Recebas, tu, esta cruz de cinzas sobre tua testa
trazida da queima das cruzes do Domingo de Ramos.¹
Florestas do mundo inteiro ardem em chamas – agora.
E tu tardiamente te arrependes da perda;
Tais árvores de Deus bateriam palmas
e as muitas pedras gritariam e cantariam
se te pactuasses a amar estas terras
e a nelas reconhecer em Cristo teu Senhor e Rei.
Ele vê a dolorida destruição daquelas árvores;
ele chora ao contemplar lugares tão antigos queimarem,
e, ainda assim, tu compras tudo o que queres
mesmo que ao pó e às cinzas também tu voltarás!
Oh esperança! Ressurja das cinzas
a começar com esse sutil sinal sobre a testa.
[ Ayodeji Malcolm Guite (1957-presente), poeta, cantor, compositor, padre anglicano e acadêmico. O poema em inglês pode ser encontrado aqui: https://malcolmguite.wordpress.com/2012/02/20/ash-wednesday/ ].
Tradução para o português:
P. William Felipe Zacarias.
Quarta-feira de Cinzas,
22 de Fevereiro de 2023.
Imagem 1: Cinzas impostas na testa de um cristão na quarta-feira de cinzas;
Data: 22 de Fevereiro de 2012;
Fonte: Trabalho próprio de Jennifer Balaska / Wiki Commons.
Imagem 2: Fotografia de satélite ilustrando desmatamento florestal de derrubada e queimada ao longo do rio Xingu, no estado de Mato Grosso;
Data: 17 de Setembro de 2011;
Fonte: NASA Photo ID ISS029-E-8032;
Imagem 3: Bruno Kelly/Reuters/Arquivo.
¹ Entre os irmãos católicos romanos e anglicanos há uma tradição em que se faz a queima de palhas em forma de cruz no Domingo de Ramos para que suas cinzas sejam usadas no ano seguinte na quarta-feira de cinzas. Caso o poema seja usado em algum culto, para melhor entendimento poderia ser lido assim: “trazida da queima das palhas do Domingo de Ramos”.