HPD nº 46 – Agradecemos-te, Jesus
Melodia: Königsberg, 1597
Letra: Christoph Fischer, 1589
O texto original alemão do hino quaresmal de ►Christoph Fischer “Wir danken dir, Herr Jesu Christ,” foi encontrado no Gesangbuch de Dresde em 1597. E´ o único hino conhecido da autoria de Fischer. Trata-se de um hino de gratidão por perdão dos pecados. Recebemos o perdão gratuitamente, porque Cristo pagou por nós quando entregou sua vida na cruz de Gólgota. (Veja a meditação).
O autor da melodia NÃO foi Nikolaus Hermann, (como indicado no nosso hinário HPD nº 46)1, nem Martin Luther (como erroneamente escrito antes do HPD nº 89). No hino de HPD nº 175, que usa a mesma melodia, o ano de 1544 não combina com os dados encontrados. - O nome do autor da melodia continua desconhecido.
Sabe-se que a melodia está baseada numa canção popular “Ich fahr dahin, wann es muss sein” (Eu vou embora, quando for necessário) encontrada no “Liederbuch” de Wolfin Lochamer , impresso em Nuremberg por volta de 1455. Mais tarde ela apareceu associada ao texto do coral “Herr Jesu Christ, wahr Mensch und Gott” (Senhor Jesus Cristo, verdadeiro homem e Deus) no “Kancyonal” editado por Jan Sekulatian em Königsberg, no ano de 1552. - A mais antiga versão da melodia é conhecida a partir da coleção “Geistliche Lieder Ayff den Choral oder gemeine Kirchen Melodey” (Königsberg 1597) editado por ►Johann Eccard. Porém fica aberta a pergunta, se Eccard é ou não é o autor desta versão.
Em 1625 foi editado um hinário em Leipzig, onde esta melodia acompanha o hino “O Jesu Christ, meins Lebens Licht” (Oh, Jesus Cristo, Luz da minha vida). Em 1628 num hinário de Goschheim, Redwitz, e 1648 numa edição de Görlitz, a melodia está associada ao hino “Herr Jesu Christ, dich zu uns wend” (O´vem a nós, Senhor Jesus – HPD 112).
Fontes:
http://www.bach-cantatas.com/CM/Herr-Jesu-Christ-meins-Lebens-Licht.htm
http://www.choralsenfrancais.fr/index.php?Recueil=0&chant=309
http://www.scholma.nl/websites/scholma/hb.nsf/
Notas:
1. Nikolaus Hermann compôs outra melodia que pode ser usada para o hino HPD 46; veja HPD 62 e 66.
2. http://www.youtube.com/watch?v=P2yDRdY5pbU
Meditação
Este hino aponta para a importância da cruz de Cristo. Ela é o centro da proclamação do Evangelho. O apóstolo Paulo escreveu: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Coríntios 2.2). Portanto, a cruz se torna motivo de canto: “Agradecemos-te, Jesus, por nós sofreste amarga cruz.”
A cruz de Cristo significa que Deus leva a sério o sofrimento da humanidade. A cruz representa, pois, solidariedade. Este hino consta no nosso hinário entre os cânticos do setor “Paixão de Cristo”. Canta-se geralmente na época da Quaresma. E´ época para verificar se estamos ou não caminhando com Jesus, rumo ao Gólgota. Caminhamos com Jesus, se não procuramos evitar o sofrimento, e disto vem o nosso consolo. Assim cantamos com palavras da 2ª estrofe: “Nós te rogamos, Homem Deus, que, pelos sofrimentos teus, nos queiras sempre consolar...”
Na 3ª estrofe pedimos ajuda na tentação. O que é tentação? No Catecismo Luther explica que a tentação nos leva a “crenças falsas, desespero, ou outra grande infâmia ou vício”. E´ difícil para a mente humana aceitar a idéia de um Salvador que sofre e morre. No entanto, procurar Deus em qualquer lugar senão na cruz é crença falsa, é tentação. Num mundo onde o poder do mal é tão forte, é difícil acreditar que Deus vence o mal na fraqueza da cruz. Isso também é tentação, pois leva ao desespero.
Na noite em que Jesus foi preso, ele disse aos discípulos: “Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação” (Lucas 22.46). Um pouco antes disso, Jesus havia dito a Pedro: “Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lucas 22.32). Nós também precisamos de ajuda na nossa fé. Por isso oramos: “estende-nos a tua mão!...dá que esperemos só em ti!”
O mundo acredita em força e poder. Nós cristãos acreditamos que o poder de Deus se manifesta na fraqueza da cruz. Mas para que tenhamos tal fé, pedimos (com palavras da 4ª estrofe): “Dá-nos certeza, ó Jesus: Tu nos salvaste pela cruz”.
Autor desta meditação desconhecido
Fonte: “Jornal Evangélico” de março de 1985, página 3