1 Coríntios 9. 24-27 - Sexagesimae - 6° Domingo após Epifania
15 de Fevereiro de 2009.
É verdade que ainda estamos respirando no Brasil um clima de férias. Já vemos e ouvimos por todos os lados os tambores do carnaval. E, todos e todas sabemos que depois do carnaval vai ser dada a largada! Começa a corrida para vencer mais um ano. Como a cada ano temos metas profissionais para atingir, metas familiares e pessoais.
Em nosso texto, o Apóstolo Paulo usa duas imagens para falar desta dura tarefa de ganhar a vida. Na verdade, ele está falando de como ele faz para poder atingir os objetivos que traçou para sua vida. Ele foi chamado por Deus para ser Apóstolo e dedicou todas as suas forças para alcançar este objetivo.
Mas antes de ler o texto, preciso perguntar a você se você tem consciência do chamado de Deus para ti. E se você realmente se dedica a cumprir este chamado em tua vida. Ou você acredita que Deus não te chamou para nada nesta vida? Ou você acha que dedicar-se ao chamado de Deus é coisa de apóstolos, pastores, padres, freiras?
Ouçamos o texto: 1ª Coríntios 9. 24-27
Estas palavras de Paulo funcionam como uma conclusão do capítulo 9. Neste capítulo, Paulo parece estar justificando o seu ministério, pois ele começou a corrida de maneira diferente dos outros apóstolos. Vocês certamente conhecem a sua história, mas vou relembrar os detalhes mais importantes:
Paulo não era um seguidor de Cristo. Ele era, na verdade um perseguidor de cristãos. Ele acreditava que os cristãos estavam afastando o seu povo do Deus verdadeiro, adorado por séculos. Paulo não conheceu a Jesus antes da ressurreição. Seu encontro com Jesus aconteceu no caminho para Damasco, quando uma luz o cegou e ele caiu do cavalo. Os demais apóstolos e discípulos de Jesus tinham medo de que Paulo estivesse apenas usando uma artimanha para
prender os seguidores de Jesus. Mas acontece que o encontro de Paulo com Cristo foi autêntico. Ele, de fato, sentiu o chamado de Cristo para ser o Apóstolo dos Gentios.
Este encontro com Cristo mudou as metas e objetivos de Paulo para a vida. De perseguidor, Paulo passou a ser perseguido; de opositor passou a ser defensor. Mas esta mudança não foi tão fácil. Paulo acabou por ser perseguido tanto por judeus quanto por cristãos. Suas palavras, em nosso texto, são uma tentativa de justificar seu ministério diante dos outros apóstolos. E Paulo faz uma coisa interessante:
- “não tenho o mesmo ponto de partida que vocês. Mas tenho o mesmo ponto de chegada, o mesmo objetivo. E a maneira como busco atingir este objetivo me legitima”.
Creio que este drama de Paulo se repete em nossas vidas a cada ano. A cada ano traçamos metas profissionais e buscamos atingir objetivos. Talvez, assim como Paulo, estejamos tentando nos legitimar. Provar que também somos capazes. E assim como Paulo tentava justificar-se diante dos outros apóstolos, talvez também nós tentemos provar para alguém que somos capazes e dignos de vencer na vida da nossa maneira e com nossas forças. Ou talvez ainda, assim como Paulo, nós tenhamos rompido com um jeito de fazer as coisas e viver a vida e ainda não conseguimos viver plenamente a nova vida.
Explico: Muitas pessoas dedicam suas vidas a provar aos outros sua capacidade. Filhos diante de pais, pais diante de filhos, empregados diante de patrões, patrões diante de empregados. Filhos que não querem repetir os erros dos pais, mas que sofrem para não repetir estes padrões em suas vidas.
Quais são as suas metas para este ano? Como você pretende chegar lá? Como você imagina que vai ser e estar no final deste ano? Com quem você quer chegar lá?
Paulo não quer determinar suas metas. Ele apenas quer lembrar:
1) Que você foi chamado por Deus para ser pai, mãe, filho, esposo, esposa, empregado, patrão, luterano, enfim, tantas coisas que somos em nossa vida.
2) Que estes chamados não são obra do acaso. Eles são o chamado de Deus para você.
3) Que Deus tem a liberdade de chamar de maneiras e em tempos distintos a cada um de nós.
4) Que só você pode responder a este chamado e isto tem que acontecer de acordo com tua maneira de ser. Autenticidade é o que Paulo quer recomendar.
5) Que tudo isto exige esforço e dedicação. Não dá pra fazer corpo mole. É pra correr como quem realmente quer ganhar. É necessário dedicação, esforço, renúncia, entrega, sacrifícios.
6) Que tudo isto vale a pena, pois aquilo que você ganha não acaba em poucos minutos, mas dura para sempre. Tudo o que verdadeiramente se ama, se constrói com amor dura para sempre.
Amém.
Pastor Marcos A. Rodrigues
