Texto-base do Tema e Lema da IECLB para 2019
Tema: Igreja, Economia, Política
Lema: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou. (João 14.27a)
O tema do ano já é uma tradição na IECLB. A primeira edição foi em 1976. Normalmente, o tema é tratado pelo período de um ano. Alguns temas conduziram a reflexão e a ação da igreja por dois anos. Em 2019, mantemos o tema do ano de 2018, mas sob a luz de um novo lema. Por quê?
Em 2018, apresentamos os motivos pelos quais escolhemos Igreja, Economia, Política como tema. Segundo Lutero, essas são as três ordens da Criação de Deus. Recordamos o texto-base de 2018:
Igreja (que ensina a Palavra de Deus), Economia (que organiza a produção e a distribuição justa dos meios de sustento da vida) e Política (que zela pela boa convivência humana) são os instrumentos que Deus usa para evidenciar quem ele é e o que ele quer.
A concepção de Lutero interligou âmbitos que eram considerados desiguais, separados e sobrepostos. Para o Reformador, Deus age mediante as três ordens, e todas as pessoas se colocam a serviço de Deus nas três ordens. Esta é uma indicação importante para nós: cada pessoa é chamada a atuar com Deus nesses três âmbitos da vida.
O ensino de Lutero sobre as três ordens da criação se refere a um estado ideal que não existe mais. A natureza humana foi corrompida pelo pecado e, com isso, também as ordens da criação estão corrompidas. Ainda assim, todas elas permanecem sob a promessa de Deus e continuam sendo os âmbitos nos quais Deus atua.
O ser humano está inserido nas três ordens da Criação. Mesmo que uma pessoa queira se retrair da dinâmica das ordens, o que nelas acontece vai refletir em sua vida. Pela fé, apesar da nossa condição de pessoas pecadoras, atuamos nas três ordens e através delas. Nossa ação pode ser compreendida como colaboração com Deus para o melhoramento do mundo. Isso também aponta a abrangência da fé cristã. Ela vai além do âmbito pessoal e do círculo da comunidade. A pessoa cristã é, simultaneamente, cidadã.
Em 2018, tivemos a oportunidade de compreender a concepção luterana das ordens da Criação. Em 2019, queremos avançar, identificando e indicando ações para o melhoramento do mundo através das três ordens.
Na concepção luterana, o alvo da Economia e da Política [e de políticas] é a promoção do bem-estar das pessoas. Em seu comentário ao Magnificat, Lutero diz ser necessário que “governantes se deixem governar pela graça e ajuda de Deus, para o bem do povo. A qualidade de vida do povo evidenciará se o governante é governado ou não pela graça de Deus. [...] O bem-estar de muita gente depende de um príncipe tão importante, quando ele é governado pela graça de Deus. Por outro lado, dele depende a desgraça de muitos, quando ele se volta para si próprio e não é governado pela graça”. Diante dessa visão e considerando o novo lema, a tarefa de governantes e de pessoas cidadãs, particularmente do povo de Deus, é promover a paz e o bem-estar de todas as pessoas. Para isso é preciso compreender o que é paz. É disso que trata o lema.
Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (João 14.27a). Jesus não define a paz nessa sua frase. Também em outras ocasiões em que fala sobre a paz, o Mestre nunca define o termo. A razão é que paz era um termo conhecido e, seguidamente, usado em saudações pessoais (p. ex.: João 20.19). Para o povo judeu, shalom – a palavra judaica para a paz – é um termo abrangente que pode ser resumido assim: é a felicidade, o mútuo entendimento e o bem-estar espiritual, físico, social, econômico e político das pessoas, das famílias ou grupos com quem elas se relacionam, das cidades em que moram, dos povos aos quais pertencem. Paz é, portanto, felicidade, saúde, bom entendimento e bem-estar em todos os sentidos. Para a Bíblia, paz é uma dádiva de Deus, também o é a bênção: O Senhor te abençoe e te guarde [...] e te dê a paz (Números 6.24-26).
Como judeu, Jesus tinha em mente esse sentido abrangente de paz quando disse em seu discurso de despedida que deixaria e daria o seu shalom (a sua paz) aos discípulos (João 14.27-31). Que a paz para Jesus pressupõe integridade e saúde física mostram-nos trechos como Marcos 5.34 e Lucas 8.48, onde Jesus cura uma mulher e então diz: Vai em paz. Também a palavra de Jesus sobre a vida abundante que ele veio para dar tem a ver com o restabelecimento da saúde das pessoas (João 10.10).
Talvez a maior contribuição de Jesus para uma prática de paz nas diferentes dimensões dos relacionamentos humanos é sua insistência no perdão sem limites. Foi Jesus quem disse para perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete (Mateus 18.22). O perdão traz a paz para relacionamentos tensos, difíceis e carregados de culpa (Lucas 7.36-50). Quando não há prática de perdão, o que sobressai são atitudes de discriminação ou de ódio. O Evangelho de João acentua justamente este aspecto: o mundo “odeia” quem não reza seus credos nem se orienta por suas práticas (João 7.7; 15.18,23,25; 17.14).
A paz de Jesus incluía uma prática decidida de não violência e, em consequência, não armamentista. Ele pede para orar pelas pessoas que nos perseguem ou caluniam (Mateus 5.44; Lucas 6.28), para não revidar mal com o mal (olho por olho, dente por dente – Mateus 5.38). Jesus negou-se a apelar para os exércitos celestiais para livrá-lo da cruz (Mateus 26.53). Sua entrada triunfal em Jerusalém não foi sobre um cavalo de guerra, mas sobre um jumentinho da paz, inspirado no texto de Zacarias 9.9-10. Ali diz que Deus vai destruir os carros, os cavalos e os arcos de guerra, para que seja anunciada a paz (cf. Oseias 2.20). Diante disso, precisamos perguntar se propostas como as de leis que possibilitam e promovem o porte de armas condizem com o espírito da paz divina. Também é necessário perguntar em que medida o fomento de uma indústria bélica no Brasil exporta paz ou matança, sangue e destruição.
É claro que ninguém seria tão ingênuo de achar que num país como o Brasil, só por não existir guerra declarada, já exista paz. Os índices anuais de assassinatos no campo e nas cidades, de desemprego, de milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, do caos da segurança pública, da saúde etc., dão testemunho de que a ausência de guerra é ainda insuficiente para caracterizar nossa vida como estando em paz. Por isso no Antigo Testamento a paz tem uma coirmã, denominada justiça (cf. Isaías 48.18). Sem paz dificilmente haverá justiça; sem justiça certamente não haverá paz: O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça será repouso e segurança para sempre (Isaías 32.17). Daí resulta a importância da justiça social para a paz.
Enquanto não oferecermos as mesmas oportunidades e espaços iguais de formação e trabalho a todas as pessoas, estaremos contribuindo para a manifestação da marginalidade, do crime, das drogas e de outros males. A justiça também falha quando ela não aplica as leis de forma igual para todas as pessoas, criando e mantendo privilégios para uma minoria. Quando há desequilíbrio da justiça, geralmente as pessoas pobres, negras, indígenas e migrantes são as mais prejudicadas.
No Salmo 85.10-13, a paz tem mais uma coirmã: além da justiça, a verdade. A graça e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar. A verdade como segundo fundamento da paz tem uma importância decisiva para Jesus no Evangelho de João (p. ex.: João 1.17; 4.24; 14.6,17; 17.17). O conhecimento da verdade tem função libertadora: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (João 8.32). No Brasil, a divulgação malévola de fake news com o interesse de acobertamento da verdade, a transmissão de meias verdades e a omissão de outras tantas pelos grandes órgãos de imprensa torna o pouco de paz que temos ainda mais frágil e danoso, gerando desconfiança, desorientação e má informação.
Por vezes, os que falam de paz o fazem somente da boca para fora. Jeremias 6.14 afirma que muitas pessoas, movidas pela ganância, não têm nenhuma vergonha de mentir descaradamente e de proclamar “Paz, paz”, quando não há paz. São aquelas pessoas que dizem ter o interesse de curar as feridas do povo, mas na realidade buscam o seu próprio interesse ou o interesse de uma minoria. A paz que querem é que o povo não se manifeste nem proteste diante de mentiras e injustiças. Nesses casos, as pessoas cristãs têm o compromisso ético da denúncia. Jesus também criticou as pazes falsas, que podem estar inclusive dentro das famílias, onde a discriminação das mulheres, a submissão doentia e o machismo impedem que as pessoas vivam e se desenvolvam em liberdade. É dentro desse espírito de denúncia que entendemos as palavras em Mateus 10.34-36: Não pensem que eu vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e a sua mãe e entre a nora e a sua sogra.
No Evangelho de João há, por fim, uma terceira coirmã da paz. Trata-se do amor: Permaneçam no meu amor [...] O que eu lhes ordeno é isto: que vocês amem uns aos outros (João 15.9-17). O amor de Cristo é essencial para o estabelecimento da paz por uma razão muito simples: ele é universal. Cristo o deu para todas as pessoas, independentemente de classe ou condição social, política e religiosa. E ele assim o fez por entender que todas as criaturas, indistintamente, eram filhas queridas do Pai do céu. Se permanecermos e defendermos esse amor universal de Cristo, promovemos a paz: Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus 5.9). Nesse caso, defenderemos políticas públicas, governos e projetos voltados para o bem comum e não, como costuma ser, para minorias privilegiadas. Uma paz que procure pelo bem comum estará sintonizada com a verdadeira paz de Deus que Jesus veio trazer. Deus não quer o bem de poucas pessoas, mas de todas.1
No tempo em que vivemos, as relações em todos os âmbitos (inclusive na família) estão determinadas pela polarização. A tendência é a de optar por um dos polos como sendo a única verdade. Exclui-se a possibilidade de convivência na diversidade. Desconhece-se ou ignora-se a complexidade dos fatos. É uma polarização odiosa que atrapalha e até impede nosso desempenho na missão de Deus. Quanta energia se gasta por causa do ódio nosso de cada dia!
Em meio a essa realidade, a teologia evangélico-luterana nos diz que, por causa do pecado, as ordens da Criação e todas as pessoas estão sob a marca da imperfeição. Justificadas por graça, através da fé, permanecemos sob o pecado. Somos pessoas simultaneamente justas e pecadoras (simul iustus et peccator). Vivemos em meio a essa ambiguidade. Daí que nunca uma suposta verdade estará plenamente deste lado ou do outro. Ter clareza dessa condição certamente nos ajuda a compreender as dificuldades e os desafios para promover a paz. Se as três ordens existem para o louvor a Deus e para a promoção e organização da vida, então o caminho não está na polarização que divide, mas na busca conjunta para a convivência em favor da paz. A IECLB está comprometida com essa busca ao insistir, por exemplo, no tema da justiça de gênero.
Abandonar o ódio para, conjuntamente, promover a paz no mundo ainda tem outra motivação: se em comum temos a condição de pessoas pecadoras, carregamos também em comum a marca do Batismo. Congregamos na igreja. Integramos o mesmo corpo. Em Cristo, somos um só corpo (1 Coríntios 10.17). Reafirmar esse princípio evitará que nos percamos em meio a conflitos, confrontos e contradições. O tema e o lema do ano nos motivam a agir em regime de colaboração na construção de pontes de aproximação para o melhoramento do mundo.
Diante das forças, na sociedade e também na IECLB, que dificultam e até impedem que nos reconheçamos como irmãos e irmãs, somos porta-vozes do evangelho, a alegre notícia. Dali provém o anúncio da paz como antítese à onda do ódio. Por isso um dos objetivos do tema é justamente apontar formas de baixar essa onda, sinalizando o que já se faz em favor da paz. A paz que Jesus deixou entre nós é motivo para que nos perguntemos de modo bem franco e direto, tanto ministras e ministros como membros e a sociedade em geral: as minhas palavras e a Palavra que eu anuncio contribuem no quê? E no que contribuem nossas ações? Ajudam a sair do círculo dramático no qual se cultiva o ódio nosso de cada dia? A palavra de Deus é a fonte inspiradora e orientadora para que nossas palavras fomentem a paz, sem mascarar a realidade.
Ao promover a paz (que beija a justiça, a verdade e a não violência) e romper a escalada do ódio e da polarização, defrontamo-nos com a via do diálogo, da mediação e da reconciliação. A persistência sincera nisso não pode, obviamente, acobertar injustiça, inverdade, violência. Diálogo em vista da reconciliação requer compromisso com a identificação e a superação de barreiras e fossos que impedem o florescimento da paz. De igual modo, diálogo, mediação e reconciliação, inspirados no evangelho, contribuirão para identificar balizas e limites para a boa convivência. O diálogo não pressupõe concordância e aceitação de tudo. Não podemos concordar, por exemplo, com discursos racistas ou que pregam o extermínio de quem é diferente.
A igreja contribui (e pode contribuir ainda mais) na promoção da paz através do diálogo, da mediação e da reconciliação. As comunidades da IECLB oferecem numerosas ocasiões para reunir os membros do corpo de Cristo para analisar e interpretar o que se passa no contexto em que vivem, iluminando esse contexto com a luz do evangelho. Exatamente diante dos fossos que nos distanciam é que insistimos no diálogo com vistas à construção de pontes como exercício do amor e da cidadania. Importa reaprender a ouvir e evitar impor a “minha verdade”. Haja mais diálogo e menos ofensas! Não se trata de aproximar pessoas para que pensem da mesma forma, mas de identificar iniciativas, a partir das quais é possível caminhar na mesma direção, vislumbrando a paz que Cristo deixou entre nós. Opiniões e posicionamentos divergentes precisam ser ouvidos. O foco deve estar nas causas e não nas pessoas com suas posições. Essa prática é parte do DNA da IECLB! Não temos na IECLB uma instância que dita a verdade. Orientamo-nos e nos inspiramos no Cristo, que é a Verdade. Somos igreja a caminho. Construímos o entendimento a caminho. Somos igreja sinodal! Nisso precisamos insistir e apostar mais e mais.
Igreja, Economia e Política são corresponsáveis pelo cuidado ou pela depredação da Criação de Deus. Consideremos, por exemplo, o que representam em nosso país a poluição decorrente do gás carbônico, do uso indiscriminado do plástico e dos agrotóxicos. A IECLB não tem a força de um Governo. Mas, como igreja, contribuímos (e interferimos) com iniciativas de gestão ambiental responsável e de preservação da boa Criação de Deus (Gênesis 2.1-3). O Programa Ambiental Galo Verde é um exemplo. Ele promove gestão ambiental em comunidades e instituições, ajudando a reduzir a pegada ecológica. As comunidades e instituições que o adotam elaboram um programa para reduzir o consumo de água e energia elétrica, para destinação correta dos resíduos de suas atividades, como festas e encontros, e colocam o cuidado com a Criação como uma de suas prioridades. O objetivo é ir além do discurso e vivenciar a responsabilidade ambiental. O Galo Verde tem como lema: A Criação é de Deus; a responsabilidade é nossa! Ao implantar um programa de gestão ambiental, a igreja demonstra que a fé é vivida com responsabilidade.
É possível iniciar uma reflexão ambiental sobre esse tema na comunidade, convidando alguém do Galo Verde para um encontro ou uma palestra. Quem quiser mais informações pode visitar o site www.galoverde.org.br e solicitar palestras e auxílio, fazendo contato com a coordenação (gjschalombr@web.de).
Políticas e modelos econômicos são determinantes para que a paz vingue ou mingue. Também são necessárias ações de empreendedorismo que reconheçam a função social das empresas na geração de postos de trabalho dignos, na distribuição da renda e na preservação ambiental. Há, a partir de comunidades da IECLB e em parceria ecumênica, iniciativas de empreendedorismo que perguntam pelo papel da empresa na sociedade e pelo desenvolvimento econômico como fator para a promoção da justiça. Tais iniciativas, que surgem a partir da escuta do evangelho, merecem pleno apoio.
Para regar a semente da paz semeada por Jesus, a IECLB apoia, há quatro décadas, iniciativas no âmbito da agroecologia através do CAPA – Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (http://www.capa.org.br/). Nos últimos anos, o CAPA desenvolveu o projeto Comida boa na mesa (http://comidaboanamesa. com.br/), que promove reflexão sobre o acesso à alimentação saudável, o papel da agricultura familiar, das feiras, cooperativas e organizações de apoio. Em 2018, na celebração dos 40 anos de história e testemunho do CAPA, fez-se este registro: “Como sinal de esperança, anunciamos a Agroecologia como projeto de sociedade transformadora de vidas, que viabiliza relações sociais justas, harmonia com a natureza e oferta de alimentos saudáveis para todos os seres”.
O cuidado com a vida humana (diante de doença, desemprego, criança em situação vulnerável, pessoa idosa abandonada) deixa muito a desejar por parte do Estado brasileiro. Diante desse quadro, a IECLB não se omite. Ao nos aproximarmos da celebração do jubileu de 200 anos de história da IECLB (1824-2024), podemos olhar com alegria e gratidão para as iniciativas das comunidades da IECLB no âmbito da diaconia. Há muitos projetos de cuidado de pessoas onde a vida dói, não importando se o abraço alcança membros ou pessoas que nem integram a IECLB (http://www.luteranos.com.br/organizacao/missao-diaconia). Temos consciência de que as ações diaconais da igreja não são suficientes para suprir a omissão do Estado, mas temos a alegre convicção de que nossas ações diaconais demonstram que da solidariedade no sofrimento humano brota a paz semeada por Jesus.
A vontade de Deus traduz-se na sua decisão de criar, preservar (vida digna) e salvar. Nessa decisão está expresso o amor de Deus e a própria força do amor que dele emana. Tudo passa. O amor fica. É esse amor que quer a paz. Paz é o alvo; o amor, o meio. Igreja, Economia, Política. Diante das ordens criadas pelo Pai, o Filho afiançou: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (João 14.27a).
Nestor Paulo Friedrich
Pastor Presidente da IECLB
Nota:
1. A reflexão sobre o texto bíblico (o Lema) é do P. em. Uwe Wegner, a quem agradecemos.
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