A fábula da paz sonhada

14/11/2007


Era fim de tarde. Sabendo que não conseguiria dormir logo, o coelho resolveu conversar com o tico-tico já sonolento. “Tico-tico, como vai a vida?” “A mesma coisa de sempre” - respondeu. “Como, a mesma coisa de sempre?” – perguntou o coelho. E o tico-tico desabafou: “A vida está chata, triste. Sinto-me um solitário. Vivo me cuidando do bote traiçoeiro da cobra. Quando quero tomar banho no rio, o elefante parece querer me afogar com os jatos de água que joga sobre mim. Quando construo um ninho, o safado do pardal vai e toma conta. Quando sento para sentir o cheiro das flores, o beija-flor já acha que quero roubar o alimento dele. O leão ronca e berra, acha que é dono de tudo. A girafa não vê ninguém de tão empinada que anda. O sabiá sempre foi meu amigo. Agora está com ódio de mim. A tartaruga contou a ele que me viu comendo umas minhoquinhas onde ele costumava almoçar. Ora bolas, a vida assim não tem graça!”.

O coelho perguntou: “Será que a vida na floresta sempre foi assim?” O tico-tico falou: “O meu pai conta que a vovó falava de uma vida de paz entre os animais da floresta, em épocas passadas”. “Vida de paz?”, perguntou o coelho. “Em épocas passadas? Mas eu ouvi a cobra falar hoje cedo, depois que tinha conseguido fugir de um caçador, e enquanto comia um sapo: ‘Finalmente estou em paz!’. O que, afinal, é paz?” “Não sei o que é paz”, disse o tico-tico. “Só sei que a vida está chata e triste. E, com licença, vou dormir”.

E o tico-tico teve um sonho!!!!

Sentado numa árvore, o tico-tico viu lá embaixo uma girafa a gemer. Num pequeno descuido, ao colher folhas numa árvore espinhenta, a girafa fincara um espinho na sua testa. O tico-tico voou e contou ao coelho o que vira. Ouvindo o relato do tico-tico, o coelho falou: “Mas é difícil ajudar a girafa. Alta e orgulhosa como ela é...!”. Mas o tico-tico sugeriu: “Vem, ao menos para ver como ela está gemendo”.

Ao verem a pressa do coelho e do tico-tico, até para fazerem algo diferente, outros animais correram na mesma direção. O que fazer diante do sofrimento da girafa? – perguntavam-se todos.

Sentada num arbusto próximo, a pomba falou: “Tenho uma idéia. Se a girafa inclinar a cabeça, o coelho conseguirá arrancar o espinho da testa dela”.

Mas, a girafa se inclinar? Ela sempre andou de pescoço erguido! Ela nem sabe o que é inclinar a cabeça.

“Girafa”, disse o tico-tico, “deita. Vem, deita no chão”. A girafa deitou-se. Com cuidado, o coelho arrancou o espinho da testa da girafa. E o canguru ainda sugeriu: “Fica assim mais um pouco, girafa, descansa”.

Durante o descanso, a girafa girou os olhos e pensou. “Que interessante. Eu nunca tinha visto as penas bonitas do sabiá e da pomba. Nunca me dei conta das mãos ágeis do coelho. E o elefante! Bah, se há dois meses atrás tivéssemos pedido a ajuda dos elefantes para carregar água, teríamos conseguido apagar o fogo que destruiu parte da floresta em que vivia meu tio. E o tico-tico? Eu sempre achei que era um chato, picuinha! Não tivesse ele voado para chamar o coelho, o que seria de mim? Bah, como a vida pode ser diferente!!!”.

Com o berro matinal do leão, o tico-tico acordou do sono e do sonho. Ele logo lembrou: O que o coelho perguntou ontem, antes de dormir?

Jesus disse: “Deixo com vocês a minha paz, a minha paz vos dou, não como o mundo costuma dar” (João 14.27).

P. Romeu Ruben Martini
Secretário de Formação


Autor(a): P. Romeu Ruben Martini
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7588
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