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ID: 2938

Marcos 4.26-34

O que Jesus nos diria hoje nas situações de conflito?

17/06/2018

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Marcos 4.26-34
Prezada Comunidade e estimados rádio ouvintes:
O Evangelho de Marcos nos conta que Jesus iniciou sua atividade com muito sucesso. Ele realizava curas, milagres. Suas palavras tiveram uma acolhida espetacular. Mas, logo todo esse sucesso foi substituído pela hostilidade, por conflitos e por problemas inclusive de Jesus com a sua própria família e com o grupo dos fariseus. Jesus chega a formar, com os que lhe são fiéis, uma nova família. Todas as parábolas de Marcos no capítulo 4, as que falam do semeador, da luz, da semente que precisa morrer, do grão de mostarda, da tempestade em alto mar se referem aos conflitos que Jesus enfrentou Jesus com seus adversários. São parábolas que falam de crise, de conflitos, de adversidades.
 
O evangelista Marcos lembra desses conflitos que Jesus enfrentou, porque a mesma coisa continuava acontecendo vários anos depois, dentro das primeiras comunidades cristãs. No início, as pessoas estavam bem dispostas, havia muito entusiasmo nas comunidades com a mensagem e com os milagres dos apóstolos, as comunidades cresciam a olhos vistos. Mas, aos poucos, as dúvidas, as crises, os conflitos, os problemas fizeram com que muitas pessoas perdessem o ânimo e abandonassem a vida comunitária.

Portanto, o evangelista Marcos diz que aquilo que Jesus passou continuava acontecendo nas primeiras comunidades cristãs. O inicio da igreja foi um tempo muito difícil. Nada era fácil e foi preciso muita sabedoria e muita energia dos apóstolos para começar tudo de novo. O Evangelho de Marcos tem diversos começos: cf. 1.1; 4.1; 8.31. A convivência entre pessoas nunca foi algo fácil, no tempo de Jesus assim como hoje. Exige paciência e disposição para re-começar sempre.

Muitas pessoas se perguntavam: se Jesus é de fato o Messias, o Filho de Deus (cf. 1.1), por que não é aceito pelos fariseus? Por que até sua própria família não o aceita? Por que Jesus não reage de forma mais convincente? Por que Jesus não usa os exércitos do céu para impor de uma vez – a força - o Reino de Deus aqui na terra?

O reino de Deus tem força irresistível (v. 26-29)
A parábola da semente que cresce por si só é uma das respostas à crise na atividade de Jesus e na caminhada das comunidades cristãs. Em meio aos conflitos, as crises e adversidades, Jesus nos quer ensinar algo falando da semente que cresce devagar. O Reino de Deus não aparece de uma semana para outra. Deus não vem para resolver os nossos problemas. Deus nos quer ensinar algo com os nossos problemas, ele nos quer mostrar onde está a presença de Deus quando passamos por momentos difíceis.

A parábola da semente faz ver como trabalhavam os agricultores no tempo de Jesus: depois de semear a terra, eles só voltavam a se ocupar com a lavoura na hora da colheita (o que não acontece mais hoje em dia, onde se faz necessário cuidar continuamente da plantação). O centro da parábola está no fato de que a semente, por si mesma – automaticamente - cresce e produz fruto. Isso porque possui dentro de si uma força irresistível.

Basta semear! O processo é lento, mas é progressivo: folhas, espigas e, por fim, grãos que enchem a espiga (v. 28). Quando nós vivemos a vontade de Deus em nossa vida, Deus se faz presente no meio de nós. Basta semear! Deus fará o mais importante. A semente não cairá no vazio. Deus se encarregará de fazer a semente germinar. Ele não nos abandona. Isso é um alerta para as pessoas que querem tudo pronto ou para os que querem tudo rápido. Com Deus tudo tem o seu tempo.

Pequenez e grandeza do Reino (v. 30-32)
A parábola do grão de mostarda, tida popularmente como a menor de todas as sementes, ilustra o contraste entre o início e o resultado da ação de Jesus e das pessoas cristãs. O centro da parábola está no contraste entre a menor de todas as sementes da terra e a maior de todas as hortaliças. De fato, nas colinas do mar da Galileia, a mostardeira atingia até três metros de altura ou mais. E as aves do céu construíam ninhos em seus ramos.

Assim é também a proposta da vivência do amor nas Comunidades cristãs: a proposta de Jesus de amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo era algo pequeno em seu início, insignificante diante dos conflitos e adversidades, mas grandiosa em seu resultado, tornando-se uma proposta universal: as aves do céu representam nações e povos que vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus. O reino de Deus será o ponto de encontro de todos os povos.

Entrar na lógica do Reino para sentir sua força (v. 33-34)
Portanto, a lógica do Reino é diferente. Nós nos assustamos e nos estressamos facilmente diante dos problemas. Os familiares de Jesus estavam com medo – acharam que Jesus tinha ficado louco e queriam leva-lo de volta para casa. Eles estavam com medo que Jesus fosse preso e poderia até ser condenado a morte. 

Com a parábola da semente Jesus enfatiza que ele não tem medo da morte. Mesmo que o matem, ele será como a semente jogada na terra, destinada a produzir fruto. “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto” (Joao 12.24). Diante dos conflitos Jesus demonstra uma profunda confiança em Deus. Jesus sente a presença de Deus ao seu lado. O apóstolo Paulo também entendeu isso quando escreveu: Se Deus está do nosso lado, quem nos poderá vencer? (Rm 8.31).

A comparação com o bambú chinês.
Conseguir ver além das dificuldades somente é possível quando se tem fé em Deus. É a falta de fé na presença de Deus que leva ao desespero. A fé em Deus faz a gente continuar adiante, mesmo que todas as pessoas digam que é melhor desistir. Isso não quer dizer que devemos fechar nossos olhos diante dos problemas. Fé em Deus significa confiar e empenhar-se para que as coisas deem resultados positivos, sem prejudicar ninguém. Esse esforço certamente será abençoado por Deus.

Os chineses dizem que depois de plantada a semente do bambu, não se vê nada por aproximadamente 5 anos – exceto um diminuto broto. Todo o crescimento é subterrâneo; uma complexa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo construída. Então, ao final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.
Muitas coisas na vida são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará; com ele virão mudanças que você jamais esperava.

Portanto, o evangelho de hoje pede paciência e persistência. Quando a gente pensa que nada está mudando, que tudo parece estar perdido Jesus nos conta essa parábola da semente e do semeador para nos dizer que Deus já no meio de nós e sua presença já está transformando as coisas. Mas as coisas não vão melhorar por mágica. A ação de Deus é progressiva, assim como a semente que vai se desenvolvendo numa planta.

Desta maneira, no campo do mundo Deus quer que cada um de nós sejamos semeadores de esperança. Não podemos fugir da responsabilidade de semear, de sonhar com um mundo melhor, um mundo para todo mundo. Deus nos quer ativos nas adversidades. Por isso, não devemos procurar desculpas para nos esquivar dessa tarefa, não devemos dizer que o solo é áspero, que não chove frequentemente, que o sol queima ou que a semente não serve. Não é nossa função julgar a terra e o tempo, nossa missão é semear.

A semente é abundante! Um pensamento, um gesto de solidariedade com quem luta por uma situação melhor, uma promessa de alento, um aperto de mão, um conselho, uma palavra de apoio ........ são sementes que germinam facilmente.

Deus nos deseja como semeador@s.
Mas não lancemos as sementes de qualquer jeito como quem cumpre uma missão desagradável! Dediquemos a tarefa com interesse, com amor, com atenção, como quem encontrou o sentido de sua vida!

E ao semear, não pensemos: Quanto receberei? Quanto demorará a colheita? Recordemos que não semeamos para enriquecer, aguardando o ganho multiplicado; semeamos porque trabalhamos para a causa de Deus, porque não podemos servir a Deus sem servir aos demais! E assim, sem esperar recompensa, receberemos recompensa; sem esperar riquezas, enriqueceremos; sem pensar em colheita, nossos bens se multiplicarão. E tudo porque semeamos num Reino onde dar é receber, onde perder a vida é encontrá-la, onde gastar-se servindo aos outros é multiplicar o amor de Deus.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do espírito Santo estejam no meio de nós. Amém.

 


O Semeador”, é também um dos temas muito comuns para pintores. O pintor holandês Vincent Van Gogh, por exemplo, tem oito quadros com esse tema. A versão mais famosa foi pintada em Arles, sul da França, no ano de 1888. Ele representa o homem simples como uma figura grandiosa de intensa dignidade, contra a vastidão do campo. O camponês trabalhador parece flutuar num tapete de cores (como Jesus caminhando sobre as águas). Há um caminho no centro da composição, que o camponês ignora. Há alguns poucos corvos, que parecem afastar-se, voando para longe. Um sol fulgurante ilumina a cena.

Van Gogh demonstra nessa obra a sua própria vida difícil. Ele falhou em tudo o que era considerado importante na sua época, como constituir uma família, garantir economicamente a sua própria subsistência, e acabou sucumbindo a uma doença mental. Pintar passou a ser seu refúgio. Ele utilizava cores muito fortes para expressar seus sentimentos. Ele costumava dizer: “Pinto o que eu sinto e não o que eu vejo.”
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Comunicação / Nível: Comunicação - Programas de Rádio
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 34
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 33675
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