Nos dias 13 a 15 de novembro de 2012, cento e uma ministras participaram do Encontro Nacional de Ministras Ordenadas da IECLB, em Curitiba/PR. Um dos principais objetivos do encontro foi celebrar os 30 anos de reconhecimento público de mulheres no ministério ordenado. O encontro foi uma oportunidade de reencontro e de debate em torno de temas que dizem respeito à Igreja e, de forma especial, às ministras. Temas como as celebrações dos 500 anos da Reforma Protestante, a presença de mulheres em cargos de liderança e política de gênero, estavam na pauta de discussão.
Queremos compartilhar o resultado dessa discussão.
Sobre as comemorações alusivas aos 500 anos da Reforma Protestante, as ministras presentes no encontro sugerem:
- Que, em observância à recomendação da Federação Luterana Mundial (FLM), que sugere a participação mínima de 40% de mulheres em todas as comissões e representações de suas Igrejas-membro, a Presidência da IECLB elabore um documento oficial, referendando o direito de participação e representação de mulheres ordenadas no planejamento e nos festejos dos 500 anos, garantindo, dessa forma, a equidade de gênero nas representações ecumênicas.
- Que se elaborem materiais sobre a participação de mulheres na Reforma Protestante, para subsidiar a reflexão e o estudo sobre o significado da Reforma para as mulheres hoje.
- Que se zele para que, nos diferentes materiais publicados na IECLB, a Reforma Luterana seja contemplada desde a perspectiva da mulher. A partir de um mapeamento da participação das mulheres nos conselhos editoriais dos materiais publicados é possível motivá-las para que garantam a inclusão do tema nas pautas.
- Que se elabore material com subsídios bíblico-teológicos sobre a ordenação de mulheres.
- Que se elabore um folder e um folheto evangelístico contendo fotos de ministras, dos diferentes ministérios da IECLB, com as vestes litúrgicas, contendo texto explicativo sobre a posição da IECLB em relação às mulheres no ministério.
- Que seja produzido um vídeo, a partir do evento dos 30 anos de ordenação de mulheres ao ministério, associado aos 500 anos da Reforma, com subsídios e imagens desse evento. Vídeo para a divulgação dos 500 anos da Reforma e a presença das mulheres nesse processo.
Detalhamento da proposta do vídeo: O vídeo ou filme a ser elaborado pode mostrar o caminho já feito nestes 30 anos, vinculando-o com as comemorações em torno dos 500 anos da Reforma. Na página 3 do texto trazido pela irmã Ruthild Brackemeier está escrito sobre Catarina Zell que, após ter sido criticada, fundamenta sua ação como pregadora durante o sepultamento do marido no envio recebido pelo próprio Senhor Jesus Cristo, que enviou Maria Madalena a testemunhar a ressurreição. Por isso o vídeo deve concluir que todas nós não defendemos a ordenação de mulheres para escandalizar “os mais pequeninos na fé”, mas em cumprimento à ordem dada por Jesus ressuscitado à Maria Madalena. Também se pode mencionar o que está escrito na página 50 do livro “Frauen der Reformationszeit” e o escrito por Lutero: O vinho é forte, o rei é mais forte, as mulheres são mais fortes, mas a verdade é mais forte ainda.
- Que as ministras ocupem diferentes espaços e publicações existentes na IECLB para o registro da história do trabalho das mulheres no ministério desta Igreja.
Quanto ao tema “Mulheres ocupando espaços de liderança na Igreja”, as conclusões do encontro são:
- Seguir com os Encontros de Ministras em âmbito sinodal, nacional e inter-sinodal, focando na formação e capacitação de ministras e mulheres líderes.
- Organizar um encontro nacional para 2015 (dois anos antes do auge das comemorações dos 500 anos da Reforma).
- Realizar uma oficina sobre Gênero na Convenção Nacional, que acontecerá no 2º semestre de 2013, que na plenária do encontro as pessoas que forem palestrar tenham em seu horizonte e em suas falas presente a dimensão de gênero.
- Assegurar que algum dos próximos “Temas do Ano” seja sobre Jesus e sua postura de igualdade em relação a homens e mulheres.
- Promover ainda mais a participação de mulheres em espaços de liderança na IECLB, através da capacitação de lideranças para exercer bem esse papel em cargos oficiais nos diferentes órgãos diretivos da Igreja.
- Aceitar a indicação para concorrer a cargos e ocupar de forma mais otimizada os espaços de representação em que já somos representantes, também os ecumênicos, como CONIC, CLAI, CESEP, já que os 500 anos de Reforma não é um evento apenas da Igreja Luterana. Por isso, deve-se buscar o máximo de envolvimento de outras denominações cristãs em torno dessas festividades e sua importância para o ministério e engajamento das mulheres.
Constatamos que sempre houve uma significativa participação de mulheres no serviço da igreja. É necessário ampliar, visibilizar e reconhecer a participação de mulheres em espaços estratégicos de poder e tomada de decisões sobre vários assuntos muito caros à vida das comunidades. Propomos a criação de um processo que viabilize a construção de uma Política de Gênero na IECLB que promova a justiça de gênero no todo da igreja. Sentimo-nos comprometidas a responder ao chamado de Jesus que nos convida a construir um mundo de justiça e reconciliação a toda a criação. Afirmamos que uma política de gênero é importante
- porque justiça de gênero é política eclesiástica e tem a responsabilidade de viabilizar espaços de comunhão justos, inclusivos e libertadores.
- porque a construção de justiça de gênero requer a participação de todas as pessoas;
- porque existe desigualdade nas relações humanas na igreja;
- porque precisamos de construções normativas que implementem equidade e orientem as relações para a justiça.
Curitiba, 15 de novembro de 2012.