Jesus disse: Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. Vocês são os ramos e, sem mim, nada podem fazer. Se ficarem comigo e as minhas palavras em vocês, receberão tudo que pedirem. E a natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos.
(Extratos de João, 15:1-8)
Inicio este Relatório expressando meu conforto e encorajamento por saber-me pertencente a uma família de fé, onde cada membro, movido pelo mandato divino do discipulado e orientado pela identidade confessional da nossa IECLB, é chamado a dispor dons, graciosamente distribuídos por Deus, para a solidária construção de um mundo mais justo e fraterno entre nós.
A Igreja de Confissão Luterana já tem uma longa e rica história de presença marcante na Região Sudeste, como atestam relatos alusivos a jubileus de templos, comunidades e paróquias.
Isto, além de ser motivo de gratidão a Deus, que instrumentalizou nossos antepassados ao longo do tempo para construir os sinais que hoje festejamos, nos compromete com a caminhada evangélica luterana, que extrapola os limites dos núcleos eclesiásticos onde atuamos diretamente.
Embora a Igreja se inicie na família e comunidade, precisamos incorporar que o nosso discipulado, o nosso compromisso de fé, estende os horizontes de nossa ação amorosa e solidária para níveis cada vez mais amplos. Não se fecham nos limites da nossa Comunidade, Paróquia, Sínodo ou Igreja com que temos vínculos e orientações normativas, estruturais e confessionais.
Tripulamos todos juntos, um grande barco, capitaneado por Jesus Cristo e orientado pelo Seu Evangelho, que navega em direção ao porto da salvação por graça e fé. Neste barco da história todos nós somos remadores. Ninguém pode ser mera carga. Nem aquela carga estática, bem amarrada, que representa apenas um fardo a mais para ser carregado pelos outros, e nem aquela carga solta, que rola para todos os lados, não sabe bem que lugar ocupar e pode até virar o barco.
A figura do barco é oportuna porque permite entender que, também na Igreja, é necessário ter um norte, uma orientação clara para o caminho e um porto de chegada. Nela temos um capitão, um timoneiro que sabe e reorienta para o caminho certo, nos eventuais desvios, e temos remadores que, em equipe, com objetivos comuns, remando na mesma direção, no mesmo sentido, levam este barco, sempre com lugares vagos, ao bom destino.
Com esta motivação, este entendimento orientado pela fé que o Espírito de Deus plantou e continua cultivando em mim, tenho procurado agir com fidelidade no que creio e sou. Este ser, que inclui a função temporária de Presidente do Conselho Sinodal deste nosso querido Sínodo Sudeste, está em harmonia com as funções de Membro da IECLB, presbítero da Paróquia Bom Samaritano em Ipanema - RJ, representante do Sínodo no Conselho da Igreja e membro da sua Diretoria e integrante do Grupo Assessor de Planejamento para o PAMI.
Neste sentido do ser e atuar de forma integral quero dividir com todos os seguintes aspectos:
Somos IECLB no Sudeste brasileiro, temos compromissos com a IECLB no Brasil.
O Sínodo através do seu Pastor Sinodal e lideranças leigas tem procurado levar a voz da estrutura da IECLB, incluído o próprio Sínodo, para junto das comunidades e seus membros. Para uma Igreja que quer e precisa evangelicamente agir solidariamente no Brasil, é fundamental que toda a estrutura eclesiástica e administrativa aponte para esta vocação: Qual seja a de demonstrar nas instâncias de base o olhar da Igreja voltado para suas necessidades e aspirações, que as mesmas têm fundamental importância, pelo seu apoio e intercessão, no cumprimento integral e solidário da missão de amor de Deus neste Brasil continental e pleno de contrastes.
No Sínodo procuramos exercitar este discipulado fazendo-se presente nos momentos em que atividades específicas oportunizaram vivência comunitária compartilhada, como:
- cultos comemorativos de jubileus;
- cultos de instalação de novos ministros;
- cultos de fechamento de reuniões especiais (Assembleia Sinodal em Campinas-SP e Reunião do Conselho Sinodal com instalação do vice Pastor Sinodal em Belo Horizonte-MG, em 2010);
- reuniões de avaliação de ministros;
- comunicação mais ágil e de maior alcance (Boletim Semanal e nova revista lançada nesta Assembléia);
- Administração do Sínodo e destaques do Conselho da Igreja compartilhadas nas reuniões regulares da Diretoria e Pleno do Conselho Sinodal.
Motivação para o alinhamento das instâncias da Igreja com o Plano de Ação Missionária – PAMI
Como integrante do Grupo Assessor da IECLB para o Planejamento do PAMI, em 2010, além do Seminário de motivação que realizamos na Cantareira – SP, também tive a oportunidade de palestrar sobre motivação para as lideranças do Sínodo Mato Grosso em sua Assembléia. As iniciativas de 2010 tem seguimento em 2011 e Comunidades, Paróquias e Uniões Paroquiais sinalizam mobilização para o cumprimento da meta conciliar de atingir 1/3 das comunidades com Planejamento até o Concílio de 2012. Para tanto, com a ajuda do Sr. Miltom de Oliveira, temos assessorado, monitorado ou coordenado iniciativas em diferentes estágios: em Campinas e região, no âmbito da União Paroquial de São Paulo e na Paróquia Martin Luther, no Rio de Janeiro. Nestes exercícios os grupos de planejamento já formados confrontaram-se com as forças e fraquezas das instâncias eclesiásticas, que representam as oportunidades e ameaças do meio onde atuam, com vistas a priorizá-las e usá-las de forma criativa ao seu favor para a construção da Visão Missionária.
Representação e destaque da nossa realidade de contexto urbano junto ao Conselho da Igreja
Na avaliação pós-visita à Alemanha em 2006 e no âmbito da parceria que as comunidades do Rio de Janeiro têm com o Decanato de Schweinfurt, chamei a atenção sobre a necessidade de trabalhar com possível apoio daquele Decanato. Assim, buscar a aprendizagem mútua, a presença mais ativa da nossa Igreja na região metropolitana do Rio de Janeiro onde, em cerca de 13 milhões de habitantes, somamos menos de 1.000 famílias membros (0,01%).
Esta preocupação me fez voltar ao tema, nas oportunidades que se apresentaram: Encontro com o Decano de Schweinfurt e com o Reitor das Faculdades EST no Concílio de 2008 e na nossa Assembleia Sinodal de 2009. Também na recente visita do Conselho da Igreja à Faculdade em almoço comemorativo de aniversário desta. Tenho procurado mostrar no Conselho da Igreja que a histórica realidade de Igreja rural do sul do país, com a agricultura intensiva e mecanizada também recebe o impacto da concentração urbana. Assim, esta realidade que parecia ser prioritária para a Região Sudeste, passou a ser motivo de avaliação também em outras regiões de atuação da nossa Igreja. Existem sinalizações na IECLB e motivação da nossa EST para, além de outras iniciativas de vulto diverso, lançar ainda este ano, focalizado no e para o Sínodo Sudeste, um curso de especialização sobre o tema “ser igreja em contextos urbanos”, dirigido às lideranças leigas e ordenadas com graduação.
Clarear funções administrativas e ministeriais da Igreja junto ao Conselho da Igreja
Embora com funções específicas e cooperativas para a missão da Igreja, tem sido observada em diferentes instâncias uma interferência e concorrência entre elas. Parte, talvez, motivada por heranças históricas de hegemonia ministerial e parte construída por excessivo preciosismo administrativo laico ou inexperiência administrativa de presbitérios e lideranças. Este debate sobre as funções, no Conselho da Igreja e na Reunião da Presidência da Igreja com os Pastores Sinodais em março último começou a ser aberto para um melhor entendimento desde. Verifica-se que as instancias da administração central precisam estar orientadas de forma cooperativa para o exercício do testemunho evangélico, do servir com amor, do celebrar em comunhão e do divulgar, de forma transparente, as ações da IECLB no Brasil.
Neste sentido foi criado um novo e bem avaliado plano de saúde, concebido e oferecido aos ministros, familiares e funcionários de instâncias eclesiásticas. Todos os Campos de Atividade Ministerial foram convocados a participar de forma evangelicamente solidária, proporcional ao seu porte financeiro, com a sustentabilidade do plano. Já para as lideranças leigas foi editado e distribuído o excelente “Guia para o presbitério”, da Série Educação Cristã Contínua. Pessoalmente fui desafiado a expor minha visão de liderança em artigo específico que ocupa as páginas centrais do JOREV Luterano deste mês de maio/11. Neste artigo procurei mostrar que as experiências administrativas, exercidas na vida privada, quando amparadas nos dons e fé ofertados e desenvolvidos por Deus em cada um de nós, orientadas no exemplo de liderança de Jesus no seu relacionamento com os discípulos e multidões, podem e devem ser vividas no exercício de funções eclesiástica em todas as instâncias administrativas da Igreja e em apoio e suporte às funções ministeriais correspondentes.
Fé, gratidão e compromisso como alicerce de uma igreja evangelicamente solidária no Brasil
O contraste da existência de restrições ou folgas orçamentárias em instâncias eclesiásticas de porte semelhante, a dificuldade localizada de entendimento da solidariedade evangélica para dar sustentabilidade ao Plano de Saúde (AMA), instituído no começo deste ano, mostra que ainda não assimilamos a mensagem evangélica traduzida na tríade “Fé, gratidão e compromisso”. Ainda temos membros, lideranças leigas e ministros que tem dificuldades de perceber que a preciosidade da fé impulsiona uma gratidão, que remete aos sinais concretos de amor inclusivo para com o nosso próximo. Há indicativos de que precisamos retomar esse tema para avivar e aprofundar reflexões em nossas comunidades e entre as nossas lideranças. Pode, inclusive, ser um oportuno foco de trabalho nas ações estratégicas que o Planejamento do PAMI vem produzindo.