De acordo com o calendário da Igreja, estamos vivendo a época de Quaresma. Quarenta dias úteis para refletir, analisar, converter pensamentos e condutas na preparação da grande festa da ressurreição, a Páscoa.
Dentro desta época temos dois momentos muito fortes dedicados às mulheres. Na primeira sexta-feira de março, o Dia Mundial de Oração das Mulheres e no dia 08 de março, o Dia Internacional da Mulher.
É muito salutar que estes dois dias estejam no marco de uma época de reflexão e conversão. A humanidade caminhou por muitos séculos numa direção de discriminação e exclusão das mulheres e do feminino. Quase todas as culturas criaram leis e comportamentos que colocaram as mulheres numa posição de submissão e de dependência. As estruturas de poder foram montadas por homens, dentro da lógica masculina, o chamado patriarcalismo.
Uma vez participei na Alemanha de uma reunião de mulheres que conseguiram galgar postos importantes na Igreja e na sociedade. Fiquei inquieto e decepcionado.
Elas só falavam da importância de galgar estes postos, da necessidade de mais mulheres alcançarem posições de mando e de poder nestas instâncias. Mas, ninguém falou que a forma patriarcal de poder criou a exploração de uns sobre outros e de todos (ou, quase todos) sobre a natureza, com resultados sabidamente desastrosos para toda a humanidade e para o planeta terra.
Em momento algum questionaram o fato de que este modelo de poder foi elaborado por homens ao longo da história, para beneficiar os homens e manter o poder do seu lado. Em momento algum manifestaram o desejo de criar novas formas de poder, formuladas por homens e mulheres que querem ver superadas a exploração e a exclusão.
Nós, aqui, vivemos outro contexto e outro momento. Talvez a época de Quaresma e a certeza da ressurreição possam nos inspirar e ajudar a superar todas as formas patriarcais de poder tanto na sociedade quanto na Igreja. E que caminhemos na direção indicada por Jesus Cristo conforme a primeira carta de João: “Se andamos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” ( 1, 7).
Pastor Carlos Musskopf
Paróquia do ABCD
Santo Andre/SP
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