Neste dia 3 de outubro, Dia Nacional da Agroecologia, nós da Fundação Luterana de Diaconia - Conselho de Missão entre Povos Indígenas - Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD-COMIN-CAPA) manifestamos o compromisso com a Agroecologia em defesa da vida, sustentado em nossas políticas de justiça de gênero e de justiça socioambiental.
Acreditamos que a Agroecologia é o caminho para a efetivação de relações justas e equilibradas entre todas as formas de vida. Por essa razão, ela deve ser uma política pública nacional, estruturante e permanente.
Vivemos o agravamento da desigualdade social com as crises econômica e sanitária, ao mesmo tempo em que se intensifica a retirada de direitos e o desmonte de políticas públicas que possam garantir a segurança e soberania alimentar. Neste momento, mais de 19 milhões de pessoas estão em situação de fome.
Territórios, modos de vida, culturas e histórias de povos e comunidades tradicionais, acampamentos e assentamentos da reforma agrária e também a agricultura familiar estão ameaçados pela expansão do agronegócio, da mineração e de outros grandes empreendimentos. O desmonte da legislação que regula os agrotóxicos intensifica a sua utilização descontrolada. A contaminação genética ameaça de maneira direta toda a diversidade das sementes nativas e crioulas que estão em domínio popular. Essas ações têm causado perdas irreparáveis, afetando também populações de espécies vegetais e animais, alterando ecossistemas e provocando mudanças climáticas que vem impactando a sociobiodiversidade brasileira. A situação se agrava pelo genocídio de pessoas negras e indígenas, que beneficia o avanço de um modelo agrícola marcado por violências.
É diante desse cenário, contudo, que, em sinal de esperança, FLD-COMIN-CAPA apoia e reafirma o protagonismo de pessoas, grupos, comunidades, movimentos sociais, povos e organizações da sociedade civil, defensoras e promotoras da Agroecologia em diferentes contextos e regiões do Brasil e da América Latina.
A força da Agroecologia se materializa na produção de alimentos saudáveis que acontecem em quintais, hortas caseiras, roçados, campos, pomares, florestas e agroflorestas, os quais são comercializados pelas diferentes gentes em inúmeras feiras livres, lojas, empreendimentos da economia solidária e mercados institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que disponibiliza, por meio de cooperativas e associações da agricultura familiar e camponesa, alimentos saudáveis para crianças das escolas das redes municipais e estaduais.
Afirmamos que Comer é um ato político! Reivindicamos comida saudável e livre de agrotóxicos em todas as mesas. E chamamos a população a aderir às iniciativas locais de comércio justo e solidário. É somente por meio da Agroecologia que teremos condições de tornar essa alimentação acessível a todas as pessoas.