A ESTRATÉGIA DAS PERGUNTAS INTELIGENTES NO MINISTÉRIO DE JESUS

06/02/2015

Observando o modo como nosso Senhor Jesus exerceu seu ministério, notamos que ele empregava constantemente o uso de perguntas inteligentes para interagir com as pessoas que a ele se dirigiam em variadas circunstâncias. O presente estudo visa lembrar e analisar algumas destas perguntas e as lições que delas aprendemos. Lembrando que o objetivo de Jesus ao questionar as pessoas era motivá-las à reflexão sobre questões existenciais importantes, procurando assim levá-las à fé e à uma mudança consciente em suas vidas.

Para melhor organizar este estudo vamos por público alvo:
Os discípulos: a estes Jesus fez muitas perguntas. A dois discípulos de João Batista que passaram a segui-lo perguntou: Que buscais? (João 1.38). Sobre sua identidade, Jesus, em outro momento perguntou aos doze : Mas vós...quem dizeis que eu sou? (Mt 16.15). Depois de um duro embate com os judeus, muitos seguidores o abandonaram, e diante do fato ele os questiona: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? (João 6.67). Quando Pedro começou a afundar no Mar da Galiléia, Jesus o socorreu , questinando-o: Homem de pequena fé, por que duvidaste? (Mt 14.31). Em outro momento, diante da inércia dos discípulos que não sabiam lidar com um jovem enfermo, Jesus exclama: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? (Mt 17.17). Ao Filipe disse : Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? (João 14.9).

Ao Tiago e João, que almejavam um cargo de confiança no Reino de Deus, ele disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que estou para beber? (Mt 20.22). Quando levou os discípulos para orar e eles acabaram dormindo, perguntou a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora? (Mc 14.37). Ao traidor, quando traiu Jesus com um beijo no Jardim do Getsêmani, questionou: Amigo, para que vieste? (Mt 26.50); Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?(Lc 22.48). Quando da experiência de terem os pés lavados pelo próprio Senhor Jesus, ele lhes dirige uma pergunta objetiva: Compreendeis o que vos fiz? (João 13.12). Ao Tomé, depois da ressurreição, pergunta: Porque me viste, creste?(João 20.29). Num outro momento três vezes Jesus pergunta a Pedro: Simão, filho de João, tu me amas?(João 21. 15 – 17). Aos discípulos de Emaús ele se manifesta e pergunta: sobre o que vocês estão conversando pelo caminho? (Este é inclusive o lema bíblico do presente ano na IECLB –Lc 24.17). À Saulo, que depois viria a ser apóstolo, Jesus se manifesta no caminho de Damasco, questionando-o: Saulo, Saulo, por que me persegues? (Atos 9.4).

Os Mestres da Lei e os religiosos: Estes grupos caracterizavam-se por um legalismo radical e constantemente foram questionados por Jesus, por causa da hipocrisia deles. Visto que cultivavam uma vida só de fachada religiosa. Questionado por fazer uma cura no dia de sábado, Jesus respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e , num sábado, esta cair numa cova, não fará todo esforço, tirando-a dali ? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? (Mt 12.11,12). Sobre o mesmo episódio Marcos escreve que Jesus disse: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? (Mc 3.4). Quando da cura da mulher encurvada há dezoito anos, questionou os críticos: Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura,no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-los a beber. Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?(Lc 13.15,16). Na ocasião em que um intérprete da Lei perguntou sobre o que fazer para obter a vida eterna, Jesus respondeu com uma outra pergunta: Que está escrito na Lei? Como interpretas? Depois de receber a resposta, ele contou a parábola do Bom Samaritano e finalizou questionando: Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores ? (Lucas 10.25-37).

A sua família: Aos doze anos de idade, quando seus pais o encontraram em meio aos doutores no templo perguntou-lhes: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu pai? (Lc 2.49). Quando sua família quis interferir no seu ministério Jesus perguntou : Quem é minha mãe e meus irmãos? (Mc 3.33). No casamento de Caná , diante da insistência de sua mãe para resolver um problema da festa, perguntou: Mulher, que tenho eu contigo?(João 2.4)

Os enfermos : Jesus operou muitos milagres, sendo que muitas vezes perguntava aos enfermos o que desejavam. Ao cego de Jericó: Que queres que eu te faça?(Mc 10.51). Ao paralítico: Queres ser curado? (João 5.6). No episódio da cura dos dez leprosos, quando somente um regressou para agradecer: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? (Lc 17. 17,18).

Às multidões: No ensino público, Jesus também usou o recurso de fazer perguntas inteligentes para seus ouvintes: Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?(Mt 6.27). Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? (Mt 6.30). Sobre o amor ele questionou: ...se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? (Mt 5.46). Sobre o mau hábito de julgar os outros, perguntou: Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu?(Lc 6.42). Sobre a prática do bem disse: Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? (Lc 6.33). Sobre fé e obediência questionou: Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? (Lc 6.46).

Estas são, portanto, algumas das muitas perguntas que Jesus fazia a seus interlocutores, como método pastoral para reflexão. Ele simplesmente não dava todo o seu ensino “mastigadinho”. Ele confrontava seus ouvintes com perguntas, muitas vezes fortes, para análise pessoal, a fim de oportunizar mudança de vida a partir das boas novas do Evangelho. Todas feitas conforme as circunstâncias que se apresentavam na realidade de vida das pessoas. Ele dava a chance para cada qual descobrir respostas às questões da vida, pela fé, com a sabedoria de boas perguntas.

Que também você e eu possamos vir humildemente à Cristo, pela fé e arrependimento diários, desarmados de todo e qualquer orgulho e aceitemos as perguntas que Ele nos faz ainda hoje pela sua Palavra. Pois todas as que acima analisamos, a partir dos quatro Evangelhos, se referem a cada um de nós. Feliz é aquele que se deixa questionar por Jesus, nosso Senhor, pois encontrará as respostas para uma vida útil e satisfeita.

Paróquia Evangélica de Arabutã
 


Autor(a): P. Mauro Nilo Schneider
Âmbito: IECLB / Sinodo: Uruguai
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 31587
REDE DE RECURSOS
+
Orar é a obra mais primorosa, por isto é tão rara.
Martim Lutero
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br