A FESTA JUNINA NASCEU NA IGREJA!
Sim, esta frase nos marca. Marcou também a nós, mulheres da OASE da Paróquia Litoral Norte Catarinense , que, ao estudar o Roteiro da OASE de 2019 no mês de junho, nos deparamos com uma bela proposta de estudo, reflexão, atitude e movimento, escrita por Susana A. Frühauf, de Espigão d’Oeste-RO, sob o título: “Anúncio da vinda do Messias – Passa dia com Isabel e João numa chácara” (p.69-73). A proposta de Susana às mulheres da OASE é que reflitam sobre a vida de João Batista, da atuação de seus pais, Isabel e Zacarias, lembrando o dia 24 de junho como data fixada no século V para celebrar o testemunho de João, o Batista, que viera para preparar o caminho do Messias, Jesus Cristo.
Chama-nos a atenção, no estudo preparado por Susana, que João deu seu testemunho de maneira original, não cedendo aos caprichos da sociedade, criticando o poder abusivo, a hipocrisia e falcatruas, colocando o dedo na ferida das ações injustas e inescrupulosas de poderosos e governantes. Ele, com seu jeito diferente e tocante, chama as pessoas à mudança de vida e atitudes, e convencia para uma vida baseada no perdão, na humildade, na partilha, na liberdade e alegria de viver. Convidava as pessoas ao arrependimento de seus pecados e as batizava no rio Jordão. Susana nos motiva: “Também na missão precisamos ser humildes, tirar o traje de gala e vestir o de caipira, o que diminui a própria importância para valorizar a mensagem. Trajes simples, de alimentos, fogueira, tudo enfeitado, dança, muita alegria e diversão.” Os caminhos de João e de Jesus eram de paz, aceitação, amor, caminhos que somente podem ser trilhados por quem se dispõe para uma vida de comunhão, partilha e humildade.
Em tempos de aumento do uso de agrotóxico vale ressaltar os alimentos saudáveis, provenientes da roça, que se fazem presente nas festas juninas e dão um sabor especial às comemorações alusivas à vida e ao testemunho de João Batista. Lembramos os produtos provenientes do aipim (mandioca/macaxeira), amendoim, batata-doce, pinhão, milho, fruto da videira, coco, arroz, cana-de-açúcar, trigo. Quanta diversidade riqueza nutricional a base da simplicidade da vida do interior, da roça, de onde nos nutrimos e festejamos. Se João estivesse entre nós denunciaria e esbravejaria contra o abuso de veneno/agrotóxicos nas plantações que dizimam e destroem a riqueza de solos e a biodiversidade de plantas e nutrientes que nos alimentam e sustentam. Que a partilha seja fruto de ação ecológica e o desejo de João por vida boa e digna também passe pelas nossas escolhas à mesa.
Outro importante aspecto da festa de São João, festa junina, lembro da alegria, da dança, da “quadrilha do bem”, como intitulamos entre nós. Susana, no roteiro da OASE, cita: “Nos movimentos de dança demonstramos liberdade, leveza, distração, estender a mão, alegria, brincadeira, louvor com todo o corpo. Atitude.” Não seria este o prenúncio do Reino de Deus, sinal de que ela já está entre nós, quando celebramos a vida, rimos de nossos trajes coloridos e simples, quando até algumas mulheres vestem-se de homens, maquiadas à moda caipira, brincam com inocência, com riso largo e farto, com a certeza de que a vida é uma festa e assim pode ser encarada? Sim, relembrando os tempos idos, a infância e juventude, mulheres brincam, soltam-se e afirmam com certeza: “Que festa legal, estava uma delícia.” “Ano que vem faremos de novo, muito bom.” “Nossa, quanto tempo não ria tanto assim.” “Que tarde gostosa, como é bom participar.” Entre tantos outros suspiros e desabafos pós-festa...
E pensar que tudo isso é possível por causa de João, aquele que pontou para Jesus e disse: “Que ele cresça e que diminua eu” e “Eu não sou digno de desatar as correias das sandálias dele.” Esse João, cheio de surpresas, cheio de coragem e destemor, com manha e sabedoria, simplicidade e alegria nos contagia até hoje. João soube preparar bem o caminho para Jesus, seu parente, enviado de Deus ao mundo para espalhar paz, amor, perdão, alegria, salvação. Que também nós possamos continuar os passo de João e preparar hoje o caminho, as relações, a vida para a volta definitiva de Cristo ao mundo.
Agradecemos à Susana, da OASE de Rondônia, que nos presentou com a proposta de um passa dia diferente na OASE, escrevendo no roteiro, e nós aceitamos o desafio e como mulheres da OASE, mulheres da Igreja, testemunhamos a importância e o valor da festa, da partilha, da mensagem de vida digna e boa, tal qual Jesus Cristo nos disse que nos daria, vida em abundância, para sempre. Que possamos dar o devido valor à festa junina, festa de São João, cujo testemunho e ação a Palavra de Deus preserva e nos revela e que deve ser festejado e abraçado pela Igreja de Jesus Cristo, hoje e sempre: “Por tudo isso a festa de São João deve ser comemorada como uma ação de graças, como recomendam os escritos confessionais luteranos (Apologia 21.4), onde não deve faltar comida, fogo e dança, como também um culto festivo, no qual se agradece a Deus pelo testemunho corajoso de João Batista em favor do Reino. Afinal, se a festa de São João nasceu dentro da igreja, ela também deveria ser carregada pela própria igreja.”
“Oração: Todo-poderoso e eterno Deus, que enviaste o teu servo João Batista para preparar a chegada de teu Filho, concede a teu povo sabedoria para compreender tuas intenções, abertura para escutar tua vontade e coragem para denunciar todo tipo de abuso, para que também nós possamos preparar a volta de teu Filho e nosso Senhor Jesus Cristo, que contigo e com o Espírito Santo vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.”