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ID: 2674

Que a justiça prevaleça

Estudo Bíblico DMO 2012 - Lucas 18 18.1-18

02/03/2012

DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO 2012 - MALÁSIA

TEMA: QUE A JUSTIÇA PREVALEÇA
ESTUDO BÍBLICO 2

Texto: Lucas 18:1-18 - A parábola da viúva persistente e do juiz injusto

I. Introdução

Lucas, em seu Evangelho e em Atos dos Apóstolos, apresenta uma imagem da justiça de Deus, que foi pervertida e insultada. O mundo justo e pacífico que Deus criou foi corrompido pela ganância e injustiças humanas. Durante um período de ocupação, as pessoas em posição de autoridade civil e religiosa aproveitaram o poder político e a riqueza econômica para si próprias. Elas exploraram trabalhadores, agricultores e pobres, muitos dos quais eram mulheres. A tendência no Evangelho de Lucas é defender, restabelecer e assegurar a confiança das mulheres. Esta parábola é a terceira de uma trilogia de parábolas em que as mulheres são o personagem principal. Nelas uma mulher prepara a massa de pão (13:20-21) e procura uma moeda perdida (15:8-10). É também interessante observar que Lucas faz referências às viúvas com mais freqüência que os outros evangelhos o fazem.

II. Esboço da Parábola

Colocação (v.1): Esta parábola é uma exortação a oração com insistência e perseverança para aqueles que são tentados a desistir por causa da oração contestada. Enquanto que a parábola é estruturada como sendo sobre a oração, ela mesma descreve ação. É também importante não associar o juiz injusto com Deus.

O juiz (v.2): O juiz não temia a Deus e não respeitava as pessoas. De maneira ideal, juízes deveriam defender os pobres, os órfãos e as viúvas (Êxodo 22:22-24). Este juiz não é do tipo que se comove por compaixão.

O pedido da viúva (v.3): O segundo personagem da parábola é uma viúva determinada. O Antigo Testamento deixa claro que viúvas devem ser ajudadas. Lucas compartilha esta preocupação com o destino das viúvas (Lucas 2:37; 4:25-26; 7:12; 20:47; 21:2-4; Atos 6:1; 9:39,41). Esta viúva está provavelmente enfrentando alguma dificuldade com alguém, e assim apela para o juiz de novo e de novo para lhe fazer justiça.

A resposta do juiz (v.4-5): O juiz não responde ao apelo da viúva. Apesar disso, ela continua vindo. O juiz não pode mais ignorá-la. A persistência dela está gastando a sua resistência. Ele decide defender os direitos dela para que ela não o incomode mais.

Os comentários de Jesus (v.6-8): Jesus pede que os discípulos reflitam sobre a resposta do juiz. O juiz é chamado injusto por sua falta de compaixão em relação à mulher. Ele é um juiz “dessa era”. Um indivíduo insensível que responde aos repetidos apelos de alguém que ele não conhece ou não se importa. Quanto mais responderá um Deus justo aos seus filhos!

III.Análise

1.Os poderosos contra os fracos

Para muitos leitores o juiz injusto representa os sistemas poderosos da sociedade que discriminam, marginalizam e negligenciam os fracos. Freqüentemente nestes sistemas, as mulheres são feitas insignificantes, fracas, marginalizadas e ignoradas em silêncio. Mesmo quando as mulheres são idolatradas e glamourizadas, isso é apenas outra maneira de delimitar o processo de tomada de decisão e de fazer história. Casta, classe e gênero impõem cargas sobre elas que podem esmagar o corpo e o espírito. As mulheres são freqüentemente consideradas cidadãs de segunda classe; e como tal elas vivem uma vida precária política e economicamente.

Em muitas sociedades, as moças são negligenciadas, as esposas são espancadas e as mulheres são vítimas de violência e preconceitos. As viúvas enfrentam problemas adicionais. Na sua raiz, o termo “viúva” significa “uma pessoa sem”. Na igreja primitiva, a mulher cujo marido tinha morrido era deixada sem apoio financeiro. Na sociedade israelita, a viúva era objeto de caridade.

2. A situação crítica das viúvas

O Antigo Testamento deixa mandamentos específicos que as viúvas devem ser tratadas com bondade e respeito (Êxodo 22:22; Deuteronômio 14:28, 29; 24:19-21; 26:12, 13; Isaías 1:17; Jeremias 22:3; Zacarias 7:10) e o direito dos órfãos e das viúvas é defendido (Deuteronômio 10:18; Salmos 68:5, 146:9; Provérbios 15:25). Espera-se assistência às viúvas por parte das pessoas de Deus, especialmente juízes e líderes (Isaías 10:2; Jeremias 7:6). Os profetas de Deus falaram contra a opressão às viúvas (Malaquias 3:5). A trilogia das viúvas, órfãos e estrangeiros é uma descrição padrão daqueles que são vulneráveis.

Na antiga Israel, se um homem morresse sem filhos, nada da sua herança iria para a viúva. Ao invés disso, ela passava para os seus parentes homens do lado do seu pai ou para seus irmãos. As viúvas israelitas sem filhos retornavam para seus pais ou permaneciam como parte das famílias de seus maridos.

O termo “viúva” mantido em Lucas tem a denotação tradicional de devastação, pobreza e vulnerabilidade. As viúvas algumas vezes serviram de exemplos para os pobres justos que procuravam em Deus a sua redenção. Entretanto elas eram vítimas de exploração até mesmo pelos líderes religiosos (Marcos 12:40) embora eles fossem os representantes das pessoas indefesas e oprimidas.

Mas o interesse de Lucas nas viúvas não é apenas outra expressão de sua preocupação pelos pobres e marginalizados. Em Lucas as viúvas parecem formar um grupo especial e respeitado sempre retratado sob uma luz positiva. Elas transcendem o papel de vítimas e receptoras e agem de tal maneira que elas se tornam exemplos proeminentes de fé e piedade.

3. A compaixão de Jesus em relação às mulheres

As viúvas em especial obtiveram de nosso Salvador uma ajuda compassiva. Um exemplo típico da atitude de nosso Senhor em relação a estas mulheres marginalizadas foi o seu encontro com a procissão de um enterro fora da cidade de Naim. A mãe, alquebrada pela dor, estava enfrentando solidão e perda. Quando Jesus viu a procissão do enterro e ouviu a mãe soluçando, ele ficou tomado de compaixão. “Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse: - Não chore.” (Lucas 7:13). Ele não esperou por nenhum apelo. Ele agiu e restaurou a vida do filho dela.

No sermão de Jesus em Nazaré quando ele iniciou o seu ministério público, ele referiu-se a uma viúva em Sarepta como um objeto da graça salvadora de Deus. Aquela referência contestou o preconceito de sua audiência (Lucas 4:25,26). Ele também desafiou o papel tradicional da mulher na sociedade. Jesus falou para as mulheres assim como para os homens sobre Deus e o reino de justiça e de paz de Deus.

4. A justiça de Deus

A totalidade do mundo e de todas as mulheres e homens é o interesse abrangente de Jesus. Deus ama todas as mulheres e homens como um pai e cuida de todos como uma mãe. O coração de Deus vai ao encontro especialmente do pobre, do oprimido e das vítimas de discriminação social e religiosa. O reino de Deus significa plenitude de vida para todos em uma nova ordem social marcada pela justiça, liberdade, igualdade e paz. Deus inverte a nossa ordem injusta, destrona os poderosos e entroniza os humildes; há liberdade para os cativos, libertação para os oprimidos e esperança para os pobres. Considerando como um todo, Lucas 18:1-14 argumenta que o discípulo deve orar persistentemente pela vinda da justiça de Deus no reino. Sobrevive-se no mundo através da oração que reconhece que a justiça finalmente virá. No meio de perseguição e demora o discípulo, como a viúva, não deve parar de orar e agir por justiça. A estória dessa viúva e um juiz injusto ensinam a necessidade da oração fiel e ação persistente.

IV. A mulher na sociedade de hoje

No mundo: As mulheres constituem a maioria dos pobres, desempregados e econômica e socialmente desfavorecidos do mundo. A conclusão de uma década de pesquisa é que, com poucas exceções, o acesso relativo da mulher aos recursos econômicos, renda e emprego tem piorado, suas cargas de trabalho têm aumentado e sua saúde relativa e absoluta e seu status nutricional e educacional tem declinado. O problema da violência global tem uma dimensão adicional para as mulheres. O uso da força para resolver conflitos tem criado um grande número de refugiados, muito dos quais são mulheres. Abuso sexual e estupro são métodos padrões para aterrorizar prisioneiras e as populações civis nas áreas afetadas.

Asia: Em muitas sociedades asiáticas, as mulheres são dominadas, desumanizadas, discriminadas, exploradas, assediadas, traficadas sexualmente, molestadas e vistas como seres inferiores que precisam sempre se subordinar a assim chamada supremacia masculina. Por gerações as mulheres têm sido consideradas como seres inferiores aos homens. Mesmo hoje, em alguns países asiáticos os bebês meninos são preferidos as meninas. Os bebês meninas são abortados ou mortos ao nascer. As mulheres na Ásia sofrem opressão tripla: como cidadãs de países em desenvolvimento em um sistema econômico mundial injusto; como trabalhadoras, quer pagas ou não pagas; e pelo simples fato de serem mulheres. A opressão de mulheres que perpassa classe, credo, idade e profissão, é endêmica não apenas no mundo secular das atividades econômicas, relacionamentos de poder e realidades culturais; mas ela aparece também na estrutura das igrejas e religiões.

Malásia: Apesar do progresso que nós fizemos através do Movimento das Mulheres na Malásia, mulheres de todas as raças e classes ainda enfrentam dificuldades de discriminação e violência. Algumas formas de violência são: infanticídios, aborto, incesto, assédio sexual, estupro, violência doméstica, imagem negativa das mulheres na mídia, discriminação no local de trabalho etc.

V. Conclusão

Em nosso mundo diversificado de hoje, com seus abismos entre ricos e pobres, entre os poderosos e os impotentes, nós somos desafiados mais do que nunca a demonstrar em palavras e ações nossa fé em um Deus libertador que agirá com julgamento contra aqueles que exercem o poder injustamente. As mulheres hoje podem identificar-se com os fortes sentimentos dessa viúva que queria ver a justiça feita. A viúva argumentando o seu caso foi uma surpresa para os ouvintes de Jesus. Ela teve que sustentar sua insistência por justiça por um tempo muito longo. O juiz decide apenas fazê-la parar. A viúva nos encoraja a ser advogados que fortaleçam as vozes daqueles que não são ouvidos. Deus é identificado com a viúva que está fisicamente presente diante do juiz falando repetidamente por justiça a ser feita.

E assim Jesus conclui a parábola: “Então Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo que grita por socorro dia e noite? Será que Ele vai demorar a ajudá-lo? Eu afirmo a vocês que Ele julgará a favor de seu povo e fará isso bem depressa!” Estas palavras de Jesus são um estímulo certo para todos que lutam por justiça.

VI. Reflexão em grupo

1. Refletindo sobre o contexto de sua própria sociedade, pensem sobre os problemas relacionados com os seus sistemas econômicos e de trabalho. De que maneiras as estruturas e sistemas econômicos excluem e exploram as mulheres?
2. Qual é uma questão de paz/justiça que traz conflito social na sua comunidade? O que o seu grupo pode fazer para corrigir a injustiça latente primeiro localmente, depois regionalmente no seu país e nacionalmente? O que as mulheres preocupadas com a violência na sua área estão fazendo para eliminá-la?
3. Baseado na sua reflexão desse estudo bíblico, que mensagens das passagens bíblicas podem nos ajudar com as questões que vocês identificaram? Que papel especifico as mulheres podem assumir em face dessas questões?

Naomi Hamsa Albert
Igreja Evangélica Luterana da Malásia
 


Autor(a): Naomi Hamsa Albert
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres / Organismo: Dia Mundial de Oração - DMO
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 18 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 18
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo Bíblico
ID: 12734

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