Qual é o peso de nossas palavras?
Estou me disciplinando para criar um hábito de organização / planejamento / autodisciplina: destinar 20 minutos do dia para organização e faxina. Nem mais, nem menos. Se acaso não conseguir concluir a tarefa em um dia, deixo para concluir nos 20 minutos do dia seguinte. É um exercício de disciplina interessante, e tem me feito muito bem.
Hoje, foi dia de organizar uma das gavetas da minha escrivaninha: a gaveta das prédicas realizadas. Além de organização e faxina, este foi um momento de muita reflexão. A gaveta estava realmente abarrotada de papéis. Prédicas, mensagens, estudos e reflexões para os cultos e celebrações diversas. Mensagens escritas e proclamadas no período de fevereiro de 2017 até fevereiro de 2021 – portanto, 4 anos – período em que estou atuando na Paróquia de Schroeder.
Devo dizer que fiquei impressionado com o volume. Sei que, além destas folhas, há ainda muitas outras: algumas foram extraviadas, outras foram cedidas para alguém que solicitou a mensagem por escrito. Há ainda mensagens e reflexões escritas em outros meios. Sem contar, as reflexões realizadas nos encontros dos grupos (que estão em outra gaveta a ser organizada).
Pensei comigo mesmo: caramba! Quanto papel! Quantas palavras! Fiquei curioso e por alguma razão desconhecida, resolvi pesar este papel todo: 1,759kg. Este ato me levou a refletir ainda um pouco mais. Tinha agora a informação do peso deste papel. Mas, e qual é o peso de todas estas palavras? Tantas mensagens, tantas reflexões. Mensagens escritas por mim mesmo; mensagens escritas por outros colegas e adaptadas para a realidade local; mensagens inspiradas em outras reflexões vistas, lidas, ou ouvidas. Palavras proferidas em tantos momentos diferentes: cultos regulares, celebrações festivas, momentos solenes, ocasiões fúnebres, etc.
Quantas destas palavras foram significativas? Quantas destas palavras alcançaram o coração das pessoas e fizeram a diferença na vida delas? Não sei! O que sei é que, se forem apenas as minhas palavras, palavras humanas, talvez sejam pouco eficazes. Porém, enquanto forem Palavras de Deus, então sim, estas palavras ganham vida. Elas tocam. Elas agem. Elas transformam!
“Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei.” (Isaías 55.11) As palavras de Deus não se perdem. Não ficam vazias. Não caem no esquecimento. As palavras de Deus são eternas.
Puxa vida, que privilégio poder ser arauto de tais palavras! Que bênção poder ser usado por Deus para comunicar o seu amor! Mas também, que responsabilidade tremenda: que as minhas palavras (humanas) não ofusquem e nem confundam as palavras divinas. Que os meus dedos que digitam e a minha boca que proclamam sejam instrumentos para a glória do Senhor!
“As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (Salmo 19.14)
PS: lá se foram mais 20 minutos destinados a reflexão e meditação na Palavra de Deus. Mas esta meditação, porém, não quis ficar só para mim.
P. Cleiton Friedemann