OUTUBRO ROSA é o nome de uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Ela acontece com mais intensidade no mês de outubro e tem como símbolo o laço cor-de-rosa.
O movimento começou a surgir em Nova York em 1990 e gradualmente espalhou-se por muitas cidades em todo o mundo. Para sensibilizar a população as cidades passaram a enfeitar-se com os laços rosa, principalmente nos locais públicos, depois surgiram outras ações como caminhadas, corridas, desfiles de moda com sobreviventes (de câncer de mama). Posteriormente passou-se a iluminar de rosa monumentos, prédios públicos, pontes, teatros, etc. Essa tornou-se uma forma prática para que o Outubro Rosa tivesse uma expansão cada vez mais abrangente para a população e que pudesse ser replicada em qualquer lugar, bastando apenas adequar a iluminação já existente. Não obstante, o importante é focar esse assunto tão sério nos 12 meses do ano, já que a doença é implacável e se faz presente não só no mês de outubro.
CÂNCER DE MAMA
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos. Para o Brasil são esperados 66.280 novos casos de câncer de mama para cada ano do triênio 2020-2022. Tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele, o câncer de mama responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Especificamente no Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%. Sem considerar os tumores de pele, esse tipo de câncer é o mais frequente nas mulheres das Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Existe tratamento para câncer de mama, e o Ministério da Saúde oferece atendimento por meio do Sistema Único de Saúde, o SUS.
O QUE AUMENTA O RISCO
O câncer de mama não tem somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores de risco para a doença (cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos). Outros fatores que aumentam o risco da doença são:
- fatores ambientais e comportamentais: obesidade e sobrepeso após a menopausa; sedentarismo (não fazer exercícios); consumo de bebida alcoólica; exposição frequente a radiações ionizantes (raios-X);
- fatores da história reprodutiva e hormonal: primeira menstruação antes de 12 anos; não ter tido filhos; primeira gravidez após os 30 anos; não ter amamentado; parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos; uso de anti-concepcionais hormonais (estrogênio – progesterona); ter feito reposição hormonal após a menopausa, principalmente por mais de 5 anos.
- fatores genéticos e hereditários: história familiar de câncer de ovário; casos de câncer de mama na família, especialmente antes dos 50 anos; história familiar de câncer de mama em homens*; alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2. A mulher que possui um ou mais desses fatores genéticos/ hereditários é considerada com risco elevado para desenvolver câncer de mama.
* Homens também podem ter câncer de mama, mas somente 1% do total de casos é diagnosticado em homens.
Atenção: A presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher necessariamente terá a doença.
COMO PREVENIR
Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como:
- Praticar atividade física regularmente;
- Alimentar-se de forma saudável;
- Manter o peso corporal adequado;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
SINAIS E SINTOMAS
É importante que as mulheres observem suas mamas quando se sentirem confortáveis para isso, seja no banho, na troca de roupa, ou outra situação cotidiana, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.
Os principais sinais e sintomas do câncer de mama são:
- Caroço (nódulo) fixo, endurecido e, geralmente, indolor;
- Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
- Alterações no bico do peito (mamilo);
- Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço;
- Saída espontânea de líquido dos mamilos.
As mulheres devem procurar imediatamente um serviço para avaliação diagnóstica ao identificarem alterações persistentes nas mamas. No entanto, tais alterações podem não ser câncer de mama.
IMPORTÂNCIA DE SE FAZER A MAMOGRAFIA
Muitas mulheres reclamam da dor provocada pela mamografia ou até deixam de fazer o exame para evitar o incômodo. Atualmente, mais de 12 mil mulheres morrem por ano no Brasil em decorrência da doença, o que representa 2,5% das mortes femininas no país. A maioria morre por falta de informação, já que poderia ter diagnosticado precocemente o tumor com o exame de mamografia, aumentando assim as chances de cura, que para este tipo de câncer pode chegar a 95%. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores são as chances de cura. E sem sombra de dúvidas, a mamografia é o caminho melhor e mais seguro.
Para efetivar o atendimento e prevenir o câncer de mama as mulheres precisam desfazer mitos que as afastam da mamografia. Por exemplo, o medo de encarar um possível diagnóstico, a falsa ideia de que o exame é doloroso e até questões culturais, como vergonha do médico ou ciúmes do marido.
Um dos mitos em torno da realização do exame é que a compressão do tecido mamário pode causar a disseminação do câncer pelo corpo. Não existem estudos clínicos ou laboratoriais que comprovam isso. Outra questão falsa é sobre o risco do surgimento do câncer de mama a partir da exposição anual à radiação. Estudos já comprovaram ser desprezível esse impacto, principalmente com a evolução dos aparelhos de mamografia, que utilizam doses baixíssimas de radiação.
Comprovadamente, a mamografia ajuda a salvar vidas. Estudo publicado recentemente pelo British Journal of Cancer concluiu que com o exame é possível evitar 1.121 mortes a cada 100 mil mulheres, entre 50 a 74 anos, rastreadas.
No site https://www.accamargo.org.br/sobre-o-cancer/noticias/mitos-verdades-sobre-o-cancer-de-mama encontra-se uma série de esclarecimentos adicionais.
No site https://www.inca.gov.br/exposicoes/mulher-e-o-cancer-de-mama-no-brasil há uma interessante exposição que aborda aspectos históricos, médicos e culturais das mamas, com foco no câncer e nas ações para o seu controle no Brasil.
Dr. Werner Schlupp
Campinas, SP