, o Espírito será o auxílio para quem assim se dispõe.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.

Oração:
Nosso Deus e nosso Pai, bom é estarmos em tua presença. Tu não queres ver teus filhos e filhas andando neste mundo como pessoas que vivem em brigas, intrigas, discórdias, mentiras, ciúmes e tantas coisas mais que só trazem sofrimento. Mas, Senhor, é assim que às vezes procedemos. Isso acontece quando o nosso coração pende para o orgulho, para a raiva, e então coisas bonitas de nossa vida são prejudicadas. Perdoa-nos, Senhor! Ajuda-nos a ir ao encontro de nosso próximo e daquela pessoa de quem estamos distantes. Por teu Espírito, queremos acertar o nosso caminho para que seja de amor, de paz, de alegria e de tudo o mais que vem de tua bondosa mão.
Agora, confessemos humildemente a nossa fé dizendo:
Creio em Deus Pai...
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Gálatas / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 25
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 38464
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