Nós devemos a Reforma Luterana para o Brasil disse-nos o Pastor Armindo Müller, ao conversarmos na semana passada sobre o cerimonial desse pioneiro evento. Essas impactantes palavras têm sua razão de ser, porque somente após 180 anos de presença luterana no Brasil, estamos, nesse dia, por iniciativa do Sínodo Sudeste e desta Comunidade, inaugurando o primeiro busto do reformador Martim Lutero em solo brasileiro.
Obviamente que, se por um lado a constatação dessa ausência pública nos frustra, por outro, desafiados a entender o por quê de tal vazio, inspiramo-nos nesse mausoléu para patrocinar e ajudar a informar quem foi Martim Lutero.
É na qualidade de Diretor da LUTERPREV PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR, organização sem fins lucrativos, que visa garantir e promover amparo previdenciário das pessoas e das organizações religiosas no Brasil, cuja existência foi patrocinada pela IECLB e pela Rede Sinodal de Educação que hoje aqui estou.
A LUTERPREV, em cujo nome, traz na sua raiz a expressão LUTER, exatamente para sermos identificados com essa grandiosa criatura humana que, entre outras coisas, foi a primeira pessoa a traduzir as Escrituras Sagradas, do greco, do hebraico e do latim para o que se tornou a língua alemã, popularizando o que até então era domínio privilegiado do clero.
Em nosso meio a semelhança e a importância histórica é o feito de Camões, em Os Lusíadas, que cunhou a língua portuguesa.
A título de contextualizar, ouçam o que pensava Martim Lutero, por exemplo, sobre a especulação financeira:
Onde se empresta dinheiro a juros somente pela diferença a maior, onde se excluem de antemão os riscos ou o empenho, e onde não existe a possibilidade de se perder mais do que se investiu, sendo, portanto, o dinheiro investido como se jamais pudesse ocorrer a diferença a menor, fica evidente que o negócio não tem fundamento.
Reparem a crítica sobre a modalidade de ganhar dinheiro fácil com o próprio dinheiro. Em nosso tempo, o maior tomador de dinheiro são os governos. O governo toma emprestado dinheiro do público e remunera a uma determinada taxa de juros - juros são nada mais, nada menos que o custo do crédito. Como o governo gasta mais do que arrecada, seu crédito junto ao público é pequeno, o que o obriga a aumentar a taxa de juros para compensar o risco do investidor. Ela está hoje a 16% ao ano. Como não há negócio decente que pague essa remuneração sem correr demasiados riscos do negócio em si e de dar emprego às pessoas, os investidores preferem comprar papéis dos governos, recebendo facilmente taxas de juros, sem correr maiores riscos. Só que taxa de juros alta representa dinheiro fora dos negócios. E negócios sem dinheiro, não geram emprego, geram recessão. Querem frase mais atual do que a citada?
Pois bem, essa frase foi extraída do Sermão do Comércio e Usura, escrito pasmém, em 1524. Ela foi transcrita da pág. 374, do volume sobre Ética, aqui em minhas mãos, da parte sobre economia, das obras selecionadas de Martim Lutero, uma publicação em co-editoria pela Editora Sinodal e Concórdia Editora.
Para finalizar, em nome da LUTERPREV Previdência Complementar nós os felicitamos!!! Parabéns: Primeira Comunidade Evangélica Luterana no Brasil. Sim, o Brasil merece conhecer Martim Lutero e quis a história que coubesse a nós a honra de patrocinar tão significativo monumento.
De nossa parte passamos, ainda, na forma de doação à Biblioteca Municipal de Nova Friburgo, um exemplar do citado livro que vai ajudar na tarefa de informar o Brasil sobre as idéias de Martim Lutero.
Everson Oppermann é diretor
de gestão empresarial da LUTERPREV