Comunidade de Niterói - Paróquia Esperança (RJ)

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Vida requer cuidado

07/08/2010


Cuidados requerem custos: gastos com reforma, manutenção. Não é por acaso que, às vezes, se a usa a definição financeira para relacionamentos familiares ou vínculos afetivos: são descritos como “investimentos”.

Parece não haver palavra que defina este zelo pela vida de quem amamos.

De uns tempos para cá, tornou-se comum a expressão exposta por um anúncio publicitário de um cartão de crédito: “não tem preço”. Antes, era usada geralmente no relacionamento familiar, quase sempre vinculado ao amor de mãe.

Não é de hoje que se sabe que relações religiosas têm custos. Impregnadas por valores de mercado, a religiosidade se torna objeto de consumo. Cobram-se serviços prestados. Discute-se a funcionalidade e o objetivo.

Não é de agora que a proposta “luterana” é de um vínculo diferente. É um vínculo de cuidado específico com a liberdade. Não é um vínculo com a “religião”, no sentido de que pessoas não precisam ritos e cerimônias. Precisam da certeza do amor de Deus – nas alegrias, nas tristezas.

Essa liberdade não tem preço. Mesmo que se tente cobrar isso a toda hora. Essa cobrança não é necessária: necessitamos manter espaço e de momentos para que, em horas de muita alegria ou de muita tristeza, não precisemos ficar sozinhos. Precisamos de comunhão – e não da religião em si, como se isso salvasse as pessoas por si só.

Necessário é o vínculo com outras pessoas tão “livres” quanto nós. Senão a solidão faz as pessoas, de novo, “mercantilizar” tudo, e cair em propostas religiosas escravizantes.

Necessária é a certeza de que vida é para ser vivida – plenamente – não é para ser vivida em meio a culpas e custos que só geram mais culpas e custos.

Outra “máxima” luterana afirma que todo testemunho passa pela cruz. Não só por iniciativa das pessoas ao sofrimento – senão seria masoquismo. Sofremos as consequências de nosso empenho por justiça, integridade da criação.

E aí que encaramos o pecado – que é o que torna a convivência insuportável. Quando “formatamos” nossas convivências – com outras pessoas, com a natureza, com a sociedade – é comum enfrentarmos problemas. A convivência traz dificuldades. Mas ela só se torna impossível quando o sofrimento é intransponível. Aí, se diz que é uma relação pecaminosa.

Ainda assim, anunciamos que Deus perdoa pecados. Novamente algo inexplicável na ótica do mercado. Não há como medir amor, nem fé, nem esperança. Não se pode comparar uma e outra pessoa. Dizer que Deus perdoa pecados, implica em viver sob a graça e não a partir de méritos próprios.

Vivenciar o jeito luterano de confessar a fé cristã implica, sim, em atualizar o que muitas vezes foi transmitido só pela tradição. A tradição é interessante. Mas muito mais vital é a liberdade.


Autor(a): Paróquia Esperança
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Comunidade de Niterói - Paróquia Esperança (RJ)
Natureza do Texto: Artigo
ID: 7843

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