“Então, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado” (Mt 4.1)
Tempo de quaresma, é tempo de reflexão. De imersão em nosso ser.
Vem comigo nesse breve exercício poético, psicológico e espiritual.
Quem nunca passou por um deserto? Quem nunca passou por vazios?
Nesse estado de espírito somos levados a refletirmos sobre os dissabores da vida que não são poucos. Não tem sido pouco para ninguém.
Somos levados a desertos, somos levados a ficarmos literalmente cara a cara conosco. Cara a cara com a escuridão, mas também com a luz da nossa alma.
Mergulhamos, então, com uma mistura de medo e coragem para dentro de nós, sem querer saber qual é a profundidade exata da alma ou do espírito.
Apenas vamos...
E nesse mergulho começamos a descobrir quem somos, o que nos tornamos.
O momento pede para sermos indecorosos. Agora de nada vale a ortodoxia, muito menos a moral de fachada. Afinal, o que há para esconder? Para quê esconder? De quem se esconder?
No deserto a única companhia que temos é o tempo. Ele testemunha de nossas questões, de nossas crises, das tentações. Na verdade, o tempo trabalha para Deus.
É como um Consolador invisível.
Então, chega um momento, cedo ou tarde, que caímos de vez em si e urramos. Estamos tomados de fraquezas. Porém, ainda sãos para dizermos:
Que haja luz na escuridão. Ainda emotivos para entendermos que nem só de pão vivemos. Ainda racionais para não nos dobrarmos aos poderosos deste mundo. Ainda crentes para pronunciarmos: é a Deus quem amamos e servimos.
É em Jesus humano que existimos. Amém!