A esperança nos caminhos da vida cotidiana

03/01/2004

Entra ano e sai ano e as pessoas alimentam a sua existência com uma energia cuja origem não pode ser detectada a olho nu. Em meio a muitas dificuldades e no enfrentamento de inúmeros problemas do cotidiano, constata-se que algo as movimenta.

As pessoas andam pela vida e acumulam vitórias e derrotas. Levam tombos e se levantam. Trombam com realidade e mesmo assim persistem e insistem em seguir em frente. Tropeçam nas pedras e continuam a andar. Pisam em falso nos buracos e se equilibram novamente. Enfrentam tempestades e contam com a brisa suave. Passam por nevoeiros e ficam na expectativa do sol brilhante.

Os grandes ou pequenos projetos, as visões de uma realidade futura diferente da experimentada no presente, os sonhos relacionados ao trabalho e à sobrevivência, ao amor e à família, ao estudo e à formação, enfim, todos os gestos e todas as ações trazem embutida uma força invisível, mas real. É a força da esperança. O povo sempre diz: A esperança é a última que morre!

Os cristãos vivem sua fé mergulhados neste cotidiano de esperança e desesperança. Têm seu princípio esperança que norteia a sua vida. Têm suas raízes profundamente arraigadas na tradição de fé do povo de Deus. Os testemunhos presentes na Bíblia sublinham a sua importância e o seu valor para vida cotidiana. A fé cristã tem uma esperança muito radical, a saber, toda a realidade de dor e sofrimento será transformada para que todas as pessoas tenham vida plena e abundante. Esperam um mundo e uma sociedade totalmente novos.

Os caminhos das pessoas, e também os seus descaminhos, têm dentro de si a presença dos impulsos daquele que é a fonte motriz da esperança, a saber, o Deus vivo. As alegrias que envolvem os projetos do cotidiano, alimentados pela fé em Jesus Cristo, bem como as frustrações e os fracassos são parte da trajetória dos filhos e das filhas de Deus. As pessoas vivem numa grande teia de relações que se entrecruzam. Nem sempre todas as expectativas são viáveis. Certos sonhos só podem ser coletivos e, por isso, não podem ser personalistas. Certos projetos ainda não estão suficientemente maduros para se concretizarem.

Seja qual for a dimensão da existência, seja qual for a circunstância, o princípio esperança sempre ilumina a vida cristã. Ela se constitui na energia propulsora que mantém a vida em movimento. Mesmo que um vazio enorme abata as pessoas e as perspectivas estejam totalmente fechadas, um aspecto básico e fundamental não pode ser ignorado: pode-se confiar em Deus, o Senhor da vida. Pode-se dizer com o salmista: E eu, Senhor, que espero? Tu és a minha esperança. (Sl 39.7)

P. Dr. Rolf Schünemann


Autor(a): Rolf Schünemann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7459
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