A camisa e a blusa ministeriais e o desenvolvimento de sua adoção na IECLB

06/04/2015

Blusa ministerial
Camisete Ministerial
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A veste litúrgica, usada por ministros e ministras, nos cultos e outros momentos celebrativos, é parte da história da IECLB desde os seus inícios, identificando as nossas comunidades antes mesmo da oficialização da igreja como IECLB. O talar preto, com peitilho branco, é a mais antiga veste litúrgica entre as comunidades luteranas. Foi trazido pelos pastores protestantes alemães que começaram a chegar no Brasil a partir do século 19.

Mas, além do talar, desde o ano de 1994, foi aprovado o uso da alba com estola. Conforme a decisão do então Conselho Diretor, em sua reunião de 15 a 17.09. 1994, temos o seguinte registro no Boletim Informativo da Igreja, n. 140, referente ao uso das vestes litúrgicas:

“é mantido o talar preto com peitilho branco como veste litúrgica oficial; também é veste litúrgica a alba com estola (...).”

No mesmo ano de 1994, quando foi realizada um ampla pesquisa, pelo Conselho de Liturgia (COLI), entre ministros, ministras e comunidades, a respeito da introdução da alba, como veste litúrgica adicional na IECLB, foi levantada a discussão em torno de outra veste, a saber, a camisa e a blusa clericais. Argumentou-se, na época, que havia situações em que o ministro e a ministra participavam e necessitavam de uma identificação enquanto representantes da igreja e no exercício de uma função ministerial. Os exemplos citados foram: inaugurações e, especialmente, visitas hospitalares. A partir disso, os ministros e as ministras foram convidados e convidadas, pelo Conselho de Liturgia, a conversar sobre a adoção de uma camisa e uma blusa clericais. O assunto não evoluiu. Consta em um documento do Conselho de Liturgia (29.11.95) que os pastores não enviaram sugestões e as pastoras, após discutir e até apresentar um modelo de blusa, por fim, manifestaram sua decisão de não adotar a blusa clerical.

Em 2000, o ministério diaconal encaminhou ao Conselho da Igreja uma proposta de veste litúrgica e, além da alba com estola, foi incluída a camisa ou blusa diaconal, nas cores branca e verde. Esta veste do ministério diaconal foi aprovada, em 2003.

Por encaminhamento do Conselho de Liturgia, o XXV Concílio aprovou a adoção da camisa ministerial para todos os ministérios, tendo as seguintes especificações: ministério pastoral: branca ou preta, com a clésima branca; ministérios missionário e catequético deveriam propor sua cor de camisa ministerial quando julgarem importante fazer uso dela; ministério diaconal: camisa verde com clésima branca ou branca com clésima verde. Ainda ficou estabelecido, por este Concílio, que se elaborasse um regulamento de uso da camisa, comum a todos os ministérios. Este regulamento, por sua vez, foi apresentado ao Conselho da Igreja em agosto de 2013 e consta do seguinte. (...) o uso da camisa ministerial ou camisete é indicado para os momentos em que o/a ministro/a da IECLB estiver atuando fora dos ofícios regulares, em funções ministeriais tais como, atos públicos, visitas hospitalares e domiciliares e representações; [lembremos, porém, que conforme decisão do XXVIII Concílio, em 2012, a camisa ou camisete foi aprovada como veste litúrgica dos missionários e das missionárias para ser usada inclusive em funções litúrgicas]; A camisa e camisete ministeriais podem ser usadas por todos os ministros e todas as ministras ordenados/as da IECLB, independentemente do ministério específico; A camisa e camisete ministeriais podem variar em sua cor. Em termos gerais, a tendência é de usar branco, preto, azul, cinza e as cores do ano litúrgico. Observe-se que o ministério diaconal optou pela camisa e camisete de cor verde (com clésima branca) ou branca (com clésima verde). Recomenda-se, por isso, que as outras ênfases do Ministério com Ordenação evitem usar a camisa ou camisete de cor verde; Para as ministras é facultado escolher um modelo de camisete de corte feminino. Importante que seja com gola adequada ao uso de uma clésima; Este regulamento é válido para as quatro ênfases do Ministério com Ordenação na IECLB. (Veste Litúrgica - Camisa e camisete ministerial)

Curiosidade a respeito do significado e origem da camisa clerical

Consta que esta veste tenha sido desenvolvida pelo Rev. Dr. Donald McLeo, um pastor anglicano que sentiu a necessidade de uma vestimenta que identificasse a profissão do ministro religioso em suas atividades fora do ambiente do culto. O ano de surgimento da camisa com colarinho clerical seria 1827. A camisa clerical é usada por ministros e ministras das mais diferentes denominações. Os católicos romanos adotaram esta veste a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), substituindo a batina. Quer dizer, sua origem é protestante.

A camisa e a blusa com o colarinho clerical são usadas por aqueles e aquelas que recebem pública e oficialmente a incumbência pela Igreja para o serviço da Palavra de Deus. Pelo fato de o “colarinho clerical” envolver a garganta, um possível significado desse elemento advém de uma relação simbólica da garganta com a proclamação da Palavra. Numa tentativa de entender essa relação simbólica, lembremos que “garganta”, no hebraico, é nefesh. Nefesh, que corresponde ao significado original de anima, no latim, significa respiração, hálito. A garganta representa o lugar das necessidades elementares da vida: comer, beber, respirar. Em analogia ao significado de garganta, podemos dizer que a Palavra de Deus é o hálito e o alimento da vida, a nossa nefesh.

Mais do que a tentativa de explicar um significado específico da clésima ou colarinho clerical, entendemos ser relevante afirmar que a veste litúrgica é um elemento simbólico significativo, pois identifica, de forma singela e clara, um papel. Quem usa uma vestimenta litúrgica indica que está a serviço de uma tarefa específica, para a qual recebeu reconhecimento e incumbência legal da Igreja; na verdade, de Deus através da Igreja.

Erli Mansk
30 03 2015
 

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